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Ibovespa fecha a terça-feira em alta em dia de destaque para o varejo

Expectativas com inflação também estiveram no foco dos investidores

Ibovespa fecha a terça-feira em alta em dia de destaque para o varejo
Foto: Werther Santana/Estadão

Mesmo com os juros domésticos longos sob pressão como ontem, e o prosseguimento da cautela externa quanto ao teto da dívida americana e os sinais negativos em torno dos bancos regionais, na véspera de nova leitura sobre a inflação nos Estados Unidos, o Ibovespa se manteve descolado de Nova York nesta terça-feira, emendando o quarto ganho diário: mais longa sequência de recuperação desde os cinco avanços entre os dias 24 e 30 de março. No último dia 3, o índice fechou aos 101,8 mil pontos e, desde então, a retomada chega a 5,3 mil pontos neste começo de maio.

Hoje, a referência da B3 oscilou entre 105.549,08 e 107.731,10 (+1,59%) para fechar em alta de 1,01%, aos 107.113,66 pontos, no maior nível desde 23 de fevereiro, então aos 107.592,87. Enfraquecido em relação às duas sessões anteriores, em que havia se reaproximado do limiar de R$ 30 bilhões, o giro financeiro ficou em R$ 21,9 bilhões nesta terça-feira. Na semana, o Ibovespa sobe 1,87% e, no mês, 2,57%, limitando as perdas no ano a 2,39%. Em Nova York, os principais índices de ações fecharam o dia em baixa entre 0,17% (Dow Jones) e 0,63% (Nasdaq) na sessão.

“O índice deu prosseguimento ao movimento do dia anterior, mesmo sem apoio de Nova York e dos juros futuros, com retomada das ações de bancos e também de commodities – em que a China, apesar dos dados mistos sobre o comércio exterior, tem mostrado em geral nível de atividade melhor do que as demais economias, que têm piorado na margem”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

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Assim, como na segunda-feira, os segmentos mais líquidos e de maior peso no índice avançaram, e mesmo as utilities, que ontem haviam operado na contramão do Ibovespa, subiram hoje, com Eletrobras à frente (ON +4,13%, PNB +3,82%), mais do que recuperando as perdas da elétrica no dia anterior. Na ponta ganhadora do índice na sessão, ações do setor de consumo, como Natura (+15,08%), Magazine Luiza (+6,98%), Via (+5,05%) e Renner (+4,17%), além de IRB (+5,50%). No lado oposto, Raízen (-3,93%), Yduqs (-2,95%), TIM (-2,86%) e Hapvida (-1,37%).

Entre as blue chips, Petrobras (ON +0,77%, PN +0,33%) e Vale (ON +1,03%) mostraram hoje ganhos mais modestos, o que restringiu o dinamismo do Ibovespa ao longo da tarde. Algumas ações de bancos, por sua vez, acabaram fechando o dia em baixa, como PN de Bradesco (-0,98%) e BB ON (-0,30%).

Destaque da agenda doméstica, a ata do Copom, divulgada pela manhã, corroborou a impressão conservadora deixada no comunicado emitido pelo colegiado na noite de quarta-feira passada, quando, conforme esperado, manteve a Selic em 13,75%, sem sinais de flexibilização da taxa de juros, no curto prazo. A ata chega no dia seguinte à confirmação de que o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, é o escolhido do governo para ocupar a diretoria de Política Monetária do Banco Central, em aberto desde o fim de fevereiro.

“A ata veio igual ao comunicado, sem novidades, com uma linguagem mais ‘light’ quanto a elevar juros, mas sem sinalização alguma quanto a corte para a reunião de junho. No segundo semestre, com as expectativas de inflação parando de crescer e caindo um pouco mais, quem sabe podem vir, a partir de agosto, pequenos cortes de 25 pontos-base, considerando o horizonte relevante, de 18 meses, usado pelo Banco Central com relação à meta de inflação”, diz Igor Barenboim, sócio e economista-chefe da Reach Capital.

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“Galípolo é um cara articulado e capaz de construir consensos, conhecedor do sistema financeiro, o que pode contribuir para que se comece a cortar a Selic em 25 pontos-base em agosto – quando certamente estará nomeado -, chegando ao fim do ano a 12,75%, de 25 pontos em 25 pontos até lá”, acrescenta o economista, para quem a escolha retira um pouco do “risco de cauda”.

“É um nome alinhado ao governo, mas foi presidente de banco – um nome bom dentro do universo possível. E quando sentar na cadeira, não será o Galípolo do PT, amigo do Lula. O BC tem institucionalidade: ele precisará envolver o corpo técnico e construir consensos. Terá responsabilidades, sem estripulias”, acrescenta.

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