Nem mesmo a valorização do minério de ferro hoje na China salva o Ibovespa. O índice cai e segue renovando mínimas (a 107.108,86 pontos, recuo de 1,12%), seguindo a queda externa. O que chama a atenção é recuo de ações ligadas ao setor de tecnologia, dado que o avanço da variante de coronavírus ômicron impõe desafios aos bancos centrais, com alguns deles já promovendo aperto monetário. Neste ambiente cauteloso, o dólar sobe para perto de R$ 5,70, puxando os juros futuros.
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O clima é de cautela nos mercados internacionais nesta manhã, após uma semana de decisões de política monetária em que vários bancos centrais mundiais, se não apertaram os juros, deram indicação de que o farão em breve. O principal argumento é a escalada inflacionária. Hoje foi a vez do Japão, seguido da Rússia. Enquanto o primeiro manteve sua taxa de juros, mas indicou a retirada de estímulos em março do ano que vem, o segundo elevou os juros em um ponto porcentual, para 8,50% ao ano.
“Deve ser um dia negativo para o Ibovespa, seguindo o exterior. Ontem, lá fora realizou após as ações de bancos centrais, caso do Fed, Banco da Inglaterra e europeu, especialmente por causa do americano, que decidiu elevar o ritmo de retirada do tapering”, avalia Danilo Batara, sócio-fundador e head da mesa de operações da Delta Flow Investimentos, escritório plugado ao BTG Pactual. “E isso é o caminho a ser adotado por vários bancos centrais.”
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Somado a isso, cita Batara, existem preocupações com a nova variante de covid-19, que está acelerando em vários partes do planeta, o que pode levar a fechamentos de fronteiras, especialmente na Europa, onde há resistência de muitas pessoas para tomarem a vacina. “Deve ter muita volatilidade também por causa do vencimento aqui e quádruplo em Nova York”, afirma.
Além da queda das bolsas internacionais, o recuo do petróleo pesa no mercado interno, com as ações da Petrobras cedendo acima de 1%. Com isso, o Ibovespa volta a computar recuo na semana – era de 0,44% às 10h42. Além disso, o vencimento de opções sobre ações influencia os negócios, impedindo com que o índice dê continuidade à alta (0,83%) da véspera, quando fechou aos 108.326,33 pontos.
“Talvez o principal movimento venha do Banco do Japão, de que pretende retirar estímulos”, cita o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, em comentário enviado a clientes e à imprensa hoje. A indicação, diz, se junta a outras feitas esta semana pelo Federal Reserve (Fed), Banco da Inglaterra (BoE) e pelo Banco Central Europeu (BCE).
O que prevalece nos mercados é a leitura de fim de estímulos monetários em meio ao baixo crescimento, afirma Padovani. Ao mesmo tempo, as pressões inflacionárias persistem mesmo com preocupações crescentes com os efeitos da variante de coronavírus ômicron. Na Alemanha, por exemplo, a inflação ao produtor de novembro anual saltou ao maior nível em 70 anos, enquanto a confiança de empresários do país caiu em dezembro.
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Entretanto, dados de inflação no Brasil informados hoje (IPC-Fipe, IPC-S Capitais e 2ª prévia do IGP-M) mostram um cenário de menos pressão, mas ainda longe de afastar as preocupações inflacionárias. Contudo, pode servir de justificativa para algum alívio do Ibovespa, assim como a valorização do minério de ferro na China, de 3,05%, e o leilão que a ANP realiza dos campos do pré-sal de Atapu e Sépia.
Para ganhar tração, o Ibovespa precisa superar a faixa dos 109 mil pontos, nível que testou na véspera (109.034,11 pontos, em alta de 1,49%), avalia em nota o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira. “Mas tem vencimento que pode inibir”, diz, lembrando ainda do exterior “fraco”. Além disso, a agenda de indicadores está esvaziada aqui e lá fora.
Nesta sexta-feira, o mercado monitora a pesquisa Datafolha mostrando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 59% das intenções de voto contra 30% do presidente Jair Bolsonaro em um eventual segundo turno entre os dois. Além disso, podem gerar desconforto a informação de que o pacote eleitoral de Bolsonaro pode superar R$ 90 bilhões e a notícia de aumento salarial a policiais federais, reforçando temores fiscais.
Às 10h48, o Ibovespa caía 0,75%, aos 107.512,10 pontos. Vale ON caía 1,11%.
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