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Ibovespa hoje: cautela fiscal e commodities em queda empurram índice para baixo

No exterior, a decisão de juros do BCE e dados econômicos dos EUA movimentam os mercados

Ibovespa hoje: cautela fiscal e commodities em queda empurram índice para baixo
O Ibovespa é o principal índice da B3 (Foto: Daniel Teixeira/Estadão)

A queda das commodities e a cautela fiscal no Brasil empurram o Ibovespa para baixo, mantendo o recuo registrado na abertura do pregão desta quinta-feira (18). Por volta das 14h, o índice cedia 1,10%, aos 128.023 pontos.

Enquanto os investidores aguardam sinais sobre como o governo fará para ajustar as contas públicas, o quadro é defensivo nos mercados brasileiros. O dólar já tocou máxima de R$ 5,5502, pressionando a curva futura. Na carteira do Índice Bovespa, a maioria dos ativos estão na parcela negativa. Em Nova York, só o índice Dow Jones subia.

Na quarta-feira (17), o principal índice da B3 fechou em alta de 0,26%, aos 129.450,32 pontos, depois de ceder 0,11%, na terça-feira (16), após avançar em 11 sessões seguidas – veja mais aqui. “É natural ter um pouco de correção. Ainda não sofreu uma queda tão forte. Faltou pouco para alcançar os 130 mil pontos, que é um ponto de resistência importante”, avalia Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3.

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Em meio ao avanço do dólar, os juros futuros também sobem, o que pode elevar ainda mais as expectativas de inflação. “Preocupa é que os juros futuros estão voltando a subir, voltando a colocar duas altas da Selic este ano”, alerta José Raymundo de Faria Junior, planejador financeiro CFP pela Planejar.

O que impacta o Ibovespa hoje

Cautela fiscal

No último dia de trabalho no Congresso por causa do recesso parlamentar, o temor fiscal continua no radar, após uma serie de série de votações de medidas empurradas para frente e em meio à reunião, às 15h30, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com ministros da chamada Junta de Execução Orçamentária (JEO).

Além deste encontro, outros estão previstos ao longo do dia e que poderão debater o tema fiscal. As autoridades devem levar a Lula as medidas de contenção de gastos para cumprir as regras do arcabouço fiscal. A expectativa é de que os números debatidos no encontro sejam divulgados na segunda-feira (22), no relatório bimestral de receitas e despesas.

A mediana das estimativas em pesquisa especial feita pelo Projeções Broadcast é de que será um congelamento de R$ 12 bilhões. “É muito baixo, tinha de ser um valor de R$ 30 bilhões”, diz Faria Junior, ressaltando que além da divulgação do relatório a agenda no Brasil da semana que vem é importante por conta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de julho, em meio a recentes pressões na inflação, como o encarecimento da gasolina pela Petrobras (PETR3; PETR4), dólar alto e vigência da bandeira amarela nas contas de luz, que deixam as taxas mais elevadas.

A ministra Simone Tebet, do Planejamento, reforçou o compromisso do governo com o cumprimento de zerar o défcit fiscal do próximo ano. “Temos compromisso de não gastar mais do que arrecada em 2025”, disse ao programa Bom dia, ministra.

Mercados internacionais

Também nesta quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) deixou suas principais taxas de juros inalteradas, como era amplamente previsto. Desta forma, a taxa de depósito segue em 3,75%, a de refinanciamento em 4,25% e a de empréstimos em 4,50%. O BCE reiterou que os juros continuarão em “níveis suficientemente restritivos pelo tempo que for necessário” – veja mais nesta reportagem.

Os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) longos avançam moderadamente, após os pedidos de auxílio-desemprego dos Estados Unidos subirem bem acima do esperado, segundo dados divulgados nesta quinta-feira.

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O número de pedidos de auxílio-desemprego no país subiram 20 mil na semana encerrada em 13 de julho, passando para 243 mil, acima da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam 229 mil solicitações. O total de pedidos da semana anterior foi levemente revisado para cima, de 222 mil para 223 mil.

Ainda nesta quinta-feira, os investidores ainda ficarão atentos a comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Commodities

O petróleo mira queda e o minério de ferro em Dalian fechou em baixa de 0,92%. Em meio à desvalorização das commodities, a Petrobras cai 0,07% (PETR3) e 0,28% (PETR4), nos valores de R$ 41,52 e R$ 38,49. A Vale (VALE3) recua 0,60%, negociada a R$ 61,38.

Destaques na Bolsa

Na fraca parcela positiva do índice, as ações da Embraer (EMBR3) estão no topo. Em relatório, o BTG diz que a companhia se beneficia de um ambiente de mercado construtivo, impulsionado pelo seu crescimento contínuo, sólida posição de produto e espaço para continuar superando as expectativas do mercado. Os papéis avançam 0,52%, cotados a R$ 40,66.

Enquanto isso, puxando a ponta negativa do Ibovespa, está a BRF (BRFS3), pressionada pelo temor de que a exportação de frango do Brasil tende a sofrer embargos, segundo apurou o Broadcast, após o Ministério da Agricultura ter confirmado que foi detectado um foco da doença Newcastle no Rio Grande do Sul. Os papéis caem 7,48%, no valor de R$ 20,89.

*Com informações do Broadcast