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As bolsas de Nova York fecharam sem direção única nesta segunda-feira (24), com o Dow Jones com alta marginal, enquanto perdas de dois dígitos das ações da Palantir pavimentaram a baixa de mais de 1% do Nasdaq. A Nvidia também recuou, refletindo a cautela dos investidores antes do balanço na quarta-feira. O dólar também fechou misto, enquanto os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) e o bitcoin, por sua vez, recuaram.
O índice Dow Jones marcou alta de 0,08%, a 43.461,21 pontos. O S&P 500 cedeu 0,50%, a 5.983,25 pontos, enquanto o Nasdaq teve queda de 1,21%, a 19.286,92 pontos.
A Palantir Technologies recuou 10,5% e fechou em baixa pelo quarto dia consecutivo após relatos de que os EUA podem cortar gastos com defesa, o que pode afetar o balanço patrimonial da empresa de análise de dados.
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As ações da Nvidia perderam 3%. A Nvidia é a última das gigantes da tecnologia do bloco das “Sete Magníficas” a divulgar seu relatório trimestral nesta temporada.O analista do Morgan Stanley, Joe Moore, continua pensando que os fundamentos da empresa seguiram fortes, mais do que há 60 dias, pois ele viu melhora em vários níveis, sobretudo em relação à demanda do Hopper. Separadamente, o sinal da gestão da empresa sobre a “complexidade sem precedentes” dos sistemas Blackwell ainda é um fator, mas ele acredita que alguns grandes problemas foram resolvidos. Ainda que o analista espere um início de ano forte, as projeções da empresa devem ser conservadoras, refletindo os controles de exportação após o sucesso do DeepSeek.
As ações Classe A da Berkshire Hathaway ganharam 4% e as de classe B subiram 4,1%. Os lucros operacionais do veículo de investimentos de Warren Buffett aumentaram 71%,, de acordo com balanço divulgado no sábado.
A Starbucks fechou em alta de 1,3% após anunciar que vai demitir cerca de mil funcionários.
A Apple subiu 0,66%. A fabricante do iPhone anunciou que planeja gastar e investir mais de US$ 500 bilhões nos EUA nos próximos quatro anos. Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, já havia antecipado parcialmente o anúncio de investimentos pela empresa.
Juros dos EUA operam em queda
Os juros dos Treasuries operavam em queda nesta segunda-feira, à medida que o mercado aguardava uma série de dados econômicos importantes, incluindo o índice de inflação preferido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), o índice de preços dos gastos com consumo pessoal (PCE), na sexta-feira. Investidores seguem analisando sinais de desaceleração da economia americana e, em meio à incerteza econômica e política, buscaram ativos mais seguros, o que impulsionou a queda nos rendimentos, de acordo com analistas. O recuo das taxas foi intensificado mesmo após leilão de T-notes de 2 anos pelo Tesouro americano ter demanda abaixo da média.
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Neste fim de tarde, o retorno da T-note de 2 anos recuava a 4,171%, o rendimento de 10 anos tinha queda a 4,397% e o juro do T-bond de 30 anos caía a 4,653%.
Para a BMO Capital Markets, os dados econômicos divulgados hoje têm relevância limitada, com investidores aguardando os números previstos para o restante da semana. A instituição destaca que “a queda inesperada no sentimento empresarial na sexta-feira evidenciou a incerteza em torno do impacto da agenda de Trump na economia doméstica”, o que gerou maior cautela e pode ter impulsionado a demanda por Treasuries.
A BMO também comenta que o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou que o aumento nas expectativas de inflação de longo prazo “não foi ótimo, mas é apenas um mês de dados. São necessários pelo menos dois ou três meses para que isso tenha relevância”. Segundo a consultoria, a pesquisa da Universidade do Michigan mostrou viés partidário, com a maioria dos participantes democratas, o que leva a evitar “conclusões precipitadas” sobre o aumento das expectativas inflacionárias.
Os juros dos Treasuries ainda recuaram apesar do Departamento do Tesouro dos EUA ter leiloado hoje US$ 69 bilhões em T-notes de 2 anos, com yield de 4,169%, e demanda abaixo da média.
Moedas Globais: dólar fica sem direção única
O dólar ficou sem direção única frente a outras moedas fortes nesta sessão, influenciado por tensões geopolíticas e incertezas nas relações comerciais entre os EUA e a Europa. O euro operou praticamente estável ante o dólar, com investidores ainda avaliando o resultado das eleições parlamentares na Alemanha realizada ontem, que deu vitória à coalizão União Democrata Cristã (CDU) – União Social Cristã (CSU), mas revelou também um importante avanço do Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita, que dobrou sua representatividade em relação a 2021 e se tornou o segundo maior partido do país.
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O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, fechou perto da estabilidade, a 106,596 pontos. Perto das 17h50 (de Brasília), o dólar subia a 149,75 ienes. O euro operava perto da estabilidade e tinha leve avanço a US$ 1,0471, assim como a libra, que cedia ligeiramente a US$ 1,2629.
O MUFG destaca que as medidas protecionistas de Trump, incluindo a possibilidade de “tarifas disruptivas”, são um fator-chave para o desempenho futuro do dólar. A instituição avalia que, embora a incerteza comercial pressione a moeda no curto prazo, tarifas mais agressivas poderiam fortalecê-la no segundo trimestre.
A União Europeia está ampliando a lista de produtos dos EUA que terão tarifas retaliatórias caso Trump confirme tarifas sobre aço e alumínio, segundo a Bloomberg. A medida leva em conta o impacto nos EUA, fontes alternativas de suprimento e os efeitos nos estados-membros.
O Swissquote Bank ressalta que o agravamento das relações comerciais dos EUA, principalmente com a Europa, aumenta a incerteza no mercado. No entanto, o euro ganhou força após a eleição na Alemanha, segundo o ING, pressionando, o dólar, já afetado pelo protecionismo americano.
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Há pouco, Macron defendeu que a “paz não pode significar a rendição da Ucrânia”. Para o Eurasia Group, isso reflete temores europeus sobre segurança regional e sinaliza negociações delicadas entre EUA e Europa, o que impacta o dólar.
A Capital Economics reforça que os riscos de uma “fissura transatlântica” aumentaram, embora seja improvável um rompimento total. A consultoria também aponta que os europeus podem elevar gastos com segurança, indicando desconfiança no apoio americano.
Bitcoin cai
O bitcoin operava em queda no fim da tarde de segunda-feira, com investidores cautelosos após um ataque hacker à corretora Bybit, que resultou em um roubo bilionário em ethereum. A desvalorização da criptomoeda ocorreu mesmo após o anúncio da Strategy, antiga MicroStrategy, de uma compra significativa de mais de 20 mil bitcoins, o que geralmente impulsionaria a cotação.
Por volta das 16h30 (de Brasília), o bitcoin era negociado em queda de 1,49%, a US$ 94.408,16, segundo a Binance. Já o ethereum perdia 5,68%, a US$ 2.652,15.
Investidores se mostraram cautelosos após o ataque hacker à Bybit, uma das maiores plataformas de criptomoedas do mundo, na última sexta-feira. Em comunicado, a empresa informou que sofreu um roubo de US$ 1,4 bilhão em ethereum por, supostamente, um grupo hacker vinculado ao governo da Coreia do Norte, de acordo com auditoria feita pela TRM Labs, empresa que investiga crimes financeiros em criptomoedas. Apesar do golpe, a corretora afirmou, por meio de seus canais, ter capital suficiente para cobrir o prejuízo e garantir o pagamento de seus clientes.
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A queda no valor do bitcoin ainda ocorreu apesar da Strategy, antiga MicroStrategy, anunciar a aquisição de mais 20.356 bitcoins, a um custo aproximado de US$ 2 bilhões, segundo o perfil oficial da companhia no X. Com isso, a empresa revelou que agora possui 499.096 bitcoins, comprados por cerca de US$ 33,1 bilhões, o que corresponde a US$ 66.357 por unidade da moeda digital. A compra bitcoins por empresas geralmente tem efeito positivo sobre a cotação da criptomoeda, com aumento na demanda e pode ser interpretada como sinal de confiança no valor do ativo.
Ana de Mattos, analista técnica da Ripio, aponta que o bitcoin voltou ao “canal paralelo de baixa”. Ela observa um “alto volume no topo”, o que sugere continuidade da queda. Os suportes de médio e longo prazo estão em US$ 90.600 e US$ 87.500, enquanto as resistências de curto e médio prazo ficam em US$ 98.150 e US$ 102.200, caso haja reversão do movimento.