(Estadão Conteúdo) – Ex-presidente do Banco Central (BC), Gustavo Loyola considera “temerário” o compromisso, assumido atualmente pela autarquia que dirigiu na década de 1990, de manter alguma margem de estímulo monetário até o fim do ciclo de elevação da taxa básica de juros (Selic).
Para Loyola, que é sócio da consultoria Tendências, o BC deve dar sinalizações ao mercado, porém sem correr o risco, maior diante da situação de “incerteza absoluta”, de limitar passos futuros e de ter que recuar em compromissos assumidos.
“Chamou a atenção no último comunicado do Copom a ideia que o BC ventilou de ajuste parcial, dando a entender que fim de ciclo se dará antes da taxa de juros de equilíbrio,. Ou seja, o BC ainda pretenderia deixar algum grau de estimulo monetário no fim do ciclo. A afirmativa é temerária em situação de incerteza absoluta”, comentou Loyola durante participação em programa transmitido pela Genial Investimentos.
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O ex-presidente do BC também fez comentários sobre a recuperação do real frente ao dólar, após a cotação da moeda americana encostar em R$ 5,80, o que, segundo ele, reflete uma menor “pilha” do mercado em relação à deterioração das contas públicas. O aumento da Selic, acrescentou, também tem influência no câmbio.
“Assentou a poeira no fiscal. Parece que reduziu a pilha do mercado de descontrole maior nas contas públicas no curto prazo. Os juros acabam de alguma forma também influenciando câmbio no curto prazo”, assinalou Loyola, acrescentando que, se não houver novas surpresas na política, em especial relacionadas à gestão da pandemia, ou do lado fiscal, a tendência é o dólar se estabilizar na faixa de R$ 5,10 e R$ 5,20. “Não espero cair para abaixo de 5 reais”, disse Loyola.