O Dow Jones fechou em queda de 0,04%, aos 44.323,07 pontos. O S&P 500 avançou 0,14%, nos 6.305,60 pontos e o Nasdaq terminou o dia com ganho de 0,38%, aos 20.974,17 pontos.
A temporada de balanços dos EUA relativos ao segundo trimestre de 2025 demonstrou um bom desempenho até agora, avalia o Bank of America (BofA), em um relatório que analisa os resultados anunciados na primeira semana. Cerca de 59 empresas do S&P 500 já divulgaram seus balanços, com 73% delas superando o consenso de expectativas de lucro por ação no trimestre, acima dos 68% registrados no período entre janeiro e março. Até o momento, os resultados refletem crescimento de 5% em relação ao ano anterior e resiliência no comportamento dos consumidores americanos, estima o BofA.
A Verizon subiu 4,04%, depois que divulgou que teve lucro líquido de US$ 5,1 bilhões no segundo trimestre de 2025, 8,9% maior do que o ganho de US$ 4,7 bilhões apurado em igual período do ano passado. Em termos ajustados, a companhia de telecomunicações registrou lucro por ação de US$ 1,22 entre abril e junho, acima da projeção de analistas consultados pela FactSet, de US$ 1,19. A Cleveland-Cliffs, empresa de aço americana, subiu 12,45%, depois que relatou uma perda no segundo trimestre, mas a empresa espera ver um benefício maior do protecionismo no setor de aço, por conta das tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
O Rabobank espera que o Fed mantenha a meta para a taxa básica de juros inalterada em 4,25%-4,50% na reunião de 29 e 30 de julho, já que a maioria do Comitê aguarda mais clareza sobre a política comercial e o impacto das tarifas na economia. “O impacto esperado das tarifas está puxando o Fed em duas direções opostas. No geral, acreditamos que o Fed reagirá de forma lenta e modesta em 2025. Por enquanto, ainda esperamos apenas um corte na taxa de juros no restante do ano, provavelmente em setembro”, projeta.
Juros dos EUA caem, com eleições japonesas no radar
Os juros dos Treasuries (títulos públicos dos EUA) operaram em queda hoje, com uma agenda esvaziada e o período de silêncio do Fed. Além disso, investidores observaram a eleição no Japão, onde a coalizão governista do primeiro-ministro Shigeru Ishiba não conseguiu garantir maioria absoluta na câmara alta do Parlamento. A questão pode afetar as negociações tarifárias com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que segue em tratativas com outros parceiros comerciais.
Por volta das 17h (horário de Brasília), o juro da T-note de 2 anos caia a 3,860%. O rendimento da T-note de 10 anos recuava a 4,382%, enquanto o do T-Bond de 30 anos tinha queda a 4,949%.
Segundo o BMO Markets, os Treasuries se beneficiaram de uma tentativa de achatamento da curva, um movimento que encontrou apoio no risco de aprovação das eleições japonesas. “Embora a coalizão governista tenha claramente perdido, o primeiro-ministro prometeu permanecer. No geral, o resultado foi em grande parte o esperado, daí o rali de alívio nos Treasuries”, avalia.
“A ação do preço sugere que o mercado se antecipou ao tentar extrair um viés de baixa dos potenciais eventos em Tóquio. O mercado tem sido tendencioso a negociar narrativas de baixa com maior convicção do que aquelas de alta. Certamente somos simpáticos a essa distorção, dados os riscos reflacionários associados à guerra comercial de Trump e a realidade de que a inflação dos bens essenciais se acelerará nos próximos meses”, aponta. “O que permanece muito menos óbvio é como o repasse tarifário influencia o cálculo do Fed e a resposta dos investidores”, pondera.
“Na próxima semana, o Fed reiterará a atual postura de esperar para ver, sem alterações nas taxas e com uma coletiva de imprensa equilibrada. A primeira visão é mais certa do que a segunda, visto que sempre existe a possibilidade de o presidente adotar uma tática diferente ou de o mercado interpretar uma manchete específica de forma mais apurada do que o Fed pretendia”, avalia. “Estamos considerando as próximas duas rodadas de inflação (julho e agosto) como os principais insumos para a decisão do FOMC em 17 de setembro. A trajetória do mercado de trabalho e o ritmo do consumo são resilientes o suficiente para impedir que o mandato de emprego do Fed dite o resultado. Dito isso, estamos cientes de que essa dinâmica só se manterá até que o cenário trabalhista enfraqueça significativamente ou o ritmo dos gastos reais dite inesperadamente”, avalia o BMO Markets.
Dólar recua com incerteza sobre Fed e tarifas
O dólar operou em queda nesta segunda-feira em meio ao cenário de incerteza sobre as tarifas e a campanha da Casa Branca contra o o Fed. A moeda americana apresentava desvalorização robusta ante o iene após o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, afirmar que permanecerá no cargo apesar de seu partido ter perdido a maioria na eleição para a câmara alta do Parlamento japonês.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em baixa de 0,64%, a 97,853 pontos. Por volta das 16h50 (de Brasília), o euro se apreciava a US$ 1,1696 e a libra tinha alta a US$ 1,3488. A divisa americana também era pressionada contra boa parte das moedas emergentes, como o peso mexicano e argentino. O dólar cedia a 147,30 ienes, no mesmo horário.
A alta da moeda japonesa ocorre após o Partido Liberal Democrata, de Ishiba, e seu parceiro de coalizão perderem as eleições para a Câmara Alta pela primeira vez desde sua fundação, em 1955. Mesmo assim, ele disse estar determinado a continuar no cargo para enfrentar desafios como as ameaças tarifárias dos EUA. Ishiba é visto como um defensor da austeridade fiscal.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou hoje que as negociações comerciais estão avançando, mas ressaltou que a qualidade dos acordos é o mais importante. Ele ainda comentou que, por mais que tenha opinado sobre a possível demissão do presidente do Fed, Jerome Powell, para o presidente dos EUA, “no fim do dia, a decisão é de Trump”.
A eventual demissão de Powell lançaria dúvidas sobre a independência do BC americano e afetaria significativamente o dólar e os títulos do Tesouro americano, afirma o analista da FP Markets Aaron Hill.
Para a Capital Economics, o cenário básico continua sendo de que as tarifas manterão o Fed em espera até 2026 e que a mudança resultante nos diferenciais das taxas de juros impulsionará uma recuperação contínua do dólar nos próximos meses. Todavia, essa visão está “claramente à mercê dos caprichos da Casa Branca”, alerta a consultoria.
*Com informações da Dow Jones Newswires