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As incertezas acerca de adoção de novas sanções pelos Estados Unidos contra o Brasil e o tom conservador da ata do Copom, divulgada nesta manhã, podem impedir o principal índice da B3 de subir alinhado ao petróleo (0,70%). Ao mesmo tempo, o viés de baixa dos índices futuros de ações norte-americanos abre espaço para um novo recuo do Índice Bovespa.
Ontem, o Ibovespa fechou com queda de 0,52%, aos 145.109,25 pontos, após punições do governo dos EUA. Após estender a Lei Magnitsky a Viviane Barci, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, os Estados Unidos revogaram o visto de Jorge Messias, advogado-geral da União e de outras cinco autoridades.
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O temor no mercado é que essas retaliações se estendem para as relações comerciais entre o Brasil e os EUA. Por isso, ganha ainda mais atenção os discursos na abertura da Assembleia Geral da ONU do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seguido do seu oponente Donald Trump.
Ao explicar a decisão da semana passando, quando a Selic foi mantida em 15% ao ano, o Copom, na ata, afirmou que, após uma firme elevação dos juros, optou por interromper o ciclo e avaliar os impactos acumulados na ata da sua última reunião.
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Etore Sanchez, “reafirmou-se o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta”. Com isso, a Ativa mantém sua perspectiva de que a Selic permanecerá em 15,00% até meados de 2026.
No câmbio, o dólar hoje ronda a estabilidade, com viés de alta ante rivais, mas cai ante o real. Às 10h10 (de Brasília), a moeda americana recuava 0,16%, a R$ 5,32.
O Ibovespa repercute, nesta terça-feira (23), a ata do Comitê de Política Monetária (Copom). No exterior, o mercado financeiro acompanha discursos dos presidentes do Brasil e dos Estados Unidos — Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump — na Assembleia Geral da ONU, em momento de tensão entre os dois países. Ainda lá fora, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, fala pela primeira vez após corte de juros dos EUA.
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Ainda na agenda econômica hoje, sai o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da terceira quadrissemana do mês, e a arrecadação federal de agosto. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista ao ICL Notícias, em São Paulo.
No exterior, saem ainda índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos e à noite no Japão.
As bolsas europeias reagem em alta ao avanço dos PMIs da Alemanha e da zona do euro, que vieram acima de 50, sugerindo expansão, além do noticiário corporativo envolvendo a Heineken. Ainda que tenha ficado em 51, o PMI do Reino Unido caiu em setembro ao menor nível em quatro meses, o que pode reforçar juro estável por mais tempo, e a Bolsa de Londres é a que sobe menos.
Já os índices futuros de ações de Nova York operam próximos da estabilidade, depois de Wall Street avançar a novos recordes pelo terceiro pregão seguido ontem. Investidores aguardam os PMIs preliminares dos EUA e o discurso de Powell, quase uma semana depois de o Fed cortar juros pela primeira vez neste ano.
Neste cenário, os juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) caem, enquanto o ouro opera na máxima, ainda sustentados por expectativas de novos cortes de juros nos EUA. Na Ásia, as bolsas fecharam com sinais divergentes, com recordes em Seul e Taiwan.
A ata do Copom, divulgada nesta terça-feira, reforçou sua postura “vigilante” da última reunião e repetiu que os próximos passos do colegiado podem ser ajustados.
Na última quarta-feira (17), o Copom decidiu manter os juros em 15% ao ano e manteve a mensagem de que, para assegurar a convergência da inflação à meta, em um ambiente de expectativas desancoradas, requer “uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.
Também voltou a dizer que tem acompanhado os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos ao Brasil e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, “reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”.
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Acrescentou que o cenário segue marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. O colegiado também mencionou novamente que a elevada incerteza no cenário demanda cautela na condução da política monetária e reforçou a disposição para reagir, se necessário.
“O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, disse, no parágrafo 21.
O colegiado repetiu as projeções de inflação acumulada em 12 meses, já apresentadas no comunicado, para 2025 (4,8%), 2026 (3,6%) e o primeiro trimestre de 2027 (3,4%) — este último, o horizonte relevante da política monetária. Todas as estimativas estão acima do centro da meta, de 3%.
Os contratos futuros do petróleo operam em alta nesta manhã, revertendo queda de mais cedo, em uma possível recuperação técnica depois de acumularem perdas por quatro sessões consecutivas. Nesta manhã, o barril do petróleo WTI para novembro subia 0,96%, a US$ 62,88, enquanto o do Brent para dezembro avançava 0,74%, a US$ 66,46.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para janeiro de 2026, fechou em queda de 1,23%, cotado a 802,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 112,78.
O tom levemente positivo no pré-mercado de ações e o recuo dos rendimentos dos Treasuries em Nova York podem ser insuficientes para influenciar os ativos brasileiros, principalmente o Índice Bovespa e os juros futuros.
As preocupações acerca de eventuais novas retaliações dos EUA contra o Brasil prosseguem, após o governo americano anunciar ontem punições a autoridades brasileiras. Por isso, eleva-se a expectativa por um discurso ainda mais duro do presidente Lula na Assembleia Geral da ONU nesta manhã, seguida de falas do seu oponente Trump.
Além disso, a agenda requer atenção, a começar pela ata do Copom da semana passada, quando a Selic foi mantida em 15% ao ano e o BC se limitou a sinalizar quando haverá cortes.
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Sai ainda a arrecadação federal, um dia após a divulgação do relatório de receitas e despesas. O mercado prevê que a arrecadação do governo com impostos e contribuições federais tenha atingido R$214,5 bilhões em agosto (mediana), após R$ 201,622 bilhões em julho. As estimativas para esta leitura variam de R$ 207,200 bilhões a R$ 219,300 bilhões.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Marianna Gualter, Cícero Cotrim, Maria Regina Silva e Luciana Xavier, do Broadcast
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