A Marfrig (MRFG3) vai incorporar a totalidade das ações da BRF (BRFS3), em uma operação que poderá consolidar uma das maiores companhias globais do setor de alimentos. (Foto: Adobe Stock)
A Marfrig (MRFG3) e a BRF (BRFS3) comunicaram ao mercado, na quinta-feira (15), a combinação de negócios para resultar na MBRF Global Foods Company. A operação, além de criar uma gigante global de alimentos, gera uma oportunidade de ganhos aos acionistas. Isso porque, junto à fusão, foram anunciados R$ 6 bilhões em proventos e até 38% em prêmio.
O acordo prevê a incorporação da totalidade das ações da BRF pela Marfrig, em uma operação que poderá consolidar uma das maiores companhias globais do setor de alimentos, com forte atuação em proteínas. Com a transação, a BRF passará a ser uma subsidiária integral da Marfrig, que continuará listada no Novo Mercado da B3.
Serão distribuídos até R$ 3,5 bilhões por parte da BRF e R$ 2,5 bilhões pela Marfrig em proventos extraordinários. Esses valores, segundo executivos das companhias, estão dentro da lógica de valorização usada para definir a relação de troca – estabelecida em 0,8521 ação da BRF para cada ação da Marfrig – com base na metodologia conhecida no mercado como soma das partes. A proposta será votada nas assembleias gerais extraordinárias das duas companhias, convocadas para 18 de junho.
Além disso, a operação prevê que os acionistas da Marfrig receberão um prêmio de cerca de 38% sobre os preços atuais dos papéis, enquanto os da BRF terão um ganho de 15% a 20%.
Como ter direito aos proventos da fusão Marfrig-BRF
Acionistas que não desejarem integrar a nova companhia originada da fusão terão 30 dias para exercer o direito de recesso, contando a partir da divulgação da ata da Assembleia, que será realizada em 18 de junho, caso aprovada a fusão entre as companhias. Apenas aqueles que permanecerem farão jus aos dividendose proventos previstos na reestruturação.
Os acionistas da BRF poderão optar por um reembolso de R$ 9,43 por ação (com base no patrimônio líquido) ou R$ 19,89 por ação (segundo laudo previsto no artigo 264 da Lei das S.A.). No caso da Marfrig, o valor é de R$ 3,32 por ação.
A distribuição dos proventos da BRF e Marfrig será deliberada após o pagamento do exercício do direito de retirada por eventuais acionistas dissidentes.
Benefícios da incorporação
Na visão das companhias, a incorporação permitirá a “simplificação e a otimização da estrutura administrativa e societária”, visto que se espera eliminar custos redundantes e facilitar acesso a capital. Veja aqui a análise do mercado sobre o negócio.
As potenciais sinergias apontadas foram: aumento de receitas e redução de custos em R$ 485 milhões ao ano, diante de aceleração de oportunidades de venda cruzada e sinergia na cadeia de suprimentos; redução de despesas de R$ 320 milhões por ano por meio da consolidação de um sistema operacional único; e otimização fiscal em R$ 3 bilhões no valor presente líquido. Os custos totais da incorporação devem somar R$ 24 milhões.
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“Não há certeza, no entanto, de que tal redução de custos e otimização de processos serão bem-sucedidas. Se tais objetivos não forem atingidos com sucesso, os benefícios esperados com a incorporação de ações podem não ocorrer integralmente ou podem demorar mais tempo do que o esperado para serem verificados”, consta no documento.
Condições para a incorporação
A materialização da fusão depende de aprovação dos termos em assembleia geral extraordinária por ambas as companhias. Segundo o comunicado, a Marfrig (MRFG3) marcou para 18 de junho uma assembleia, mesma data da convocada pela BRF (BRFS3); ambas deliberarão sobre a incorporação das ações. Além disso, o documento aponta como condição a não ocorrência de guerras e conflitos armados que impactem a capacidade operacional de alguma das empresas.
*Com informações de Vinícius Novais e Leandro Silveira, do Broadcast