O dólar caiu pelo segundo pregão consecutivo e renovou a mínima de fechamento em cinco semanas nesta sexta-feira, com os vendedores mais uma vez pegando carona na melhora do sentimento externo pela percepção de que os juros nos EUA não devem subir tão rapidamente quanto o temido.
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Com isso, o dólar emendou a terceira semana consecutiva de baixa, mais longa série do tipo desde o começo de abril. O real teve no acumulado dos últimos cinco dias o melhor desempenho dentre alguns de seus principais pares emergentes.
Nesta sexta, o dólar spot caiu 0,49%, a 4,7384 reais na venda, menor valor desde 20 de abril (4,6186 reais). Durante os negócios, variou de 4,7823 reais (+0,43%) a 4,7155 reais (-0,97%).
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Na semana, a cotação recuou 2,73%, intensificando a queda em maio para 4,15%. Em 2022, a moeda norte-americana perde 14,98%, com o real de volta à liderança entre 33 pares do dólar no período.
De forma geral a semana foi de recuperação para mercados de risco em todo o mundo, o que beneficiou o real. A melhora foi patrocinada por entendimentos iniciais de que o Federal Reserve (banco central dos EUA) possa não precisar elevar tanto os juros, uma vez que a inflação pode já ter atingido seu pico e dados correntes começaram a revelar o impacto da restrição monetária já feita.
Sensível às perspectivas para os juros, o índice Nasdaq da Bolsa de Nova York saltou 3,3%, com Wall Street finalmente pondo fim à mais longa sequência de perdas semanais em anos.
E o dólar continuou seu ajuste para baixo frente a algumas moedas de risco. Ante divisas de países centrais, o dólar caiu 1,3% na semana, repetindo queda da semana anterior, e se afastou ainda mais de uma máxima em 20 anos alcançada semanas atrás.
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“Globalmente o dólar ainda tem espaço para ceder, o DXY (índice do dólar) ainda está valorizado. E com isso temos espaço para o real apreciar aqui também”, disse Fábio Guarda, sócio e gestor na Galapagos Capital. O DXY ainda sobe 6,3% em 2022.
Guarda enumera alguns pontos a favor e contra o real. Do lado negativo, ele cita o que chamou de “microajustes” na economia –medidas para segurar preços da gasolina ou via ICMS para baixar a inflação, por exemplo– e lembra o risco fiscal e a eleição presidencial de outubro.
No campo benigno, a guerra na Ucrânia deixou o Brasil mais em destaque para a comunidade financeira que investe em mercados emergentes e fugiu de ativos do leste europeu.
“Além disso, voltamos a exportar o melhor produto da nossa pauta de exportação: o juro alto. O BC muito provavelmente vai deixar a porta aberta para mais alta da Selic, e com esse juro elevado se mantendo por mais tempo não tem como, a gente vai atrair muito capital”, afirmou.
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O juro mais farto teria potencial ainda de fazer exportadores internalizarem receitas das vendas externas, movimento que segundo Guarda ocorreu em pequena escala nos últimos dois anos. Outra fonte de fluxos viria da venda de estatais, como a Eletrobras.
“Não fosse o estresse de maio, causado principalmente pelo externo, poderíamos ter visto a fronteira dos 4,60 reais, 4,50 reais rompida”, disse o gestor, chamando atenção para o patamar de 4,60 reais, que “ainda pode estar em jogo” até o fechamento do mês na B3.
“Tecnicamente o mercado está muito em aberto para a gente fechar o mês com o real continuando a se valorizar e entrar junho com essa tendência”, afirmou Guarda, que acredita no fortalecimento da taxa de câmbio até pelo menos meados do próximo trimestre, quando o tema eleição ocupará mais espaço nas discussões nas mesas de operação.
Faltando dois pregões para o encerramento de maio, o dólar cai 4,15% no acumulado do mês, mais do que anulando a alta de 3,79% de abril, que interrompeu uma série de cinco meses consecutivos de perdas. Qualquer declínio do dólar mais intenso que 3,79% representaria a maior baixa para maio desde 2009 (-10,26%).
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Na semana que vem, além dos números do PIB brasileiro do primeiro trimestre, as atenções estarão voltadas para o relatório mensal do mercado de trabalho norte-americano, que pode mexer com as expectativas para os rumos do aperto monetário em curso nos EUA.