Planejar espera que dólar fique próximo de R$ 5,8 em 2025. Foto: Adobe Stock
Após um primeiro semestre de atividade mais aquecida, a economia brasileira deve entrar em um ciclo de maior moderação nos próximos meses. A avaliação é da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), entidade que representa mais de 10 mil planejadores financeiros certificados (CFP®) em todo o País.
Para o presidente do conselho de administração da entidade, Paulo Colaferro, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tende a continuar em trajetória de crescimento, porém em um ritmo mais contido. “O agronegócio segue sendo o principal vetor positivo, impulsionado por uma safra robusta e exportações ainda aquecidas, sobretudo para a China. Indústria e serviços devem avançar, mas de forma mais cautelosa, refletindo o impacto dos juros elevados e do crédito mais restrito”, afirma.
Puxado pela agropecuária, o PIB brasileiro cresceu 1,4% no primeiro trimestre deste ano na comparação com os últimos três meses de 2024. O número foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no fim de maio.
Selic em 15%
No campo monetário, a expectativa da Planejar é de que a Selic permaneça em patamar elevado ao longo do ano, encerrando 2025 próxima de 15%. “Esse nível de juros naturalmente limita tanto o consumo das famílias quanto os investimentos produtivos das empresas. Embora as projeções de inflação tenham apresentado uma leve melhora, o Índice Nacional de Preços ao Consumido Amplo (IPCA) ainda deve encerrar o ano em torno de 5,4%, acima do centro da meta perseguida pelo Banco Central, o que exige uma postura vigilante da política monetária”, explica Colaferro.
Na última quarta-feira (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros brasileira para o patamar de 15% ao ano, no maior nível nominal desde julho de 2006, no primeiro governo Lula. O comunicado da decisão antecipou uma pausa no ciclo de alta da Selic, caso o cenário esperado se confirme, para avaliar os impactos dos juros elevados.
O que esperar do dólar?
O câmbio é outro ponto de atenção no cenário econômico projetado pela Planejar. Com o ambiente internacional ainda marcado por incertezas – especialmente diante de mudanças nas políticas comerciais dos Estados Unidos e da volatilidade dos mercados globais –, as estimativas apontam para uma cotação próxima de R$ 5,80 no fechamento de 2025.
As projeções estão em linha com as dos principais bancos e corretoras, como mostramos nesta matéria. Se no começo de 2025 a expectativa era que a moeda terminasse dezembro acima de R$ 6, agora a maior parte das casas estima que a divisa se mantenha abaixo desse patamar.
“Resumidamente, o segundo semestre tende a ser de estabilidade, mas sem grandes saltos. O agronegócio continua como destaque positivo, enquanto os demais setores caminham de forma mais cuidadosa. O ambiente externo e o câmbio permanecem como variáveis que podem trazer surpresas, exigindo atenção redobrada”, destaca Colaferro.
Segundo a Planejar, o acompanhamento desses indicadores da economia brasileira é fundamental para a atuação dos profissionais de planejamento financeiro, que orientam famílias, empresários e investidores na organização de seus patrimônios e na tomada de decisões estratégicas diante de cenários econômicos dinâmicos.