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Ibovespa acompanha NY após ata do Fed e sobe 0,43%, a 98,7 mil pontos

Na ponta positiva do Ibovespa, como ontem, o destaque ficou com as ações de varejo Via e Americanas

Ibovespa acompanha NY após ata do Fed e sobe 0,43%, a 98,7 mil pontos
Consultoria Alvarez & Marsal é especializada em reestruturação de empresas problemáticas. Foto: Werther Santana/Estadão

Por Luís Eduardo Leal – Em dia de apreciação global do dólar, que o colocou desde cedo mais perto do limiar de R$ 5,50, a R$ 5,4624 na máxima da sessão, o Ibovespa manteve o sinal negativo, abaixo dos 98 mil pontos, até a aguardada divulgação, no meio da tarde, da ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve. Aí, apesar da indecisão vista em primeiro momento, o jogo virou, com o Ibovespa se alinhando ao avanço, ainda que leve, em Nova York. Ao fim, o índice da B3 mostrava alta de 0,43%, aos 98.718,98 pontos, vindo de perdas moderadas, em torno de 0,3%, nas duas sessões anteriores.

A porta deixada aberta pelo Fed para novo aumento de até 0,75 ponto nos juros de referência dos EUA na próxima reunião do comitê monetário, o Fomc, a princípio chegou a melindrar os mercados, mas a ata acabou deixando impressão favorável, com a avaliação de que o consumo se manteve forte no segundo trimestre, movendo o PIB americano para cima no intervalo. Ainda assim, a referência da B3 permanece nessas últimas seis sessões abaixo dos 100 mil pontos, mesmo se forem consideradas as máximas intradiárias em cinco delas – no melhor momento de hoje, atingiu os 99.141,21 pontos, saindo de mínima a 97.423,43 e de abertura aos 98.293,68 pontos.

Desde o último 15 de junho, então aos 102,8 mil pontos, o índice só conseguiu fechar nos seis dígitos nos dias 27 (100,7 mil) e 28 (100,5 mil). A cautela tem se refletido também na redução do giro financeiro: nesta quarta-feira, foi de apenas R$ 22,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 0,24%, mas vira para o positivo no mês (+0,18%), ainda recuando 5,82% no ano. Hoje, o índice foi favorecido pelo desempenho de Vale (ON +0,94%) e de parte da siderurgia, com destaque para Gerdau PN (+2,07%) e Gerdau Metalúrgica (+1,94%), em dia ruim para Petrobras (ON -1,51%, PN -1,28%) e bancos (Itaú PN -0,92%, Santander -1,01%, BB ON -0,64%).

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Na ponta positiva do Ibovespa, como ontem, o destaque ficou com as ações de varejo (Via +13,24%, Americanas ON +11,77%), setor ainda muito amassado no ano. No lado oposto do dia, Azul (-5,67%), 3R Petroleum (-5,60%) e Gol (-4,81%).

Após a publicação da ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve, a ferramenta de monitoramento do CME Group mostrava, hoje à tarde, 90,3% de chance de elevação de 75 pontos-base nos juros dos Estados Unidos, na decisão a ser anunciada em 27 de julho.

“Não muito diferente do que se imaginava: para a próxima reunião entre 50 e 75 pontos-base (de alta nos juros). E entre dois e três aumentos, com o mercado precificando três. A mensagem é: inflação muito alta, e a maior preocupação é controlar a inflação. A grande tônica para o Fed no momento é tentar matar essa inflação antes que uma recessão chegue”, observa em nota Andrey Nousi, CFA da Nousi Finance. “Foi mais do mesmo: o risco de a atividade desacelerar com o aumento de juros e, obviamente, se a inflação não desacelerar, o BC americano vai precisar subir mais as taxas. A guerra (no Leste Europeu) ainda pode mudar muito o aperto dos juros americanos, pela pressão nas commodities”, aponta Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos.

“Mais provável que os juros de referência americanos fechem o ano praticamente a 3%. Pela leitura da ata, eles preferem acelerar, mesmo que depois tenham que cortar (em 2023), do que subir devagarzinho”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, observando que o yield dos títulos de 2 anos dos Estados Unidos bateu perto de 3% com a ata (máxima do dia a 2,963%), com o “mercado já precificando bastante alta agora, no curto prazo” e “eventualmente cortes em 2023”. “Comentários hoje mais para o ‘hawkish” na ata, com o medo de que a inflação fique incrustada, indexando-se”, acrescenta o economista.