(Maria Regina Silva, Estadão Conteúdo) — Busca por risco norteia os mercados internacionais e estimula alta do Ibovespa. Se o ganho continuar até o fim da sessão, confirmado, o indicador caminhará para um segundo pregão seguido de elevação, e já voltando a subir na semana. Perto de 11 horas, avançava cerca de 1% no período, após ceder na passada. Além de bolsas, as commodities (petróleo e minério, ambos na faixa de 3%) avançam, enquanto o dólar cai, fatores que reforçam a o otimismo na B3.
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“O que mais pega na Bolsa é a China, que temos de olhar com bastante atenção quando se pensa em Brasil Ibovespa. Com inflação menor por lá houve arrefecimento em agosto, o mercado está precificando um clima positivo para Brasil, diante da expectativas de que o banco central chinês adotará novas medidas de estímulo à economia”, avalia Victor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue3.
O ânimo dos investidores ainda reflete a sinalização de posturas firmes de grandes bancos centrais como o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e o Banco Central Europeu (BCE), de que farão o que for necessário para conter a inflação. Além disso, a deflação no Brasil também reforça o bom humor interno.
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Depois que o BCE intensificou o ritmo de aperto monetário e aumentou as taxas básicas de juros em 75 pontos-base, ontem, a presidente Christine Lagarde reforçou hoje o compromisso da autoridade monetária em conter a inflação na zona do euro e definiu a estabilidade de preços como principal prioridade.
Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,14%, aos 109.915,64 pontos, seguindo o exterior, na esteira dos sinais dos Fed e do BCE. Hoje, três dirigentes da instituição monetária dos Estados Unidos farão discursos, o que será acompanhado com afinco pelos investidores. Ficarão atentos a novos sinais sobre juros, dado que seguem crescentes – já superam 80% – as apostas de aumento em 0,75 ponto porcentual nas FED funds.
De acordo com economista e consultor de Finanças Álvaro Bandeira, seria importante o Ibovespa ultrapassar fechamento a faixa dos 110 mil pontos e mirar novamente o nível dos 113 mil pontos, a fim de ganhar “maior consistência de movimento.”
Além do exterior, a queda de 0,36% no IPCA em agosto, ante mediana negativa de 0,40%, está no radar. Após indefinição, os juros futuros passaram a cair. De todo modo, o recuo menos intenso no índice de inflação e sinais de aceleração dos preços no IPCA, conforme retrata a média dos núcleos, são monitorados, à medida que podem reforçar expectativas de novo aumento da Selic neste mês.
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“De fato temos uma queda na inflação na margem, queda esta motivada por fatores exógenos a dinâmica de preços em si corte de impostos, mas ainda temos uma projeção de alta de preços”, pondera em nota o economista-chefe da Necton, André Perfeito. “De fato não será 9% de alta o IPCA em 2022, será próximo de 6%, mas será mais 6% sobre uma inflação já bastante elevada.”
A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, ainda afirma que apesar do recuo do IPCA em agosto, o declínio “claramente” foi puxado por combustíveis, seja por desoneração, seja pelo anúncio da corte feito pela Petrobras. “A composição não é boa. Os núcleos e os preços industriais estão altos. A parte de alimentos até que ajudou aliviar, mas pode ser sazonal. Todo o resto continua alto”, avalia.
Neste sentido, afirma que o quadro inflacionário reforça a sinalização do Banco Central nesta semana feita pelo presidente Roberto Campos Neto e corroborada pelo diretor Bruno Serra.
“A mensagem é de a inflação preocupa e que as expectativas não estão ancoradas”, diz. “BC Mudou um pouco tom da comunicação. Era um sinal de mais de fim de ciclo. Agora, falam claramente que a porta está aberta. Pode ser que considerem mais uma alta de 0,25 ponto porcentual”, avalia Helena.
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A queda do dólar ante o real, por sua vez, sugere menor pressão inflacionária. Segundo Israel, da Blue3, contudo, a moeda ainda está em nível elevado, o que, por ora, não gera preocupação para exportadoras. “Há expectativas de aumento da demanda por minério. Então, acaba compensando”, diz.
Às 11h25, o Ibovespa subia 1,90%, aos 112.000,74 pontos, ante máxima diária aos 112.209,41 pontos (alta de 2,09%), depois de abrir aos 112.209,41 pontos (elevação de 0,01%).