A avaliação positiva do governo Lula subiu de 28% para 31%, segundo a pesquisa Genial/Quaest. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
Após uma abertura em baixa, o Ibovespa hoje ganhou fôlego e fechou o pregão em alta. Nesta quarta-feira (20), o índice avançou 0,17%, aos 134.666,46. Investidores acompanharam os desdobramentos da decisão do ministro Flavio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o crescimento da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Na ata do Fed, dirigentes apontaram que os efeitos das tarifas de Donald Trump “estavam se tornando mais aparentes nos dados, como indicado pelos recentes aumentos na inflação de bens”, enquanto a inflação de serviços continuou a desacelerar. Segundo o documento, “muitos participantes notaram que pode levar algum tempo para que os efeitos completos das tarifas mais altas sejam sentidos nos preços de bens e serviços ao consumidor”.
Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, avalia que o comitê, que teve uma decisão dividida na última reunião, reiterou sua postura de ser muito dependente de dados. “Ele reafirmou que continuará a considerar uma ampla gama de informações ao tomar suas decisões futuras, incluindo as condições do mercado de trabalho, as pressões inflacionárias, as expectativas de inflação, e os desenvolvimentos nos mercados financeiros e internacionais”, destaca.
A fraca tração desta quarta-feira no IBOV acompanhou o movimento das bolsas americanas. Os ajustes do índice da B3 aconteceram após a queda de 2,10% ontem.
Somado a isso, com a agenda de indicadores praticamente vazia e a falta de novas notícias acerca da tensão entre Brasil e Estados Unidos no que diz respeito aos bancos, o pregão foi classificado pelos operadores como de instabilidade. Ajudou, nesse sentido, a queda do dólarhoje. A moeda americana recuou 0,51% a R$ 5,4729.
Na avaliação de Thiago Calestine, economista e sócio da Dom Investimentos, os bancos brasileiros possivelmente tenderão a seguir a Lei Magnitsky, em uma leitura de redução de danos. “Do ponto de vista de bem estar social, faz muito mais sentido congelar o ministro Alexandre de Moraes do que colocar em xeque todo o sistema financeiro nacional”, argumenta.
No exterior, o dia foi de alta dos preços do petróleo, o que apoiou as ações da Petrobras (PETR3/0,83%; PETR4/0,6%). Hoje, o conselheiro do presidente dos EUA, Peter Navarro, voltou a criticar a compra de petróleo da Rússia pela Índia e disse que, se os indianos interrompessem a compra da commodity de Moscou, ajudaria a acabar com a guerra na Ucrânia.
Ainda sobre commodities hoje, o minério de ferro voltou a recuar na China e em Cingapura, influenciado pela perspectiva de corte na produção chinesa, o que pressionou a Vale (VALE3/-0,45%).
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta quarta-feira (20)
Bolsas de NY fecham sem direção única após ata do Fed
Cautela pós-Fed foi sentida nas Bolsas internacionais. (Foto: Adobe Stock)
Os índices das bolsas de Nova York fecharam sem direção única Dow Jones subiu 0,04%, enquanto Nasdaq e S&P recuaram 0,67% e 0,24%, respectivamente. O dólar hoje, por sua vez, mostrou estabilidade frente a moedas principais, após a ata do Fed. O índice DXY, teve leve queda de 0,05% aos 98,218 pontos.
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Na Europa, as bolsas fecharam sem sinal único. O índice pan-europeu Stoxx 600 encerrou em alta de 0,23%, a 559,09 pontos. Em Londres, o FTSE 100 subiu 1,08%, a 9.288,14 pontos. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,60%, a 24.277,10 pontos. Em Paris, o CAC 40 recuou 0,08%, a 7.973,03 pontos.
Também seguiram em foco os desdobramentos das negociações para o fim da guerra na Ucrânia. A Casa Branca planeja uma possível reunião trilateral entre os presidentes dos EUA, Rússia e Ucrânia.
O presidente Donald Trump sinalizou que os EUA estão preparados para usar poder aéreo em apoio a uma força de segurança europeia na Ucrânia, mas descartou o envio de tropas terrestres.
No comércio, mais de 400 novos produtos entraram na lista de itens sujeitos à tarifa de 50% sobre aço e alumínio, medida voltada a evitar evasão de tarifas e fortalecer indústrias domésticas sob argumento de segurança nacional.
Mercado monitora decisão do STF e popularidade de Lula
A avaliação positiva do governo Lula subiu de 28% para 31 (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
Nesta quarta-feira, investidores segueiram atentos aos desdobramentos da decisão do ministro do STF, Flávio Dino, que afirmou que leis estrangeiras só têm validade no Brasil após homologação judicial — vista como reação à sanção dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes no âmbito da Lei Magnitsky. O setor bancário teme represálias legais tanto nos EUA quanto no Brasil.
Além das tensões diplomáticas, o avanço na avaliação de Lula também mexeu nos negócios. Pela primeira vez desde dezembro de 2024, a maioria dos brasileiros vê o governo como melhor que o de Jair Bolsonaro (PL) – 43% contra 38% –, segundo pesquisa Genial/Quaest. A avaliação positiva de Lula subiu de 28% para 31%, a negativa caiu de 40% para 39%, e a regular foi de 28% para 27%.
Agenda econômica do dia
A agenda econômica desta quarta-feira (20) foi marcada por declarações do diretor Christopher Waller, que tem direito a voto e é candidato à sucessão de Jerome Powell, em evento sobre inovação tecnológica no Wyoming. O dirigente mencionou que o sistema de pagamentos global está passando por uma “revolução impulsionada pela tecnologia”. Waller ainda acrescentou acreditar que as “stablecoins têm potencial para manter e expandir o papel do dólar internacionalmente”.
Segundo o diretor do Fed, o uso da inteligência artificial (IA) em pagamentos também é uma área de inovação privada no setor, mas não deu mais detalhes. “O Fed também realiza pesquisas técnicas sobre a última onda de inovações, incluindo tokenização, contratos inteligentes e IA em pagamentos.”
No Brasil, o presidente Lula se reuniu nesta manhã com ministros e presidentes de bancos públicos para discutir o crédito imobiliário para reforma de casas. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou à tarde do 1º Seminário de Governança, Riscos, Controle e Integridade, promovido pela pasta.
No Congresso, a Câmara deve votar ainda a urgência do projeto de lei do Imposto de Renda (IR). No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) instalou a comissão parlamentar inquérito (CPI) mista sobre fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o plenário pode votar em segundo turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2023, que limita o pagamento de precatórios por Estados e municípios.
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Entre indicadores, a produção industrial cresceu em julho, mas as expectativas dos empresários do setor para os próximos seis meses recuaram, segundo a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada nesta quarta-feira, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A expectativa para exportações nos próximos seis meses caiu, o que pode ser impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.
No Japão, saem à noite também as leituras preliminares de agosto da S&P Global/Jibun Bank para os Índices de Gerentes de Compras (PMIs) composto, de serviços e industrial.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Paula Dias, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast