Caged fica no foco com dados de emprego no Ibovespa hoje. (Foto: Adobe Stock)
OIbovespa hoje reduziu alta após renovar máxima histórica aos 147.558,22 pontos nesta segunda-feira (29). Às 14h27 (de Brasília), o indicador avança 0,73%, aos 146.503,14 pontos. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de agosto e o boletim Focus ficam no foco, enquanto, no exterior, ganha destaque o risco de paralisação do governo americano.
As expectativas de avanço nas negociações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos dá novo fôlego ao Índice Bovespa hoje. Em evento nesta manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que pode se reunir com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para voltar a discutir as tarifas do governo americano contra produtos brasileiros.
Vale ressaltar que ainda está no radar um encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, previsto para acontecer nos próximos dias. Haddad também reforçou que o esforço fiscal do governo vai continuar.
“A fala do Haddad sobre fiscal e em relação a Estados Unidos animou, deixando a entender que as autoridades irão negociar. O Brasil já parece estar aberto a falar sobre terras raras com o governo dos EUA, que também parece aberto, ao dizer que ‘precisa consertar o Brasil para que o país deixe de prejudicar os americanos'”, afirma o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, ao referir-se à afirmação do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
Além disso, o principal índice da B3 hoje sustenta alta em sintonia com a valorização no exterior. Investidores esperam dados do mercado de trabalho do Brasil e dos Estados Unidos que saem nesta semana para recalibrar apostas sobre a política monetária dos dois países.
Os juros futuros e o dólar hoje cedem, o que favorece também o índice Ibovespa, embora o desempenho seja potencialmente limitado pela queda nos preços do minério de ferro (1,57%), na China, e do petróleo (3,35%). A moeda americana recua 0,43%, a R$ 5,314, às 14h11 (de Brasília).
Se o principal indicador da B3 seguir em alta, tende a fechar setembro como o melhor mês em anos, em meio a recentes recordes de pontuação.
As expectativas estão principalmente voltadas para o payroll nos EUA, que pode reforçar apostas de mais dois cortes nos juros norte-americanos ainda em 2025, após o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE) de agosto ter ficado dentro do esperado, informado na sexta-feira (26).
No Brasil, a atenção se volta ao Caged de agosto, que registrou a criação de 147.358 novos empregos formais em agosto. O resultado ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que apontava para um saldo positivo de 182 mil novas vagas. As expectativas para esta leitura variavam de 110 mil a 215.151 vagas.
No Focus desta semana, a projeção para a Selic ao final de 2025 seguiu em 15%. Já em 2026, a estimativa se manteve em 12,25% ao ano. Quanto à inflação, a projeção do IPCA passou de 4,83% para 4,81% em 2025, acima do teto da meta; para 2026, recuou de 4,29% para 4,28%. Não houve alterações nas estimativas para 2027 (3,90%) e 2028 (3,70%).
Ibovespa hoje: os destaques desta segunda-feira (29)
Bolsas de NY mostram pouco ânimo de olho em paralisação nos EUA
As bolsas de NY operam mistas nesta tarde. Nasdaq e S&P 500 avançam 0,43% e 0,11%, respectivamente, enquanto Dow Jones cede 0,14%. O dólar hoje recua, com investidores atentos às negociações para evitar uma paralisação nos EUA e à divulgação do payroll. O índice DXY, que mede a moeda americana com seis pares relevantes, cede 0,2% aos 97,955 pontos.
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O presidente americano, Donald Trump, se reúne às 15h com líderes do Congresso. O líder democrata Chuck Schumer chamou o encontro de ‘bom primeiro passo’, mas cobrou dos republicanos.
Trump também recebe o premiê israelense Benjamin Netanyahu, que busca apoio para cessar-fogo em Gaza. O republicano defendeu as tarifas comerciais para proteger a economia dos EUA.
Na Europa, os mercados fecharam em alta reagindo ao avanço acima do previsto no índice de sentimento econômico da zona do euro. Na Bolsa de Londres, o FTSE 100 subiu 0,16%, aos 9.299,84 pontos. Em Frankfurt, o DAX avançou 0,15%, a 23.775,17 pontos. Em Paris, o CAC 40 ganhou 0,13%, a 7.880,87 pontos. Já em Milão, o FTSE MIB caiu 0,22%, aos 42.554,40 pontos. O Ibex 35, em Madri, apontou perdas de 0,23%, aos 15.312,28 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 fechou em alta de 0,36%, aos 7.981,43 pontos.
O índice de sentimento econômico da zona do euro, que mede a confiança de setores corporativos e dos consumidores, subiu para 95,5 pontos em setembro, ante 95,3 pontos em agosto, segundo pesquisa divulgada pela Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), nesta segunda-feira. O resultado superou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam manutenção do índice em 95,2 pontos em setembro.
Boletim Focus reduz projeções para inflação brasileira em 2025
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (29), as previsões para os principais indicadores econômicos, incluindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic – veja detalhes do relatório do BC.
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A mediana das projeções para inflação brasileira trouxe um novo recuo para o IPCA em 2025, indo de 4,83% a 4,81%. A taxa está 0,31 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%.
Já a mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15,0% pela 14ª semana consecutiva, após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido os juros neste nível na mais recente decisão, em 17 de setembro.
O Caged de agosto mostrou a criação de 147.358 novos empregos formais em agosto. Em julho, o saldo havia sido positivo em 134.251
vagas, já incorporando os ajustes na série. É o pior resultado para o mês de agosto desde 2020, início do Novo Caged.
O saldo de janeiro a agosto é positivo em 1.501.930 postos formais, um resultado 13,8% menor do que o observado no mesmo período de 2024, quando foram criados 1.742.664 novos empregos formais.
No acumulado dos últimos 12 meses (de setembro de 2024 a agosto de 2025), os números mostram 1.438.243 contratações líquidas, menor que o saldo observado no período de setembro de 2023 a agosto de 2024 (1.804.122).
Também ficam no radar os dados do Governo Central, cujo déficit primário esperado é de R$ 20,25 bilhões (mediana), após saldo negativo de R$ 59,124 bilhões em julho.
No câmbio, as perdas das commodities tendem a pressionar o real, mas a formação da taxa Ptax (taxa de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro) do fim de setembro, na terça-feira (30), deve adicionar volatilidade ao dólar.
Na cena política e comercial, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que uma reunião entre os presidentes Lula e dos EUA, Donald Trump, “é questão de dias”. Integrantes do governo resistem à possibilidade de uma reunião presencial entre eles, apurou o Broadcast.
Agenda econômica da semana
A semana marca a virada do mês para outubro na quarta-feira (1º) e traz uma agenda intensa, com foco em dados do mercado de trabalho no Brasil e nos EUA. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de agosto e o boletim Focus ficam no foco do Ibovespa hoje. No exterior, ganha destaque o risco de paralisação do governo americano.
A agenda econômica desta segunda-feira trouxe também o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que subiu 0,42% em setembro, após alta de 0,36% em agosto, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). A elevação foi acima da mediana das estimativas do Projeções Broadcast, de alta de 0,32%, com piso de 0,20% e teto de 0,47%.
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O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, participaram do lançamento da Pesquisa Firmus. Galípolo também fez palestra em conferência do Itaú (ITUB4), que contou com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Em sua fala, o presidente do BC disse que a autarquia não pode “se emocionar” com um dado isolado para definir os próximos passos da política monetária. “Sempre, nesse começo de inflexão de economia, vão chegar dados mistos, e por isso que é importante que o Banco Central siga sem se emocionar, sem querer reagir imediatamente a partir de um dado isolado”, afirmou.
Enquanto isso, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve comparecer às 16h à posse do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, como presidente da Corte e do CNJ.
Nos próximos dias, são esperados os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e do setor público consolidado de agosto na terça; o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) de setembro, na quarta-feira (1º); o Índice de Preços ao Consumidor do município de São Paulo (IPC-Fipe), na quinta-feira (2); e a produção industrial de agosto, na sexta-feira (3).
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No exterior, os mercados acompanham o payroll de setembro dos EUA, na sexta-feira, além de discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Banco da Inglaterra (BoE) e Banco Central Europeu (BCE), em meio ao encerramento do ano fiscal americano e do prazo para evitar a paralisação (shutdown) do governo americano.
À noite desta segunda, a China divulga o Índice de Gerentes de Compras (PMI) do NBS e o da S&P Global.
Na terça-feira (30), serão divulgados os dados JOLTS (relatório sobre a abertura de novas vagas de trabalho), o PMI do ISM e a confiança do consumidor dos EUA, além do discurso de Christine Lagarde (BCE) e de uma reunião de Donald Trump com líderes militares.
Na quarta, destaque para o relatório ADP de empregos, PMIs industriais dos EUA e Europa, e início do feriado da Semana Dourada na China.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast