A piora do índice ocorre apesar do avanço da maioria dos índices das bolsas em Nova York e é puxada em boa medida por papéis de primeira linha, com Vale (VALE3) caindo 2,71%. Petrobras virava para o negativo, entre 0,37% (PETR4) e 0,48% (PETR3) bem como ações de bancos.
Por outro lado, a alta do minério de ferro ajuda o principal índice da B3 hoje, assim como sinais positivos da China, após o crescimento de 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no segundo trimestre, acima do esperado.
O foco com o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, norteia os negócios no exterior, bem como o início da safra de balanços do segundo trimestre nos EUA, além do índice de preços ao consumidor (CPI) americano.
O índice de preços ao consumidor dos EUA acelerou alta a 0,30% em junho ante abril, conforme o esperado, e o dado interanual teve aumento de 2,7%, na comparação com mediana das estimativas de 2,6%. Os números tendem a balizar as apostas para a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no final do mês.
Em meio a incertezas sobre o nível efetivo das tarifas dos EUA, o governo brasileiro publicou no Diário Oficial da União o decreto que regulamenta a reciprocidade econômica e abre caminho para eventuais medidas de retaliação.
Nesta manhã, no mercado de câmbio local, o dólar hoje abriu em leve queda, acompanhando o recuo da moeda americana frente a emergentes. Após a divulgação dos dados de inflação nos EUA, o dólar acelerou a perda ante o real para 0,23%, a R$ 5,5659 na venda, atento ao leilão de linha do Banco Central (BC).
Ibovespa hoje: assuntos para manter no radar nesta terça-feira (15)
Agenda econômica do dia
A agenda econômica desta terça-feira (15) traz o índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos em junho como destaque do Ibovespa hoje. Cinco dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) também discursam, e JPMorgan, Citi, Wells Fargo e BlackRock abrem a temporada americana de balanços do segundo trimestre.
No Brasil, as atenções da agenda econômica hoje estarão nas reuniões do comitê interministerial, coordenado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, com setores econômicos, para discutir propostas de resposta do governo às ameaças de tarifas de 50% pelos EUA.
No comitê, participam representantes de setores industriais afetados pelas tarifas dos EUA, como aeronáutica, aço, alumínio, celulose, máquinas, calçados, móveis e autopeças. À tarde, será a vez do agronegócio, com participação dos setores de suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescado, além dos ministros Carlos Fávaro, Paulo Teixeira e André de Paula.
Também é aguardada a reunião de conciliação entre governo e Congresso relativa ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reúne-se com a diretora executiva do Fundo Verde do Clima, Mafalda Duarte.
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulga o Monitor do Produto Interno Bruto (PIB) de maio. O Banco Central (BC) realiza leilão de linha.
O Tesouro faz leilão de venda de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, títulos públicos com rendimento atrelado à inflação) e de Letra Financeira do Tesouro (LFT, título pós-fixado com rentabilidade atrelada à taxa de juros).
No exterior, o índice de atividade industrial Empire State de NY sai pela manhã. Discursos dos seguintes dirigentes do Fed são esperados: Michelle Bowman, vice-presidente; Michael Barr, diretor; Thomas Barkin, de Richmond; Susan Collins, de Boston; e Lorie Logan, de Dallas.
No Reino Unido, o presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey também discursa. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) divulga relatório mensal.
Inflação americana sobe em junho
O CPI dos Estados Unidos subiu 0,3% em junho ante maio, segundo dados com ajustes sazonais publicados hoje pelo Departamento do Trabalho. Na comparação anual, o avanço foi de 2,7% em junho. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast esperavam para junho altas de 0,3% e 2,6%, respectivamente. Em maio, o índice cheio do CPI teve alta de 0,1% na comparação mensal e acréscimo de 2,4% no confronto anual.
Bolsas globais reagem ao CPI dos EUA e balanços
Os futuros das Bolsas de Nova York ganharam fôlego, mas seguem sem direção única, após leitura mensal divergente do índice preços ao consumidor dos EUA em junho. Por outro lado, os juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) e o dólar hoje enfraqueceram.
Investidores acompanham os desdobramentos das negociações tarifárias do governo Trump, enquanto aguardam os balanços e o CPI, que deve nortear a decisão do encontro do Federal Reserve em 30 de julho. A mediana das projeções indica aceleração da inflação para 0,30% em junho e 2,6% na comparação anual.
Os EUA também anunciaram tarifa de 17,09% sobre a maioria das importações de tomate do México, além da sobretaxa de 30% ao país anunciada no fim de semana.
A União Europeia finalizou uma segunda lista de contramedidas para atingir produtos norte-americanos no valor de US$ 84 bilhões, caso decida retaliar. As Bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta, após o crescimento de 5,2% do PIB da China no 2º trimestre — acima das expectativas. A produção industrial também surpreendeu, enquanto as vendas no varejo vieram abaixo das projeções.
As bolsas da Europa fecharam em baixa hoje, em sessão que observa com cautela as negociações entre Estados Unidos e União Europeia (UE) sobre as tarifas. As chances de uma redução nas cobranças aos europeus, assim como eventuais reações do bloco são avaliadas, em tratativas que devem seguir nos próximos dias. Além disso, a sessão contou com a divulgação de dados de inflação americanos.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 0,37%, a 544,95 pontos. Em Londres, o FTSE 100 cedeu 0,66%, a 8.938,32 pontos. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,32%, a 24.084,07 pontos. Em Paris, o CAC 40 recuou 0,54%, a 7.766,21 pontos.
BC: novo leilão de dólares
O Banco Central vendeu US$ 400 milhões em um leilão de linha realizado nesta terça-feira (15), com o objetivo de rolar o vencimento de 4 de agosto. O montante foi inferior à oferta total, que era de até US$ 1 bilhão.
Apenas uma proposta foi aceita no certame, realizado com base na taxa Ptax de venda das 12h, de R$ 5,55640. A taxa de corte foi de 5,4250%.
A venda da operação vai ocorrer no dia 4 de agosto, e a recompra, em 4 de novembro.
A oferta de dólares será feita na modalidade pós-fixado Selic, com base na taxa Ptax (referência para as operações de câmbio no mercado financeiro, calculada durante o dia pelo Banco Central) de venda das 12h. As operações de venda serão liquidadas no dia 4 de agosto, e as operações de compra, em 4 de novembro.
Commodities mostram sinais opostos: veja impacto nos ADRs
Os contratos futuros do petróleo operam em baixa nesta terça-feira, ampliando perdas da sessão anterior, à medida que o ultimato de 50 dias do presidente Donald Trump, para um acordo de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia aliviou temores sobre sanções imediatas que poderiam comprometer a oferta da commodity. Nesta manhã, o barril do petróleo WTI para agosto caía 0,08%, a US$ 66,93, enquanto o do Brent para setembro mostrava estabilidade, a US$ 69,22.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em alta de 0,13%, cotado a 767 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 107,01.
Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) recuavam levemente 0,05% no pré-mercado de Nova York nesta manhã. Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) avançavam 0,40%.
Audiência sobre IOF
Esta prevista para esta tarde, a partir das 15h (de Brasília), a audiência de conciliação entre o Executivo e o Legislativo sobre o aumento do IOF.
Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso na Corte, suspendeu todos os decretos relativos ao tributo. O governo e Congresso avançam em acordo para retirar do decreto presidencial o trecho sobre risco sacado, tido como frágil juridicamente e politicamente sensível. A avaliação é que o Palácio do Planalto aceitará a retirada parcial se o restante da norma for preservado.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
* Com informações de Maria Regina Silva, Sergio Caldas, Isabella Pugliese Vellani, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast