

O Banco Central (BC) divulgou um boxe junto com o Relatório de Política Monetária (RPM) analisando as concessões do novo consignado privado, implementado a partir de março deste ano.
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O Banco Central (BC) divulgou um boxe junto com o Relatório de Política Monetária (RPM) analisando as concessões do novo consignado privado, implementado a partir de março deste ano.
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Segundo a autarquia, ainda é preciso mais tempo para avaliar o impacto dessas operações nas finanças dos tomadores, mas os resultados nos primeiros meses mostram, além do aumento das operações do crédito consignado privado, elevação no endividamento agregado em magnitude próxima à das concessões.
“O potencial de expansão dessa modalidade é significativo, considerando a ampliação do acesso à linha de crédito para milhões de trabalhadores. Contudo, as inferências sobre os impactos em consumo, endividamento e comprometimento de renda são imprecisas, devido às incertezas quanto aos volumes futuros de contratação, ao porcentual de troca de dívidas, aos prazos e às taxas de juros das novas operações”, afirma a autoridade monetária.
De acordo com o BC, o endividamento das pessoas que contrataram o novo consignado nesse primeiro momento aumentou, sugerindo papel limitado da substituição de dívidas existentes na média desse grupo. O saldo das operações de crédito com recursos livres ex-cartão à vista desse grupo subiu de R$18,4 bilhões em fevereiro para R$33,1 bilhões em julho, alta de 80%.
“Esse aumento no endividamento (R$14,7 bilhões) é inclusive superior ao montante concedido no novo consignado (R$13,6 bilhões), sugerindo que esses indivíduos tomaram crédito em outras modalidades além do consignado”, diz o boxe.
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Quanto ao pagamento dos empréstimos contratados, o BC diz que as operações de crédito do novo consignado registraram alguns atrasos a partir de junho. No entanto, pondera que, como apenas uma pequena parte do saldo com atraso de 1 a 15 dias em junho passou para a faixa de atraso de 31 a 45 dias em julho, há indícios de que o atraso estava provavelmente associado a alguma dificuldade nos procedimentos operacionais exigidos.
O BC destaca ainda que 3,0 milhões de pessoas tomaram crédito consignado privado entre março e julho, destes estima que 2,3 milhões o fizeram por meio da nova linha. As concessões atingiram R$21,9 bilhões no período, dos quais R$13,6 bilhões foram referentes ao novo consignado.
A autarquia pondera que, apesar do crescimento expressivo das concessões de crédito consignado a trabalhadores do setor privado, que giravam em torno de R$1,5 bilhão por mês antes de março, a representatividade da nova linha no total de concessões de crédito a pessoas físicas com recursos livres excluindo cartão à vista continua baixa (cerca de 5%), exercendo efeito limitado no comportamento do crédito bancário agregado.
O BC enfatiza que a média das taxas de juros do novo grupo ficou abaixo da média das taxas cobradas no crédito pessoal não consignado, porém acima da cobrada nas operações de crédito consignado com tomador empregado de empresa que anteriormente já possuía convênio com instituição financeira.
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A diferença observada entre os dois tipos de crédito consignado, para a autarquia, pode estar relacionada ao perfil do tomador do crédito, incluindo características da empresa em que ele trabalha. “Cruzando os CPFs dos tomadores de crédito com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), observa-se que o tomador médio do novo consignado, nesse período, trabalha em empresas de menor porte, tem menos tempo de vínculo com a empresa atual e recebe renda inferior à do tomador médio dos convênios”, diz o boxe.
Na conclusão, o BC diz que o estudo traz um retrato do ocorrido até o momento e não deve ser extrapolado e interpretado como previsão para os efeitos mais amplos do programa no longo prazo. Também pede cautela para interpretação dos resultados em termos de causa e efeito.
“Por um lado, a oferta de uma nova modalidade de crédito pode, de fato, levar a um maior endividamento, especialmente se essa alternativa for mais barata do que as anteriormente disponíveis. Nesse caso, conforme previsto por uma curva de demanda típica, a redução no custo do crédito tende a estimular um aumento na quantidade demandada”, diz.
“Por outro lado, também é possível que os indivíduos que contrataram o crédito consignado assim que ele se tornou disponível já estivessem buscando ampliar seu endividamento. Nesse cenário, o consignado teria apenas viabilizado esse movimento, possivelmente, de forma mais barata, gerando menor serviço de dívida, com efeito benéfico no orçamento das famílias”, conclui.
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Os dados apresentados ao longo do boxe são do Sistema de Informações de Créditos (SCR), do BC, e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
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