O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (28), penalizado pela pressão do câmbio, enquanto investidores monitoraram novas críticas de Luiz Inácio Lula da Silva a Roberto Campos Neto, dirigente do Banco Central. A principal referência da B3 terminou o dia em baixa de 0,32%, aos 123.906,55 pontos, depois de oscilar entre máxima a 124.500,19 pontos e mínima a 123.298,10 pontos.
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Nos Estados Unidos, os principais índices acionários passaram a operar no campo vermelho ao longo da sessão, com grande parte das ações do setor de tecnologia em queda. Nasdaq recuou 0,71%, enquanto Dow Jones e S&P 500 tiveram perdas de 0,1% e 0,4%, respectivamente. Mais cedo, investidores reagiram à divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), que ficou estável em maio na comparação com abril, em linha com o esperado por analistas ouvidos pela FactSet. O indicador é a métrica de inflação favorita do Federal Reserve (Fed).
Por aqui, o foco esteve na entrevista de Lula à Rádio FM O Tempo. Na ocasião, o presidente afirmou que “o dólar está subindo porque tem especulação com derivativos” para enfraquecer a moeda brasileira. O chefe do Executivo também voltou a tecer comentários negativos sobre o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ao dizer que o economista “pensa ideologicamente igual” ao governo anterior.
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As declarações de Lula contribuíram para mais uma sessão de valorização do dólar, que encerrou esta sexta-feira em alta de 1,47% a R$ 5,5883, no maior patamar desde dezembro de 2021.
A valorização da divisa beneficiou as ações da BRF (BRFS3), que ficaram entre os principais destaques positivos do Ibovespa. O bom desempenho se refletiu no valor de mercado da empresa, que voltou a tocar a marca de R$ 37,2 bilhões pela primeira vez desde outubro de 2017, de acordo com informações do Broadcast. No acumulado de 2024, os ativos da companhia sobem mais de 64%. Só no mês de junho, a valorização foi acima de 22%.
Na ponta contrária, as ações da Azul (AZUL4) figuraram entre as maiores baixas do índice, registrando uma desvalorização de mais de 50% no ano. O cenário de juros elevados, dólar forte e petróleo em alta dificulta a recuperação das companhias aéreas brasileiras em 2024.
Fora do Ibovespa, o destaque do noticiário corporativo ficou novamente com a Americanas (AMER3), após o ex-CEO da varejista, Miguel Gutierrez, ser preso em Madri, na Espanha, segundo informações divulgadas pelo Estadão. O executivo é suspeito de fraudar o balanço da companhia junto com sua diretoria, movimento que resultou em um rombo de R$ 25,3 bilhões. Com a notícia, os papéis da varejista encerraram o pregão no campo negativo.
Como é calculado o Índice Ibovespa?
O sistema de pontos do Ibovespa busca representar o comportamento dos preços do conjunto de ações nos pregões administrados pela B3. Cada ponto equivale a R$ 1. Assim, uma carteira com uma composição idêntica à do índice custa aproximadamente R$ 120 mil, que é a quantidade de pontos do Ibovespa.
Apesar de a pontuação ser importante para compreender a valorização da Bolsa, a variação de pontos durante um período é referência mais relevante para entender e comparar o desempenho das ações e de fundos de renda variável. Dessa maneira, qualquer investimento do tipo deve ter uma rentabilidade maior do que essa taxa para ser considerado bom.
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A flutuação do índice reflete a expectativa dos investidores em relação aos ativos e aos cenários interno e externo. Quando a pontuação do Ibovespa sobe, significa que, na média, as ações que a compõem se valorizaram. O movimento de queda indica que boa parte dos papéis fechou o dia no vermelho.