Nem a alta das ações do setor de metais consegue sustentar o índice, após o minério de ferro subir cerca de 2%, diante de perspectivas de aumento da demanda chinesa. Quem lidera os ganhos do dia são os papéis da Usiminas (USIM5), que saltam 6,48%.
“A commodity puxou o Ibovespa [ontem] e é até um ponto negativo, pois se Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4) sobem – os dois maiores pesos da Bolsa -, impossível o Ibovespa não avançar”, pontua Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, no sentido de que vale o mesmo na direção oposta.
Dada a proximidade do dia 1º de agosto, a cautela se eleva por incertezas relacionadas às tarifas impostas pelos Estados Unidos a vários países. O foco fica em eventuais estratégias do governo brasileiro para conter os efeitos do tarifaço americano sobre produtos exportados para os EUA.
Além disso, será divulgado o Relatório de Receitas e Despesas Primárias referente ao terceiro trimestre. Também está previsto o relatório operacional da Vale – veja as projeções do mercado – após o fechamento da B3, além do início da temporada de balanços – confira o calendário de balanços de empresas brasileiras.
Segundo a LCA 4Intelligence, a expectativa é de que o relatório do governo federal traga uma possível redução no contingenciamento de gastos após a manutenção do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ao mesmo tempo em que pode ampliar o bloqueio de despesas, em função das restrições impostas pelo limite de gastos.
Enquanto isso, o Brasil continua tentando negociar com o governo do presidente dos EUA, Donald Trump. A equipe econômica trabalha em medidas para mitigar os efeitos da tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, propostas serão apresentadas nesta semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Estresse de países e investidores aumenta à medida que se aproxima a data de aplicação de tarifas pelos EUA para bens e serviços importados”, pontua Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil.
Na véspera, o Ibovespa fechou em alta de 0,59%, aos 134.166,72 pontos, mas ainda amarga perdas de cerca de 3% em julho. “Há espaço para recuperação, mas a aversão a risco persiste por conta de tarifas e do cenário político no Brasil, mesmo com o Congresso em recesso”, diz Bandeira.
Enquanto isso, no mercado de câmbio doméstico, o dólar hoje abriu em alta de 0,12%, negociado a R$ 5,5718. Já às 16h (de Brasília), a moeda avançava 0,04%, na casa dos R$ 5,567.
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta terça-feira (22)
Agenda econômica do dia
A agenda econômica desta terça-feira (22) tem como destaque no Ibovespa hoje o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, que deve manter o congelamento de R$ 31 bilhões. Alguns analistas, porém, esperam uma redução do total congelado, sobretudo após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) parcialmente favorável ao governo na questão do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Na agenda econômica hoje, está prevista entrevista com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no canal Nath Finanças, no YouTube. O Tesouro promove leilão de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, títulos públicos com rendimento atrelado à inflação) e de Letra Financeira do Tesouro (LFT, título pós-fixado com rentabilidade atrelada à taxa de juros).
No exterior, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, participa de conferência sobre regulação bancária, mas não vai abordar política monetária. São esperados ainda discursos da ministra das Finanças do Reino Unido, Rachel Reeves, da vice-presidente de Supervisão do Fed, Michelle Bowman, e da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.
Bolsas globais operam sem tração
No exterior, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, participa de conferência sobre regulação bancária, mas não deve abordar política monetária por causa do período de silêncio que antecede a reunião do Fed na próxima semana.
As bolsas de Nova York operam sem sinal único, com investidores à espera de balanços e avanços nas negociações tarifárias entre EUA e outros países. Na Europa, as bolsas fecharam mistas, assim como as bolsas asiáticas nesta terça-feira.
Em meio aos ataques constantes do presidente dos EUA, Donald Trump, a Powell, os ex-presidentes do Fed, Ben Bernanke e Janet Yellen, defenderam — por meio de artigo publicado no New York Times — a independência do banco central americano. “Elas [as ameaças] prejudicam não apenas o Sr. Powell, mas também todos os futuros presidentes e, de fato, a credibilidade do próprio banco central”, escreveram.
Balanços ganham força no exterior
Antes da abertura dos mercados nos Estados Unidos, General Motors e Coca-Cola divulgaram seus resultados trimestrais.
A General Motors teve lucro líquido de US$ 1,895 bilhão no segundo trimestre de 2025, 35,4% menor do que o ganho de igual período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta terça-feira. Já a A Coca-Cola teve lucro líquido de US$ 3,8 bilhões no segundo trimestre de 2025, aumento de 58% em relação a igual período do ano passado.
Commodities operam em direções opostas
Os contratos futuros do petróleo estendem perdas das duas sessões anteriores, à medida que incertezas sobre as tarifas dos EUA pesam na perspectiva de demanda pela commodity. Nesta tarde, o barril do petróleo WTI para setembro caiu 0,97% a US$ 65,31 o barril, enquanto o do Brent para o mesmo cedeu 0,89%, a US$ 68,59.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em alta de 2,49%, cotado a 823 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 114,68.
Lula endurece discurso contra Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom e afirmou, na segunda-feira (21), que o Brasil ainda não está em uma guerra tarifária com os EUA, mas alertou: “guerra tarifária vai começar quando eu der uma resposta ao Trump, se ele não mudar de opinião”.
A equipe econômica trabalha em medidas para mitigar os efeitos da tarifa de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros.
Segundo Haddad, propostas serão apresentadas ainda nessa semana ao presidente Lula. O secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, confirmou que há um plano pronto para ajudar os setores afetados pelo tarifaço, mas que depende do aval de Lula.
Nos EUA, o senador republicano Lindsey Graham ameaçou novos aumentos tarifários — de até 100% — a países que mantiverem compras de petróleo da Rússia, colocando novamente o Brasil na mira de Washington.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Luciana Antonelli Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast