Eletrobras (ELET3;ELET6) pode se tornar nova tese importante para dividendos. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O anúncio de dividendos de R$ 4 bilhões da Eletrobras (ELET3;ELET6) pode se tornar um daqueles eventos que os investidores se lembram por anos, na visão do BTG Pactual. Em relatório divulgado nesta segunda-feira (11), o banco destaca que a empresa está nos estágios iniciais para se transformar, futuramente, em uma grande geradora de caixa e pagadora de proventos.
No cenário-base da casa, com preço de energia livre a R$ 160 por Megawatt-hora (MWh), a companhia poderia repassar entre R$ 74 bilhões e R$ 85 bilhões em dividendos até 2030, o que representaria um retorno anual de 14% a 16% nos próximos cinco anos e meio.
O BTG não espera, no entanto, que o reconhecimento da Eletrobras como uma tese de dividendos seja precificado imediatamente. Segundo o banco, esse é um processo com altos e baixos, além de múltiplas variáveis a observar, como novos Acordos de Compra de Energia (PPAs), vendas de ativos, preços de energia e novas contingências. “Mas esse dia chegará”, pondera.
A expectativa é que aconteça algo semelhante com o que ocorreu com CPFL (CPFE3) e Copel (CPLE6), que também demoraram a ser vistas como opções interessantes para dividendos. A primeira ganhou destaque com anúncios de proventos realizados em agosto e dezembro de 2021, enquanto a segunda comunicou uma nova política de remuneração aos acionistas em maio deste ano.
“Esses eventos, juntamente com a preparação para eles, representaram mudanças significativas na percepção dos investidores. Tanto CPFL quanto Copel já pagavam dividendos atrativos antes desses acontecimentos, mas eles funcionaram como gatilhos para que os investidores percebessem que estavam equivocados quanto à visão que as empresas tinham sobre distribuição de capital”, destaca o BTG.
Santander também está otimista com a Eletrobras
Embora acredite que aumentar os dividendos seja agora uma decisão audaciosa – já que a Eletrobras deve alcançar uma alavancagem de 3,9 vezes em 2025 – o Santander acredita que isso acelerará naturalmente a reavaliação das ações. O banco mantém recomendação outperform (equivalente à compra) para ELET3 e ELET6, com preços-alvo de 45,26 e R$ 49,14, respectivamente.
Segundo o relatório divulgado pela casa nesta segunda-feira (11), a metodologia de alocação de capital implica em R$ 38 bilhões em dividendos até 2030, valor que poderia aumentar para R$ 51 bilhões, se as projeções mais otimistas para os preços da energia se concretizarem.
Para os pagamentos de curto prazo da Eletrobras, o Santander acredita que os preços futuros de energia para um ano tenham papel relevante. A próxima estação chuvosa, portanto, deve ter grande impacto na distribuição de dividendos. “Dito isso, os maiores riscos que poderiam efetivamente reduzir os dividendos na próxima década são os aumentos nos investimentos em reforços na transmissão”, opina.