Ibovespa hoje repercute derrota da MP 1.303, pesquisa e IPCA. (Foto: Adobe Stock)
Após operar boa parte da manhã em queda, oIbovespa hoje inverteu sinal e passou a subir nos últimos minutos, retomando o nível dos 141 mil pontos. Às 14h05 (de Brasília), o Ibovespa subia 0,06%, aos 142.226 pontos. As atenções do mercado estão em Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, enquanto o mercado repercute a derrota do governo com a Medida Provisória 1.303, que foi retirada da pauta da Câmara.
A intensificação da queda dos índices das Bolsas de Nova York e a virada para o negativo da maioria das ações de primeira linha na B3 – com exceção de Vale (VALE3/0,61%) na esteira do minério de ferro (0,96%) – dificulda o desempenho do Índice Bovespa. Já o dólarhoje sobe 0,71%, a R$ 5,37, e o petróleo cai 0,30%.
“O dólar está subindo por preocupações em relação ao exterior e ao Brasil. Há dúvidas quanto ao fiscal após a derrubada da MP do IOF. O mercado quer saber como o governo fará para compensar esse aumento do IOF, como fará para fechar as contas públicas neste ano e em 2026”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.
Mesmo assim, a derrubada da MP 1.303, com propostas de arrecadação alternativas ao aumento maior do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ontem na Câmara dos Deputados, tem espaço para reforçar a recuperação do Índice Bovespa. Isso porque alguns setores como o bancário escaparam de uma taxação maior.
“Vejo com otimismo a retirada de pauta da Medida Provisória 1303/2025 pela Câmara dos Deputados, o que resulta na caducidade da proposta”, pontua, Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital. Segundo ele, a decisão evita a uniformização da alíquota de imposto de renda em 18% para rendimentos de aplicações financeiras, como fundos de investimento, letras de crédito (LCA e LCI) e criptoativos, preservando a atratividade do mercado.
Outro ponto que pode ser bem visto pelos agentes é o fato de que a rejeição da MP, com opções à elevação do IOF, é vista no mercado como sinal de enfraquecimento político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a eleição de 2026. Uma eventual reeleição do petista desagrada a investidores, que têm apreço pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Contudo, Lula continua na liderança, conforme pesquisa Genial/Quaest. Levantamento divulgado hoje mostra que o presidente leva vantagem sobre todos os possíveis adversários no pleito do ano que vem. O petista lidera em todos os cenários de 1º turno, pontuando entre 35% e 43% das intenções a depender da lista de candidatos.
Além disso, as atenções ficam no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro. A inflação medida pelo indicador subiu 0,48% em setembro, depois da queda de 0,11% em agosto. O resultado ficou 0,04 ponto porcentual abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast (de 0,52%) e 0,02 ponto acima do piso das estimativas (0,46%), com teto em 0,58%.
Ibovespa hoje: veja os principais assuntos desta quinta-feira (9)
Bolsas globais operam indefinidas após ata do Fed
Os mercados globais rondam a estabilidade, com investidores à espera de novos sinais do Fed após a ata da última reunião mostrar divisão entre dirigentes sobre o ritmo de cortes de juros.
O impasse não alterou a aposta em uma redução de 50 pontos-base até dezembro, segundo a ferramenta de monitoramento do CME Group. Em Wall Street, os índices recuam, após novas máximas do S&P 500 e do Nasdaq.
O dólarhoje está lateral ante moedas fortes, monitorando as incertezas políticas nos EUA, França e Japão, enquanto os rendimentos dos Treasuries(títulos da dívida estadunidense) de longo prazo recuam levemente antes do leilão de T-bonds (títulos de dívida pública dos EUA, semelhantes ao nosso Tesouro Direto) de 30 anos.
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Na Europa, as bolsas operam mistas, com a de Londres pressionada pelo HSBC e a da França buscando recuperação à espera da escolha do sucessor do primeiro-ministro francês Sébastien Lecornu, após renúncia.
IPCA acelera em setembro com impacto da tarifa de energia
A conta de luz deve pressiona o IPCA em setembro. (Foto: Adobe Stock)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de setembro foi 0,48%, 0,59 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de recuo de 0,11% de agosto. No ano, o IPCA acumula alta de 3,64% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,17%, acima dos 5,13% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2024, a variação havia sido de 0,44%.
