No primeiro dia da semana, o último de junho e do primeiro semestre, a valorização do Índice Bovespa hoje se apoia na alta das bolsas de Nova York, que renovaram máxima intradia na abertura. Além disso, a elevação de 0,21% do minério de ferro na China também anima.
Por outro lado, o recuo do petróleo e a cautela com o cenário econômico brasileiro, no momento de elevadas incertezas fiscais, podem pressionar o principal índice da B3 hoje.
Neste sentido, o boletim Focus de hoje mostra projeções de inflação ainda elevadas, com alívio apenas em 2025, com o horizonte relevante sendo mantido. Por ora, as estimativas para a taxa Selic ficaram inalteradas: 15% (2025), 12,50% (2026), 10,50% (2027).
“Apesar da melhora na margem não houve alteração nas perspectivas para prazos mais longos, dentro do horizonte relevante da política monetária”, observa o economista André Perfeito. Segundo ele, o Banco Central (BC) deve manter sua política monetária no atual patamar contracionista por mais tempo.
A Advocacia-Geral da União (AGU), a pedido do governo, iniciou estudos técnicos para acionar o STF contra a derrubada do decreto que havia elevado o IOF. “Isso pode pegar e trazer bastante volatilidade”, estima Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos. De todo modo, o Ibovespa deve terminar o primeiro semestre com alta de quase 14%, sendo uma das Bolsas que mais sobem no mundo, diz Correia.
No câmbio local, o dólar hoje abriu em leve alta de 0,09%, a R$ 5,4877. Já por volta das 14h23 (de Brasília), a moeda americana mostrava queda de 0,87%, a R$ 5,436. A moeda renovou sucessivas mínimas nesta sessão, em sintonia com máximas do Ibovespa, em dia marcado por apetite ao risco no exterior.
Na sexta-feira (27), o Ibovespa fechou em baixa de 0,18%, aos 136.865,79 pontos, acumulando recuo de 0,18% na semana e de 0,12% em junho até aquele momento.
Além do Focus, hoje foi divulgado o resultado do setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, à exceção de Petrobras (PETR3; PETR4) e Eletrobras (ELET3; ELET6)). Em maio, houve déficit primário de R$ 33,740 bilhões em maio, após um saldo positivo de R$ 14,150 bilhões em abril, informou o Banco Central. O déficit foi menor que a estimativa mais otimista colhida na pesquisa Projeções Broadcast, que apontava um saldo negativo de R$ 37,50 bilhões.
Ainda nesta segunda-feira, sairá o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A mediana das estimativas do mercado indica criação líquida de 171,8 mil vagas em maio, após saldo positivo de 257.528 de postos de trabalho em abril.
Ibovespa hoje: o que movimenta o índice nesta segunda-feira (30)
Calendário econômico da semana
A agenda econômica da semana será mais curta nos Estados Unidos, por conta do feriado de Independência na sexta-feira (4). Por lá, o destaque fica com o relatório oficial de emprego do país em junho, o payroll, com divulgação antecipada para quinta-feira (3). Nesta segunda-feira (30), o Ibovespa hoje acompanha o boletim Focus, a nota de Política Fiscal e a divulgação do Caged.
Ainda na agenda econômica hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa da cerimônia de lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, no Palácio do Planalto. Será ainda divulgado o desempenho das contas do setor público consolidado de maio.
Para hoje, no exterior, são esperados o índice de preços ao consumidor (CPI) da Alemanha de junho, que teve alta de 2,0%, uma desaceleração na comparação a maio, quando teve alta de 2,1%. O resultado contrariou a previsão de analistas, que previam avanço de 2,2%. Já as vendas no varejo alemão tiveram uma inesperada queda de 1,6% em maio. No Reino Unido, foi registrado crescimento de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2025.
No cenário doméstico, na terça-feira (1º), sai o Índice de Gerentes de Compras (PMI) da indústria de junho final. Na quarta-feira (2), destaque para o Índice de Preços ao Consumidor do município de São Paulo, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) de junho e a produção industrial de maio.
Na quinta-feira (3) o mercado acompanha o PMI composto (junho) final da S&P Global no Brasil. Na sexta-feira, a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) divulga a balança comercial de junho. Na sexta-feira (4), os mercados dos EUA estarão fechados pelo feriado da Independência.
Bolsas da Europa caem em meio a negociações comerciais
As bolsas da Europa fecharam na maioria em baixa, em um cenário de realização de lucros após os avanços da última semana, e com atenções aos desdobramentos do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A postura comercial da administração americana segue em foco, mas outras decisões também são observadas.
O índice pan-europeu Stoxx 6000 fechou em baixa de 0,42%, a 541,37 pontos. Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,43%, a 8.760,96 pontos. Em Frankfurt, o DAX recuou 0,51%, a 23.909,61 pontos. Em Paris, o CAC40 teve queda de 0,33%, a 7.665,91 pontos. Por outro lado, em Milão, o FTSE MIB subiu 0,13%, a 39.792,22 pontos. Em Madri, o Ibex35 teve alta de 0,16%, a 13.991,90 pontos.
Bolsas de NY avançam
As bolsas de Nova York abriram em alta. S&P 500 e o Nasdaq renovaram máximas intraday já no primeiro minutos de negócios, após as máximas históricas de fechamento do S&P 500 e do Nasdaq no último pregão. A melhora do ambiente comercial após o Canadá afirmar que retomou conversas com os EUA depois de o governo canadense desistir do plano de tributar empresas de serviços digitais americanas apoia os mercados locais. O presidente americano Donald Trump, que havia se enfurecido com decisão, ainda não se manifestou. Além disso, investidores aguardam o relatório de empregos americanos, o payroll, que será conhecido na próxima quinta-feira.
Por volta das 14h10, o Nasdaq subia 0,39%, enquanto o S&P 500 e o Dow Jones avançam 0,29% e 0,15%, respectivamente.
Boletim Focus atualiza apostas para juros e inflação
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (30), as previsões para os principais indicadores econômicos, incluindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic.
Investidores ficam atentos ao rumo da Selic após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa básica de juros a 15% ao ano na última reunião. Com a nova alta, a Selic passou de 10,5% ao ano para os atuais 15% em um ano.
As projeções do relatório Focus para a inflação brasileira em 2025 recuaram de 5,24% a 5,20%, mas mantendo-se acima do teto da meta (4,50%). As previsões para a Selic em 2025 seguem em 15% ao ano. Veja as projeções para os anos seguintes nesta matéria.
Commodities: petróleo recua, enquanto minério sobe
O petróleo registra leve queda, ainda com alívio nas tensões no Oriente Médio, após o cessar-fogo entre Israel e Irã, e diante da possibilidade de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) eleve sua produção novamente em agosto.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em alta de 0,21%, cotado a 715,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 99,75.
O que esperar para o mercado brasileiro hoje?
O sinal positivo em NY e a alta do minério de ferro podem favorecer o Índice Bovespa hoje. O dólar mais fraco ante várias moedas emergentes é bom sinal para o real, e os juros futuros repercutem na abertura os números do setor público consolidado.
Na reta final da preparação do Plano Safra 2025/2026, que começa oficialmente na terça-feira, o governo ainda tenta limitar o aumento de juros do plano. Os juros aplicados nos financiamentos do Plano Safra 2025/26 devem subir em relação à temporada atual, tanto para a agricultura familiar quanto para a empresarial, dada a pressão da Selic.
O mercado financeiro hoje também calcula o efeito da energia elétrica na inflação, após a Aneel anunciar o acionamento da bandeira vermelha patamar 1 nas contas de luz para o mês de julho.
Confira aqui mais notícias sobre o Ibovespa hoje ao longo do dia.
*Colaboraram: Luciana Xavier, Maria Regina Silva e Silvana Rocha, do Broadcast