A geração bruta de energia da Eneva (ENEV3) ficou estável no terceiro trimestre de 2025 em comparação com igual período de 2024 e avançou 117% em relação ao trimestre anterior, destaca os Citi. Segundo o banco, a movimentação reflete a volta do despacho por mérito e das inflexibilidades contratuais, impulsionadas por preços spot mais altos.
Em relatório, os analistas João Pimentel e Felipe Lenza destacam que a térmica Parnaíba voltou a ser o principal motor, com taxa de despacho de 74%. Já usina Jaguatirica II, agora conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) depois da linha Manaus-Boa Vista, operou a 78% de despacho e plena disponibilidade. A geração destinada à exportação somou 101 GWh, ante 35 GWh no segundo trimestre, apesar de parte das importações de energia da Argentina ter sido restringida pela necessidade de térmicas no SIN.
O trimestre marcou o início antecipado dos contratos firmados no Leilão de Reserva de Capacidade de 2021. A termoelétrica Viana começou a operar em agosto, enquanto Parnaíba IV e Geramar I/II entraram em operação em outubro. Para o Citi, essa ativação precoce aumenta a visibilidade de receitas reguladas a partir do quarto trimestre de 2025 e reduz de forma relevante a exposição ao mercado livre. A disponibilidade média do portfólio ficou em 92%, limitada apenas pela parada de Parnaíba V para reparo de revestimento das pás da turbina, serviço previsto para terminar no início de 2026.
As térmicas a carvão Itaqui e Pecém II voltaram a despachar após meses ociosas e entregaram 397 GWh no período. Já Porto de Sergipe iniciou despacho limitado no fim de setembro.
Na área de exploração e produção, a Eneva manteve estabilidade, com 0,69 bilhão de metros cúbicos de gás produzidos, sendo 0,63 bilhão no Parnaíba e 0,06 bilhão no Amazonas. As reservas 2P totalizam 44,7 bilhões de metros cúbicos, leve queda ante dezembro de 2024, após o consumo registrado em nove meses. A venda de gás fora da rede continuou em expansão, gerando receita adicional.
Do lado renovável, a geração da usina solar Futura 1 caiu para 300 GWh, recuo de 16% em base anual. O Operador Nacional do Sistema (ONS) impôs níveis recordes de corte (curtailment) nas tardes do trimestre, reduzindo em 185 GWh a energia útil – no segundo trimestre o impacto fora de 68,6 GWh. Com disponibilidade de 98%, a empresa precisou comprar energia mais cara para cumprir contratos de autoprodução e sofreu com diferenças de preço entre submercados.
Para o Citi, o desempenho operacional robusto das térmicas, aliado ao início adiantado dos contratos de capacidade, reforça a previsibilidade do caixa da Eneva e mitiga riscos de mercado no horizonte próximo.
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O Citi tem recomendação de compra para as ações da Eneva (ENEV3). O preço-alvo é de R$ 16, o que representa um potencial de desvalorização de 3,1%, ante o último fechamento.