Investidores digeriram o recuo de 0,5% na produção industrial brasileira em maio, enquanto monitoraram notícias fiscais do Brasil e dos EUA. Além disso, o índice americano S&P 500 renovou máxima históricaa intradia, aos 6.227,60 pontos, acompanhando a maré positiva de segunda-feira (30), quando o índice atingiu recorde de fechamento.
No mercado de câmbio local, o dólar hoje fechou em queda de 0,75% a R$ 5,4202, enquanto o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana em relação a seis divisas fortes, terminou em baixa de 0,04% aos 96,776 pontos.
O petróleo fechou em alta e o minério de ferro fechou acima dos US$ 100 na China, patamar que não era alcançado desde 22 de maio. Em Cingapura, o minério saltou mais de 2%.
O embate do Congresso com o governo no âmbito do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) continua no radar. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou que o ajuste no IOF é para mais ricos pagarem e “não cortamos dinheiro da Saúde e Educação.” Lula defendeu nesta quarta-feira a judicialização do caso do aumento do IOF e disse que houve um “descumprimento do acordo fechado” entre o Congresso e o governo sobre o assunto.
Nesta manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a produção industrial de maio, que caiu 0,5% e veio igual à mediana das expectativas, após recuo de 0,2% em abril (dado revisado). O indicador reforça a ideia de desaquecimento gradual da atividade brasileira, e sem forças para alterar a maioria das apostas de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano por um longo período, como tem indicado o Banco Central.
Nos Estados Unidos, o setor privado criou 33 mil empregos em junho, segundo pesquisa com ajustes sazonais divulgada pela ADP. Analistas consultados pela FactSet previam geração de 115 mil postos de trabalho neste mês.
O que o investidor ficou atento no Ibovespa hoje
Agenda econômica do dia
A agenda econômica desta quarta-feira (2) concentrou atenções na produção industrial de maio no Brasil e o relatório ADP de criação de empregos no setor privado dos Estados Unidos. Além disso, o Ibovespa hoje monitorou o encerramento do Fórum do Banco Central Europeu (BCE) de Sintra, em Portugal, com o discurso da presidente Christine Lagarde.
Ainda na agenda econômica hoje, o presidente Lula fez uma caminhada do feriado estadual da Independência da Bahia, em Salvador, depois embarcou para Buenos Aires, para reunião da Cúpula do Mercosul. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cumpriu agenda em Buenos Aires, com destaque para a reunião bilateral com seu homólogo argentino.
Investidores também acompanharam a participação de Nilton David, diretor de Política Monetária do Banco Central, em evento aberto do Citi em São Paulo, enquanto o diretor de Regulação do Banco Central (BC), Gilveu Vivan, participou de evento da ABBC.
Bolsas globais avançam em véspera de payroll
As bolsas da Europa continental fecharam em alta hoje, em uma sessão marcada por avanços no setores de mineração e bancário, enquanto as tratativas por acordos comerciais com os Estados Unidos seguiram no radar. Já em Londres, apesar de fortes ganhos de mineradoras, o principal índice acionário recuou, diante de uma crise política em virtude do orçamento que vem pressionando o governo do primeiro-ministro Keir Starmer e ameaça o cargo da secretária do Tesouro Rachel Reeves.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 0,18%, a 541,21 pontos. Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,12%, a 8.774,69 pontos. Em Frankfurt, o DAX subiu 0,49%, a 23.790,11 pontos. Em Paris, o CAC 40 avançou 0,99%, a 7.738,42 pontos.
As Bolsas de NY, por sua vez, fecharam em direções distintas na véspera da divulgação do relatório oficial de emprego dos EUA, o payroll. Enquanto o Nasdaq e o S&P 500 avançaram 0,94% e 0,47%, respectivamente, o Dow Jones recuou 0,02%.
As ações de bancos subiram após Goldman Sachs, JPMorgan, Bank of America (BofA), Morgan Stanley e Wells Fargo anunciarem aumento de dividendos, impulsionados pelo resultado positivo no teste de estresse do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), divulgado na última sexta-feira (27).
Depois de uma maratona de votos, o Senado dos Estados Unidos aprovou o projeto orçamentário do presidente Donald Trump, que propõe cortes de impostos e gastos. O plano, batizado de “Big, Beautiful Bill” (“Grande, Bonito Projeto”, em tradução livre), tem gerado críticas de Wall Street à Main Street, com riscos à sustentabilidade fiscal dos EUA — que já enfrentam uma dívida superior a US$ 36,2 trilhões — e maior pressão inflacionária em um cenário de juros ainda elevados.
Produção industrial de maio acompanha as projeções
A produção industrial de maio caiu 0,5% ante abril, na série com ajuste sazonal, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é igual a mediana das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, com intervalo entre uma queda de 3,5% a uma alta de 0,4%.
Em relação a maio de 2024, a produção teve alta de 3,3%. Nessa comparação, sem ajuste, as estimativas variavam desde uma queda de 0,6% a um avanço de 4,9%, com mediana positiva de 3,6%. No acumulado do ano, que tem como base de comparação o mesmo período do ano anterior, a indústria teve uma alta de 1,8%. No acumulado em 12 meses, a produção subiu 2,8%.
Commodities: petróleo avança, minério acima de US$ 100
Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta próxima de 3% hoje, em uma sessão na qual foram impulsionados pelas perspectivas para acordos sobre as disputas tarifárias e os desdobramentos envolvendo as tensões no Oriente Médio. O Irã vem evitando cooperação internacional sobre seus planos nucleares, o que é alvo de críticas de potenciais ocidentais, enquanto foram renovados os indícios de que o país estaria disposto a bloquear a passagem pelo Estreito de Ormuz em caso de escalada dos conflitos.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para agosto fechou em alta de 3,05% (US$ 2,00), a US$ 67,45 o barril. Já o Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 2,98% (US$ 2,00), a US$ 69,11 o barril.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, de setembro de 2025, fechou acima dos US$ 100 pela primeira vez desde 22 de maio. A commodity subiu 1,69%, cotado a 722,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 100,82.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar dos investidores e impactaram as negociações na Bolsa de Valores brasileira, influenciando o Ibovespa hoje.
* Com informações de Maria Regina Silva, Daniela Amorim, Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast