Segundo a Fitch, os ratings da Brava refletem sua escala limitada e sua eficiência operacional – que, embora modesta, vem apresentando melhoras -, juntamente com sua base de ativos bem diversificada, distribuída por diversas áreas no Brasil.
Expectativas para os resultados futuros da Brava Energia
A Fitch acredita que a empresa reduzirá seus índices de alavancagem já em 2025, após o aumento da produção no campo de petróleo de Atlanta, além de contar com a maior eficiência do campo de Papa-Terra e com o aumento da produção com menor intensidade de investimentos em campos terrestres. A agência também considera uma distribuição conservadora de dividendos.
“A Brava deverá manter forte posição de liquidez, com perfil de vencimento da dívida alongado, e gerar fluxos de caixa livre (FCFs) positivos no horizonte da projeção”, afirma a agência.
Para a Fitch, a produção da Brava deve atingir 90 mil barris de óleo equivalente por dia (kboe/d) em 2025 e aumentar para 120 kboe/d até 2029, permanecendo abaixo do limite de sensibilidade de elevação do rating, de 125 kboe/d.
As técnicas de recuperação terciária no campo onshore (em terra) de Potiguar e a campanha de perfuração offshore (no mar) serão os principais fundamentos para o crescimento da produção, assim como a maior eficiência do campo Papa-Terra.
As projeções consideram crescimento anual em torno de 8% para as operações onshore e de 5% para offshore no período entre 2025 e 2029. As reservas provadas (1P) da Brava (511 milhões de boe) já são condizentes com uma classificação ‘BB’.
A Fitch estima que a vida útil das reservas 1P deve permanecer acima de dez anos ao longo do horizonte de projeção, e a extração de gás deve representar menos de 10% da produção até 2028, frente a 21% em 2024.
O aumento da produção offshore, a redução dos investimentos nas operações onshore e a venda parcial dos ativos de gás midstream devem acelerar a redução da alavancagem da Brava, que foi pressionada pela volatilidade da produção offshore e pela desvalorização do real.
Segundo a Fitch, o índice de alavancagem líquida, de acordo com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), deve diminuir para 1,7 vez em 2025 e 2026, de 3,6 vezes em março de 2025. O índice dívida/reservas 1P deve se reduzir para US$ 5,5/boe em 2025-2026, de US$ 6,6/boe em março de 2025.
“Estes índices incorporam à dívida derivativos e contas a pagar referentes a fusões e aquisições e excluem garantias em caixa”, escreve a Fitch, acrescentando que a alavancagem líquida pode diminuir ainda mais (0,2 vez) se a Brava antecipar integralmente os recebíveis de R$ 2,4 bilhões com a venda dos ativos.
Perfil de custo e investimentos
Outro fundamento para os ratings é a melhora no perfil de custos. O aumento da produção, segundo a Fitch deve reduzir os custos de extração (lifting costs) para US$ 18/boe em 2025, sendo que no primeiro trimestre foi de US$ 20/boe, e estes custos devem diminuir gradualmente para US$ 13/boe até 2029.
Segundo a Fitch, os custos de extração offshore devem permanecer acima dos custos referentes a ativos onshore até 2028, com a média de US$ 18/boe para offshore e US$ 16/boe para onshore no período de 2025 a 2027.
O campo de Atlanta será o ativo mais eficiente, com Ebitda próximo a US$ 50/boe no mesmo período, enquanto Papa-Terra continuará sendo o menos eficiente, com Ebitda próximo a US$ 25/boe.
Para todo o portfólio, a Fitch projeta a média de US$ 38/boe no período, acima dos US$ 26/boe em 2024, com custos de meio-ciclo permanecendo acima de US$ 20/boe.
De acordo com a Fitch, o fluxo de caixa das operações (CFO) da Brava deve superar os investimentos, especialmente a partir de 2027, quando o primeiro aumentará e este último diminuirá.
O Ebitda deve se elevar para cerca de R$ 6,7 bilhões em 2025 e 2026 e R$ 8,4 bilhões em 2027 e 2028, frente a R$ 2,9 bilhões em 2024. Cerca de 60% do ebitda devem ser convertidos em CFO, considerando eficiências no pagamento de impostos e créditos tributários a serem monetizados.
Os investimentos devem ficar em torno de R$ 3,4 bilhões em 2025 e 2026 e abaixo de R$ 2,5 bilhões em 2027 e 2028, mais concentrados nas operações offshore, espera a Ficth. “O FCF [fluxo de caixa livre] deve se tornar consistentemente positivo a partir de 2027, assumindo pagamento de dividendos equivalente a 25%. Um pagamento maior exigiria que a alavancagem líquida ficasse abaixo de 1,5 vez em 2026″, afirmou a agência em relatório.
Já em um cenário de forte queda de preços, a Fitch acredita que a Brava poderia reduzir ainda mais os investimentos, especialmente nas operações onshore, onde o afretamento de navios (chartering) é mais flexível.
“Apesar do impacto nos custos de produção e extração, o CFO seria suficiente para cobrir os investimentos ajustados de acordo com os preços do [petróleo] Brent acima de US$ 55/barril em 2025 e acima de US$ 30/barril em 2026 e 2028”, escreve a agência, acrescentando que atualmente a Brava Energia não exporta para os Estados Unidos, portanto, não está exposta a potenciais aumentos tarifários.