Powell e Moraes ficam no foco do Ibovespa hoje em meio à pressão de Trump sobre ambos. (Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje dispara perto de 2%, superando o patamar dos 137 mil pontos, nesta sexta-feira (22). Às 11h20 (de Brasília), o índice avançava 1,88%, aos 137.045 pontos. As atenções do mercado estão no discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, e no indiciamento de Jair Bolsonaro (PL).
O avanço é generalizado entre os segmentos econômicos e impulsionado pelos índices de ações da bolsa de Nova York, que intensificaram alta após o discurso de Powell. O banqueiro central enfatizou os riscos ao lado do emprego do mandato duplo e disse que a situação pode levar à retomada de cortes de juros.
“Em termos dos objetivos do duplo mandato do Fed, o mercado de trabalho permanece próximo do máximo emprego, e a inflação, embora ainda um pouco elevada, diminuiu consideravelmente em relação aos picos pós-pandemia”, disse ele, no simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos.
Os bancos intensificaram suas altas após uma semana de forte queda. Bradesco sobe 1,70% (ON) e 1,39% (PN), Banco do Brasil (+3,96%), Itaú PN (+1,81%), as units de Santander (+1,96%) e units de BTG Pactual (+0,45%). O setor intensificou seu movimento de alta após a divulgação do discurso de Jerome Powell.
Um corte de 0,25 ponto porcentual nas taxas básicas americanas, que dias atrás era tido como consenso, sofreu forte recuo e na quinta-feira (21) mostrava 70% de probabilidade, evidenciando um ambiente de maior cautela.
Embora o noticiário de política monetária dos EUA tenha reflexos por aqui, a incerteza que ronda as ações do segmento financeiro deve continuar a permear o mercado, tendo como um dos efeitos a redução da liquidez na B3.
“Além das preocupações em torno da aplicação da Lei Magnitsky, que tem influenciado o setor financeiro, pesquisas recentes apontando recuperação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também esfriam o incipiente trade eleitoral que vinha influenciando os ativos. Assim, embora as diretrizes apontadas por Powell devam definir a sessão de hoje (…), a tendência é que os investidores mantenham uma postura mais defensiva no curto prazo com os ativos domésticos”, disse Silvio Campos Neto, economista-sênior e sócio da Tendências.
No câmbio, o dólar hoje ampliou queda ante o real (0,91%), negociado a R$ 5,42, junto ao discurso de Powell – acompanhe aqui o noticiário do dólar ao longo do dia.
Entre as commodities, o minério de ferrocaiu 0,71% na China, e o petróleoavança levemente (0,13% no Brent e 0,22% no WTI).
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta sexta-feira (22)
Powell sinaliza corte de juros nos EUA
Discurso de Powell traz pistas sobre o rumo dos juros nos EUA. (Foto: Adobe Stock)
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, alertou para riscos negativos para o mercado de trabalho nos Estados Unidos, em discurso no seminário de Jackson Hole, nesta sexta-feira. De acordo com ele, o equilíbrio dos riscos parece estar mudando.
Powell destacou que a economia americana enfrenta novos desafios neste ano, mencionando como exemplos as novas políticas comercial e imigratória do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “A política de imigração mais rígida levou a uma desaceleração abrupta no crescimento da força de trabalho”, disse.
Segundo ele, a longo prazo, mudanças nas políticas fiscais, de gastos e regulatórias também podem ter implicações importantes para o crescimento econômico e a produtividade. “Há uma incerteza significativa sobre onde todas essas políticas eventualmente se estabelecerão e quais serão seus efeitos duradouros na economia”, avaliou.
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O presidente do Fed avaliou ainda que mudanças nas políticas comerciais e de imigração estão afetando tanto a demanda quanto a oferta. “Nesse ambiente, distinguir desenvolvimentos cíclicos de desenvolvimentos de tendência, ou estruturais, é difícil”, avaliou.
Na sua visão, essa distinção é “crítica”. Isso porque a política monetária pode trabalhar para estabilizar flutuações cíclicas, mas pode “fazer pouco” para alterar mudanças estruturais, explicou Powell.
O que mais esperar do Ibovespa hoje?
Investidores repercutem a eleição de Bruno Moretti como novo presidente do Conselho de Administração da Petrobras, após a saída de Pietro Mendes para uma diretoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, no Simpósio de Política Monetária de Jackson Hole, em Wyoming (EUA), está no centro da agenda econômica desta sexta-feira (22). Também a participação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na conferência de encerramento do Fórum Empresarial Lide, no Rio, será acompanhada no Ibovespa hoje.
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Moraes retoma ao foco nesta sexta-feira em meio a receio de uma nova escalada nas tensões com os Estados Unidos, após o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pela Polícia Federal por coação no curso de processo e tentativa de abolição do Estado democrático de direito.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa da 5ª Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), em Bogotá, Colômbia. Já o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participa do anúncio de investimentos para a retomada da indústria hidrelétrica no Brasil.
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, tem audiência com o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo de Oliveira, no BC, em São Paulo.
O STF começa a julgar ação que discute a incidência de Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Contribuição sobre Lucro Líquido (CSLL) sobre os valores resultantes dos atos cooperativos próprios das sociedades cooperativas, que pode ter impacto de R$ 9,1 bilhões para a União.
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Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na Bolsa de Valores brasileira, influenciando o Ibovespa hoje.
*Com informações de Paula Dias, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast