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Ibovespa segue sinal do BCE e cai 1,18%, aos 107 mil pontos

Nos EUA, Nasdaq teve queda de 2,75% no fechamento

Bolsa vai fechar apenas em feriados nacionais em 2022. (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli/File Photo)

Por Luís Eduardo Leal – Embora aguardada, a confirmação pelo Banco Central Europeu (BCE), em reunião nesta quinta-feira, de que a política monetária da zona do euro de fato se ajustará nos próximos meses, com retirada de estímulos e elevação dos juros de referência, contribuiu para a cautela vista na sessão, em que o Ibovespa operou no mesmo sentido do exterior, a despeito da leitura melhor do que o esperado para o IPCA de maio.

A referência da B3 emendou a quinta perda e fechou o dia em baixa de 1,18%, aos 107.093,71 pontos, assim como ontem no menor nível de encerramento desde 19 de maio (107.005,22). Hoje, oscilou entre mínima de 107.067,62 (-1,20%), do fim da tarde, e máxima de 108.510,31, saindo de abertura aos 108.367,33.

Na B3, a sequência de cinco perdas é a mais longa desde as sete retrações observadas entre 14 e 26 de abril. Na semana, o Ibovespa cede 3,61%, colocando a queda de junho a 3,82%, e limitando o avanço do ano a 2,17%. O giro financeiro foi um pouco maior hoje, a R$ 25,8 bilhões, após recente enfraquecimento.

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Na contramão do ajuste negativo em commodities (Vale ON -3,38%, Petrobras PN -1,44%) e siderurgia (CSN ON -6,65%, Usiminas PNA -4,80%), o desempenho majoritariamente positivo das ações de grandes bancos, ao final enfraquecido e misto (Bradesco ON +0,12%, Itaú PN -1,72%), contribuía para moderar as perdas do Ibovespa, até que, no fim da tarde, os índices de ações em Nova York aceleraram a correção, na véspera da divulgação de nova leitura sobre a inflação nos Estados Unidos. Destaque para o Nasdaq, em queda de 2,75% no fechamento.

Na ponta do Ibovespa, Hapvida (+2,98%), Sul América (+2,69%) e CCR (+2,24%). No lado oposto, além de CSN (na mínima do dia no fechamento) e de Usiminas, destaque também para Magazine Luiza (-6,52%), Azul (-5,34%) e Locaweb (-5,14%).

Hoje, “os rendimentos dos títulos globais subiram depois de o BCE preparar os mercados para um ciclo de alta das taxas (de juros) e com o crescente nervosismo de que os dados do índice de preços ao consumidor (nos Estados Unidos), amanhã, mostrarão claramente que a inflação não está perto do pico”, aponta em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York. “Sinais de alerta sobre a economia estão surgindo à medida que as dados semanais sobre desemprego (nos EUA) começam a aumentar, e a situação da Covid na China será problemática para as cadeias de suprimentos nos próximos dois trimestres. As pressões inflacionárias se ampliam e não mostram sinais de afrouxamento.”

Por outro lado, o ponto mais aguardado da agenda doméstica, o IPCA de maio, agradou, mas não o suficiente para que o Ibovespa resistisse à aversão a risco que prevaleceu desde o exterior, com o mercado por aqui ainda atento às negociações entre governo federal, Estados e Congresso sobre a desoneração dos combustíveis. A percepção continua ambivalente: por um lado, efeito benéfico para a trajetória da inflação; por outro, dúvidas sobre o impacto fiscal da renúncia a impostos.

“É possível que as medidas gerem um impacto favorável sobre a inflação, de forma mais perene, na medida em que tem muita inércia na inflação brasileira. Se a inflação for 7% em 2022, em vez de 9%, voltamos a poder ter inflação de 4% em 2023. O Brasil dificilmente reduz a inflação em mais de 3 a 4 pontos porcentuais por ano, por conta da indexação”, observa Igor Barenboim, sócio e economista-chefe da Reach Capital, enfatizando também efeitos positivos para o crescimento e a renda no País. “Claro que tem o risco fiscal, que pode fazer com que o real se deprecie e os juros subam”, aponta o economista, ressalvando que tal impacto tenderia a ser “marginal”. “Esse conjunto de medidas pode funcionar, sim. Pode fazer o juro ter que subir menos agora e ficar menos tempo em patamar tão elevado”, acrescenta Barenboim.

Hoje, em evento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu aos empresários que deem uma “pequena trégua” nos preços e que “apertem os cintos”, sem perder a confiança no Brasil. No mesmo evento, em participação virtual, o presidente Jair Bolsonaro – que chegou nesta quinta-feira a Los Angeles (EUA) para participar da Cúpula das Américas – defendeu junto aos participantes o “menor lucro possível” na cesta básica.

“O Brasil andou mais rápido em políticas monetária e fiscal. A inflação é mundial e nunca foi culpa do nosso governo. Vocês empresários devem conversar com fornecedores. Precisamos estar juntos em trégua de preços, para quebrar a espiral inflacionária”, disse Guedes aos participantes do Fórum da Cadeia Nacional, promovido pela Abras.