

As bolsas de Nova York fecharam em forte queda nesta quinta-feira (6), em meio a aumento no sentimento de aversão ao risco diante de incertezas comerciais, com informações sobre a política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, e com o quadro geopolítico, com Ucrânia e Gaza no radar. A queda das empresas do setor de semicondutores também pesou em Wall Street. Investidores ainda seguem na expectativa de dados do mercado de trabalho americano (payroll), que serão divulgados amanhã. O dólar e o bitcoin também caíram, enquanto os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) operaram mistos.
O índice Dow Jones caiu 0,99%, a 42.579,08 pontos, o S&P 500 cedeu 1,78%, a 5.738,51 pontos, e o Nasdaq recuou 2,61%, aos 18.069,26 pontos.
O presidente americano anunciou hoje a decisão de adiar a aplicação de tarifas ao México e ao Canadá até 2 de abril, dentro do Acordo Estados Unidos, México, Canadá (USMCA). Trump também confirmou que a Ucrânia “quer um acordo” em relação ao fim da guerra no país. Mais cedo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou reunião com representantes americanos na Arábia Saudita na semana que vem.
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Mais cedo, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, disse que Trump quer crescimento e prosperidade. O representante disse que o mercado acionário explodirá. “Mas isso não será feito amanhã. O que as pessoas não entendem é que devem apostar em Donald Trump”, afirmou.
Com projeções aquém das expectativas do mercado e com temores sobre possível redução na demanda por soluções de inteligência artificial (IA), a Marvell Technology tombou 19,81%. Na esteira, Intel (-0,29%), Broadcom (-6,33%), Nvidia (-5,74%), Super Micro Computer (-4,76%) e Advanced Micro Devices (-2,77%) recuaram.
A AppLovin tombou 18,36% após ser acusada de violar leis de valores mobiliários. A Netflix também caiu 8,53%.
Já as montadoras General Motors (-2,64%), Ford (-0,41%) e Stellantis (-1,01%) cediam após dia de forte alta, em meio a adiamento das tarifas sobre automóveis nos EUA.
Juros dos EUA operam mistos
Os rendimentos dos Treasuries operavam com sinais diferentes, com leve alta na ponta longa, enquanto investidores digerem diversas informações sobre os rumos da política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump. Pela manhã, os juros dos títulos americanos reduziram perdas após a divulgação de dados de balança comercial e auxílio-desemprego americanos.
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Neste fim de tarde, o juro da T-note de 2 anos cedia a 3,969%, o rendimento de 10 anos subia a 4,292% e a taxa da T-bond de 30 anos subia a 4,589%.
O presidente americano anunciou hoje a decisão de adiar a aplicação de tarifas a alguns produtos ao México e ao Canadá até 2 de abril, dentro do Acordo Estados Unidos, México, Canadá (USMCA). Mais cedo, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, ainda havia afirmado que seu governo discutia a possibilidade de adiar uma segunda onda de tarifas retaliatórias contra os EUA.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que o governo Trump quer se concentrar no rendimento dos títulos de 10 anos e em como reduzi-los. Ele ainda citou que o republicano parou de pedir ao Fed para que a autoridade monetária corte as taxas de juros.
Presidente do Federal Reserve (Fed) da Filadélfia, Patrick Harker, afirmou hoje que a economia do país “está ok”, mas se vê preocupado com possível risco para a queda da pressão inflacionária, assim como o estado dos déficits governamentais. Segundo ele, diante de incertezas, o BC americano não quer agir rapidamente para as próximas reuniões que decidirão a política monetária do país.
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De acordo com o Departamento do Comércio americano, o déficit comercial do país cresceu 34% em janeiro, a US$ 131,38 bilhões. Analistas previam saldo negativo bem menor, de US$ 109,9 bilhões. O número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA recuou mais do que o previsto, a 221 mil.
Moedas Globais: dólar opera em queda
O dólar em queda ante outras moedas fortes, em dia de grande volatilidade, após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar pausa de um mês na aplicação de tarifas sobre alguns produtos importados do México e do Canadá, mas ainda manter a intenção de impor tarifas recíprocas, que deve ter início no mês que vem. Pela manhã, o euro se fortaleceu frente à moeda americana em meio à disposição da Alemanha em afrouxar seu controle fiscal a fim de intensificar os gastos com defesa. O dia foi marcado ainda pelo corte nas taxas de juros do Banco Central Europeu (BCE) e comentários cautelosos da presidente do BC, Christine Lagarde, sobre o impacto dos gastos para a dinâmica dos preços.
O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, fechou em queda de 0,23%, a 104,062 pontos, ganhando fôlego ao longo do dia, com a moeda americana recuando a 147,83 ienes, o euro perto da estabilidade, a US$ 1,0793, assim como a libra, a US$ 1,2884 neste fim de tarde.
O peso mexicano e o dólar canadense se fortaleceram após Trump confirmar o adiamento das tarifas sobre alguns produtos importados dos países. Neste fim de tarde, a moeda americana caía a 20,2978 pesos mexicanos e a 1,4310 dólares canadenses. Pela manhã, o BCE reduziu suas principais taxas de juros em 25 pb em meio a sinais de que a inflação na zona do euro segue relativamente sob controle. A instituição elevou suas projeções para a inflação e reduziu as previsões de crescimento econômico. A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que “a alta incerteza traz dificuldades para a zona do euro”.
O ING avalia que o dólar cedia nesta manhã também diante de uma menor importância dada por investidores ao protecionismo americano, considerando ainda força do euro após o anúncio fiscal alemão. A Capital Economics aponta que, apesar da perspectiva de tarifas mais altas dos EUA sobre importações da UE normalmente enfraquecer o euro ante o dólar, “estamos revisando para cima nossa projeção até o fim de 2025, de paridade para US$ 1,05/euro”. A lira turca também ganhou força ante o dólar logo após o BC da Turquia cortar a taxa básica de juros em 2,5 pontos porcentuais, a 42,5%.
Bitcoin opera em queda
O bitcoin operava em queda no fim da tarde de hoje, depois de apresentar certa volatilidade durante a sessão, com investidores ponderando novas informações sobre as políticas tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump, ao mesmo tempo em que aguardavam novidades sobre os planos para uma reserva estratégica de bitcoin, depois que o secretário do Comércio americano, Howard Lutnick, sinalizou um anúncio amanhã. David Sacks, czar de cripto de Trump, confirmou a realização, amanhã, de uma de uma reunião na Casa Branca com os principais nomes do setor.
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Por volta das 16h30 (de Brasília), o bitcoin recuava 1,88%, a US$ 88.177,75, enquanto o ethereum cedia 1,09%, a US$ 2.191,91, de acordo com a Binance. Segundo a analista da Ripio, Ana de Mattos, “há um alto volume comprador” de bitcoin hoje, o que pode levar o ativo a buscar as resistências de US$ 93 mil e US$ 98.300. Os suportes de curto e médio prazo estão em US$ 83.900 e US$ 75.900, respectivamente.
Traders repercutiram falas do CEO da Strategy, Michael Saylor. Uma “reserva estratégica de bitcoin posiciona os EUA como líder na corrida para dominar o ciberespaço”, escreveu no X. Também na rede social, Sacks afirmou que o governo americano já vendeu cerca de 195 mil bitcoins, gerando uma receita de US$ 366 milhões. “Se o governo tivesse mantido os bitcoins, valeriam mais de US$ 17 bilhões hoje. Esse é o custo para os contribuintes americanos por não ter uma estratégia de longo prazo”, publicou.
Para a Pepperstone, o contido apetite por risco em ativos como criptomoedas deve limitar qualquer movimentação com viés positivo para os ativos digitais hoje. Os desdobramentos da política tarifárias de Trump continua gerando incertezas no mercado e afastando os investidores de posições mais arriscadas.
Hoje, Trump confirmou o adiamento de tarifas sobre importações do México por um mês. Entretanto, a confirmação do início da imposição de tarifas recíprocas dos EUA em 2 de abril segue gerando preocupação.
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