

A Gol (GOLL4) adiou em um mês o cronograma para captar os US$ 1,9 bilhão que permitirão a sua saída do Chapter 11, o processo de recuperação da empresa nos Estados Unidos. A mudança foi motivada pela volatilidade dos mercados, principalmente após o “tarifaço” americano, segundo o CEO da companhia, Celso Ferrer. Contudo, o executivo reforça a previsão de que a aérea deve finalizar o processo até meados de 2025, enquanto a fusão com a Azul (AZUL4) é encabeçada pelo Grupo Abra, holding controlado da Gol e da Avianca.
“O Chapter 11 não tem um calendário rígido e fixo, mas continuamos mirando o encerramento em junho se tudo der certo”, disse o executivo. Mesmo representando um atraso em relação à previsão inicial, que era de encerramento em abril, Ferrer avalia que ainda seria “bem acelerado em comparação a outras recuperações judiciais”.
Ferrer apresentou a projeção durante o Conexão Gol, evento para jornalistas promovido no centro de manutenção Aerotech, localizado próximo ao Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte (MG).
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A audiência de confirmação do plano de reestruturação financeira da Gol está marcada para 20 de maio. Na ocasião, o juiz da corte de falências de Nova York – onde o processo corre – vai dizer se concorda ou não com a proposta da companhia aérea para sair do Chapter 11. Anteriormente, a audiência estava prevista para abril.
A Gol entrou com o processo de Chapter 11 em janeiro de 2024. Desde então, negociou com credores, lessores (arrendadores de aeronaves) e agora caminha para a fase final: o financiamento de saída. Na terça-feira (15), a companhia informou que adiou de 19 de abril para 15 de maio o prazo para a submissão de propostas vinculativas para participar do financiamento de saída.
No comunicado ao mercado, a empresa afirma que a medida visa permitir que “os mercados de capitais absorvam as implicações das tarifas de Trump“, o tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Financiamento de saída da Gol
Ferrer explica que a alteração ocorreu após o fechamento da janela de mercado para operações diversas, independente da recuperação. Mas, caso a empresa perceba uma oportunidade, pode, inclusive, antecipar a etapa de subscrição. “É difícil precisar uma nova data, mas estamos com tudo pronto para fazer o bookbuilding (etapa da oferta pública inicial, IPO, de ações em que investidores indicam quantos papéis desejam comprar e a que preço) assim que a situação melhorar e uma janela de mercado se abrir novamente”, complementa.
O CEO da Gol relata que a conversa com investidores sobre o financiamento, que vem ocorrendo desde outubro de 2025, perdeu fôlego diante rali do dólar no final do ano passado. Em janeiro, a empresa retomou as negociações “com força total”, mas nos últimos meses as tratativas foram impactadas novamente pelo cenário geopolítico.
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Do US$ 1,9 bilhão de financiamento, a Gol têm US$ 1,25 bilhão comprometidos pelas gestoras Castlelake e Elliot, que atuarão como âncoras. O valor só será confirmado após a captação do montante total, segundo Ferrer. Ainda assim, o executivo considera que ter boa parte do montante já compromissada encoraja outros investidores a participarem da operação.
Fusão com a Azul
Quando o assunto foi a potencial combinação de negócios entre Gol e Azul, o foco do CEO continuou na reestruturação financeira. “Não há possibilidade de mexer na fusão enquanto o Chapter 11 não for encerrado”, reforçou o executivo. Ferrer disse ainda que as negociações têm sido encabeçadas pelo grupo controlador da Gol, o Abra. “Estamos bem passivos nesse processo. Deixamos claro que a prioridade é a reestruturação”, disse.
O CEO acrescentou que, independente do resultado das conversas entre as duas companhias, a Gol (GOLL4) possui um plano para ser sustentável por vias próprias. “Só vamos caminhar nessa direção [da fusão] se for uma alternativa melhor do que o nosso plano, que já é bom”, afirmou.