Com o fim da incorporação do chamado bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês de agosto, a energia elétrica residencial, do grupo Habitação (2,97%), subiu 10,31% em setembro, destacando-se como o principal impacto individual no índice do mês (0,41 p.p.). Cabe destacar a continuidade da vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 2, a partir de 1º de setembro, adicionando R$ 7,87 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos.
O IPCA de setembro apresentou um resultado qualitativo “inegavelmente benigno”, com destaque para o alívio observado em bens e serviços, avalia o economista do ASA Leonardo Costa. “Mesmo ao excluir o efeito da forte deflação de seguro de veículos, a taxa mensal dos serviços subjacentes seria de apenas 0,27%, nível baixo”, calcula. Na margem, os serviços subjacentes desaceleraram de 0,34% para 0,03%.
Apesar da desaceleração na margem, Costa considera que os serviços permanecem relativamente pressionados, mas em um nível inferior ao observado no início do ano, o que sugere uma perda de fôlego gradual da inflação subjacente.
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Para Pablo Spyer, conselheiro da Ancord, a expectativa é de desaceleração já em outubro, com a redução da bandeira tarifária de energia e a acomodação de preços administrados.
“De forma geral, o IPCA de setembro não altera o quadro de inflação sob controle e trajetória de convergência em direção à meta. O Banco Central deve manter a postura de cautela na política monetária, avaliando o comportamento dos preços de serviços e dos bens industriais ao longo do último trimestre”, avalia Spyer.
Pesquisa Genial/Quaest: Lula derrotaria rivais nos 1º e 2º turnos
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira, mostra que o presidente Lula leva vantagem sobre todos os possíveis adversários na eleição de 2026. O petista lidera em todos os cenários de 1º turno, pontuando entre 35% e 43% das intenções a depender da lista de candidatos.
Lula também venceria todos os rivais no segundo turno se a eleição fosse hoje. O presidente, contudo, não tem mais da metade das intenções de voto em nenhum dos cenários devido ao número de indecisos e àqueles que declaram que votarão em branco, nulo ou não votarão.
A pesquisa aponta que o atual presidente ampliou a vantagem sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como o principal nome da oposição neste momento. Tarcísio afirma que não embarcará na disputa pelo Palácio do Planalto e tentará a reeleição para o governo estadual.
O que mais mexe com o Ibovespa hoje
A indefinição no exterior e a queda do petróleo podem conter o Índice Bovespa hoje, mesmo com a alta do minério de ferro no retorno do feriado da Semana Dourada na China.
A rejeição da MP 1.303 pode influenciar positivamente os ativos locais, pois a derrota do governo é vista no mercado como sinal de enfraquecimento político do presidente Lula para 2026 e de possível necessidade de mudança na meta fiscal.
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Antes da decisão da Câmara, o ministro Fernando Haddad afirmou que, independentemente do resultado, o governo Lula seguirá perseguindo os mesmos objetivos, tanto sociais quanto fiscais, e que vê um movimento político semelhante ao feito em 2022, mas “com sinal trocado”.
O presidente Lula afirmou que a decisão da Câmara “não é derrota do governo, mas do povo brasileiro”, e que o resultado compromete o equilíbrio fiscal, prejudicando políticas públicas e programas sociais.
O real e os juros podem responder ainda às perdas moderadas do dólar ante moedas emergentes e dos rendimentos dos Treasuries longos.
Agenda econômica do dia
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro é o principal indicador desta quinta-feira (9). O Ibovespa hoje também repercute a derrota do governo com a Medida Provisória 1.303, que oferecia alternativas à alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas foi retirada da pauta da Câmara. Também deve atrair atenção uma nova pesquisa sobre a disputa eleitoral.
A agenda econômica desta quinta-feira ainda é marcada pelo nono dia de paralisação do governo nos Estados Unidos, que mantém suspensa a divulgação de dados oficiais.
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Em paralelo, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Nilton David, participa de um evento, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discursa no Fórum das Incorporadoras.
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viaja à Bahia para a inauguração da fábrica da BYD em Camaçari, e anúncios para o Estado da Bahia. Há a previsão de Lula conceder uma entrevista a uma rádio baiana, fora da agenda oficial.
Já o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, faz um breve discurso sobre bancos comunitários, seguido de um debate entre o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e a vice-presidente de Supervisão do Fed, Michelle Bowman.
Por fim, o Tesouro realiza leilões de venda de títulos prefixados Letras do Tesouro Nacional (LTN, títulos prefixados) e Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F, título de renda fixa).
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Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Silvana Rocha e Maria Regina Silva, do Broadcast