O dólar hoje opera em baixa em meio ao bom humor externo após a desistência do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de concorrer à reeleição, e o corte de juros inesperado na China. Às 10h05 desta segunda-feira (22), a moeda à vista caía 0,41%, a R$ 5,5769.
Leia também
A moeda americana exibe ainda quedas ante moedas emergentes e ligadas a commodities pares do real. O Ibovespa futuro subia 0,46%, aos 128.490 pontos, após abertura positiva.
- Veja aqui como a moeda estadunidense abriu nesta segunda-feira
O que impacta o dólar hoje
Bolsas internacionais
Lá fora, as bolsas europeias e os índices futuros em Nova York sobem, enquanto os juros longos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) recuam, digerindo a notícia da retirada da candidatura de Biden às eleições de novembro nos Estados Unidos, assim como a redução de juros na China.
O banco central chinês (PBoC) inesperadamente reduziu suas principais taxas de juros em 10 pontos-base, uma semana depois de dados mostrarem que o Produto Interno Bruto (PIB) da China não apenas desacelerou, como avançou em ritmo bem mais fraco do que o esperado no segundo trimestre.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Ao longo da semana, investidores aguardam o PIB dos EUA do segundo trimestre e, principalmente, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), métrica de inflação preferida do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Confira aqui a agenda econômica da semana.
Saída de Biden da corrida eleitoral
No domingo (21), uma semana após o atentado de Donald Trump, Biden decidiu não concorrer a um segundo mandato na eleição presidencial dos EUA em novembro e anunciou apoio à vice-presidente Kamala Harris para ser sua substituta como candidata do Partido Democrata – veja aqui a repercussão no mercado. Se confirmada, Kamala Harris enfrentará o ex-presidente Donald Trump, que desponta como favorito nas pesquisas de opinião.
Analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Broadcast no último domingo concordam que a renúncia de Joe Biden à candidatura para a reeleição já estava em boa parte precificada nos mercados.
Mercado brasileiro
Após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar na última quinta-feira (18) o bloqueio de R$ 15 bilhões para cumprimento do arcabouço fiscal neste ano, o mercado aguarda detalhamento do contingenciamento, que pode ser parcial no relatório de receitas e despesas previsto para esta segunda-feira.
O detalhe do congelamento para cada um dos ministérios e órgãos federais só deve sair no dia 31, apurou o Broadcast. Até lá, o governo pode negociar a distribuição dos R$ 15 bilhões de corte entre os ministérios.
Nesta segunda-feira, é esperada a divulgação da evolução de gastos com BPC e seguro-desemprego, que vem aumentando; frustrações de receita; mudança de expectativa de receita (deve haver revisão para baixo), e como a desoneração entrará na conta este ano.
Publicidade
Técnicos do Legislativo avaliam que ao mirar o resultado primário no limite inferior do arcabouço fiscal, ou seja, em um déficit de até 28,8 bilhões, a equipe econômica “queima” o primeiro seguro autorizado pelo Congresso para a obtenção do centro da meta, estabelecida em déficit zero este ano.
Como mostrou o Broadcast, os R$ 3,8 bilhões do orçamento que serão contingenciados pelo governo serão suficientes apenas para colocar a projeção de resultado primário no limite inferior da meta fiscal.
Boletim Focus
Há pouco, o Banco Central (BC) atualizou as principais expectativas para os indicadores da economia pelo Boletim Focus.
Segundo o relatório, houve piora das expectativas de inflação: a mediana das estimativas para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 subiu de 4% para 4,05%, mas para 2025, segue em 3,90%. A projeção suavizada do IPCA 12 meses à frente sobe de 3,68% para 3,74%.
Economistas do mercado financeiro não mudaram as suas expectativas para a política fiscal após o governo ter anunciado o congelamento de R$ 15 bilhões em despesas este ano. A mediana do relatório Focus para o déficit primário de 2024 continuou em 0,70% do PIB, como já estava havia um mês. Mesmo considerando apenas as 27 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a projeção também se manteve em 0,70% do PIB.
Publicidade
O mercado manteve as projeções de Selic em 10,5% no fim de 2024 e 9,5% no fim de 2025. Já a mediana para o dólar no fim de 2024 subiu a R$ 5,30 e vai a R$ 5,23 em 2025.
O mercado vai acompanhar o dólar hoje de perto, após a mudança na corrida eleitoral da principal economia do mundo.