

Os gestores de fundos multimercados macro estão mais otimistas com a B3, a Bolsa de valores brasileira, mesmo que com uma alta marginal nas posições compradas, de 33% para 37% dos 30 gestores consultados em pesquisa realizada pela XP entre os dias 7 e 14 de março apostando na alta da classe. Por outro lado, houve “redução significativa” no otimismo, com uma redução de 60% para 43% no posicionamento comprado e aumento no posicionamento neutro (+13 pontos porcentuais).
O relatório – assinado pelos analistas Clara Sodré, Luiz Felippo e José Pini – também aponta que, na Bolsa doméstica, cerca de 7% dos gestores têm posição vendida (que aposta na baixa) e 57% têm posicionamento neutro (+10pp). No resto do mundo, a pesquisa mostra que houve aumento nas posições compradas (+10%) e redução no posicionamento neutro, com 73% dos gestores indicando uma abordagem mais cautelosa, ante 83% da última pesquisa.
“Neste mês de março, os gestores apresentaram redução de risco no mercado global, com manutenção de risco do mercado local, um potencial reflexo das incertezas que esses gestores estão vendo no mercado global, ante a redução da volatilidade dos ativos locais”, descrevem os analistas da XP. Nota-se uma redução na perspectiva negativa para a economia doméstica, com 73% dos gestores se mostrando cautelosos (visão negativa) agora, ante 83% na pesquisa anterior. Para a economia global, aumentou a perspectiva neutra, de 37% para 60%.
De olho na Selic
A pesquisa “Pré-Copom” da XP mostra ser consenso entre os gestores a expectativa por uma alta de 1 ponto porcentual da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta quarta-feira (19). Para eles, a taxa básica de juros deve sair de 13,25% para 14,25%. Por outro lado, houve revisão em relação às expectativas de juros para o final de 2025, sendo a média esperada pelos gestores atualmente de 15%, ante os 15,25% observados na pesquisa realizada em janeiro. A projeção de 15% está em linha com o boletim Focus.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Já a expectativa dos gestores referente à inflação (IPCA) para o final de 2025 é de 5,75%, levemente acima dos 5,71% verificados em janeiro e dos 5,66% do boletim Focus do dia 17 de março. “Em nossa visão, as projeções do mercado estão convergindo para a precificação dos gestores, que projetam revisões altistas para a inflação brasileira como um reflexo do cenário macro desafiador e de altas pressões cambiais”, afirmam os analistas.
Por outro lado, quanto às projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano, a XP identificou uma revisão por parte dos gestores, de um PIB de 2,06% para um de 1,95% no final de 2025, enquanto o boletim Focus projeta 1,99%, conforme dado desta semana.
Diante dessas expectativas, os gestores aumentaram as posições aplicadas (que apostam na baixa) tanto em juro real (+30pp) quanto em juro nominal (+10pp). “O movimento chama atenção pelo aumento de gestores que começam a enxergar uma possibilidade de mudança de ciclo de juros no Brasil”, destaca o relatório da XP. Além disso, a pesquisa também identificou um aumento (+17pp) no posicionamento aplicado em juros de países do G10, enquanto houve aumento do posicionamento tomado (que aposta na alta) e neutro (+7pp e +3pp, respectivamente) em juros de países emergentes.
Otimismo com dólar, pessimismo com real
A pesquisa observou uma continuidade na “tendência mais otimista” em relação ao dólar e ao iene. No entanto, houve uma redução no posicionamento comprado em dólar, de 87% para 70% das gestoras com posição comprada, e aumento de 13% para 30% em posição vendida. “Em nossa visão, o movimento tem relação com a reprecificação da moeda americana acompanhada nesse início de 2025, porém o posicionamento atual segue apontando que os gestores seguem otimistas em relação à moeda americana”, afirmam os analistas.
Já em relação a outras moedas, a XP notou uma “inclinação mais pessimista”, com uma predominância de posições vendidas. Houve aumento de posições vendidas no real, de 67% para 75%. “Isso sugere a continuidade de uma perspectiva de desvalorização ou fraqueza do real no curto a médio prazo. Gestores seguem com receios em relação a situação fiscal, em um cenário de uma inflação que segue pressionada, tendo como adicional um macro global com incertezas crescentes”, dizem analistas em relatório sobre a bolsa brasileira.
Publicidade