O dólar devolveu ganhos registrados mais cedo nesta terça-feira, com a fraqueza da divisa no exterior passando a pesar no mercado brasileiro, enquanto investidores digeriam dados de inflação domésticos mais elevados que o esperado.
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Às 10:49 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,39%, a 4,7887 reais na venda, e foi a 4,7816 reais na mínima da sessão, queda de 0,54%, depois de mais cedo ter chegado a subir 0,65%, a 4,8389 reais.
Na B3, às 10:49 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,58%, a 4,7980 reais.
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O arrefecimento da moeda norte-americana em relação aos maiores patamares do dia frente ao real estava em linha com a fraqueza do índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes, que caía 0,2% nesta manhã. Negociado em torno de 102,00 no dia, o índice se afastava cada vez mais de um pico em duas décadas de mais de 105,00 atingido em meados deste mês.
Várias divisas de países emergentes pares do real, como rand sul-africano, sol peruano e pesos mexicano, chileno e colombiano, avançavam nesta terça-feira, beneficiadas pela fraqueza do dólar.
Michelle Hwang, estrategista de câmbio e juros do BNP Paribas, disse à Reuters que, depois de ser impulsionado mais cedo neste ano pelo pessimismo em relação ao crescimento econômico global e pela perspectiva de um posicionamento mais agressivo do banco central dos Estados Unidos no combate à inflação, o dólar tem sido prejudicado nos últimos dias por sinalizações mais veementes do Banco Central Europeu (BCE) sobre o aperto de sua política monetária.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse na segunda-feira que os juros da zona do euro devem sair do território negativo atual até setembro deste ano, o que impulsionou o euro, ofuscou o apelo do dólar e deu espaço para a valorização de várias outras divisas globais, explicou Hwang.
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Custos de empréstimos mais altos em determinada economia tendem a favorecer sua moeda, já que tornam os retornos do mercado de renda fixa local mais atraentes.
Com isso em mente, a estrategista do BNP enxerga o patamar elevado da taxa Selic –atualmente em 12,75%, mas a caminho de prováveis novas altas, em meio à inflação ainda alta– como um “fator que nos faz ficar mais positivos em relação ao desempenho do real”.
Nesta terça-feira, dados do IBGE mostraram que o IPCA-15, considerado prévia da inflação brasileira, desacelerou a alta a 0,59% em maio, resultado bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,45%. Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos, disse que a leitura reforça expectativas de que o Banco Central continuará elevando os juros, como evidenciado pelo avanço das taxas dos principais DIs no dia.
Foi justamente o nível alto da Selic que ajudou a promover um rali do real nos primeiros três meses deste ano, período em que o dólar caiu 14,5% –seu pior trimestre desde meados de 2009.
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Mas, embora o cenário de juros altos no Brasil não tenha mudado, Hwang, do BNP, avaliou que há um fator que perdeu fôlego no mercado desde então e pode dificultar o retorno da moeda norte-americana às mínimas deste ano, de cerca de 4,60 reais, que é a entrada de investidores estrangeiros na bolsa brasileira.
Quando agentes financeiros entram em ações locais eles também precisam comprar o real, o que tende a elevar seu preço. O Ibovespa era negociado pouco abaixo dos 110 mil pontos nesta manhã, depois de ter chegado a superar os 121 mil nas máximas de 2022, atingidas no início de abril –mesmo período em que o dólar caiu aos menores níveis do ano.
O BNP espera que o dólar chegue ao final de dezembro negociado a 5 reais, valorização de mais de 4% em relação aos níveis atuais, prevendo aumento da volatilidade nos mercados quando as eleições presidenciais se aproximarem mais.
A moeda norte-americana spot fechou a última sessão em baixa de 1,31%, a 4,8075 reais –menor valor desde 22 de abril (4,8065 reais).
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