Mercado precifica a manutenção dos juros na decisão do Copom desta Super Quarta. (Foto: Adobe Stock)
OIbovespa hoje fechou em um novo recorde de encerramento. Nesta quarta-feira (17), o principal índice da B3 subiu 1,06% aos 145.593,63 pontos. Mais cedo, chegou a bater a sua máxima histórica intradiária, aos 146.330,90 pontos. É o terceiro dia seguido em que o Ibovespa renova recordes de fechamento. O mercado acompanhou a decisão do Federal Reserve (Fed), banco central americano, que cortou os juros em 25 pontos-base, para a faixa entre 4% a 4,25% ao ano. Mais tarde chega a vez do Comitê de Política Monetária (Copom) definir os rumos da Selic.
A decisão do Fed não foi unânime. O novo diretor Stephen Miran votou por um corte de 50 pontos-base. Ele foi indicado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para ocupar o mandato-tampão deixado após a renúncia da ex-diretora Adriana Kugler.
Em coletiva de imprensa, Jerome Powell, presidente do Fed, disse que não houve “apoio disseminado” para um corte de 50 pontos-base na reunião de setembro. Segundo ele, o banco central americano fez bem em esperar para ver como as tarifas, a inflação e o mercado de trabalho evoluíram. Os riscos estavam inclinados para a inflação, e agora estão se equilibrando, na sua visão.
“Devemos estar nos movendo na direção da neutralidade, e foi o que fizemos hoje. Não houve apoio generalizado para um corte de 50 pontos-base”, disse Powell.
Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, avalia que, mais significativo do que a própria decisão, foram as mudanças no chamado Dot Plot (gráfico de pontos, em português), que reúne as projeções dos membros do comitê. Os dirigentes reduziram as projeções para a taxa de juros para 2025, 2026 e 2027, na comparação com as estimativas divulgadas após a reunião de política monetária de junho.
Para 2025, a mediana das estimativas para a taxa caiu de 3,9% em junho para 3,6% em setembro. Para 2026, a projeção passou de 3,6% para 3,4%, no mesmo período. Para 2027, a expectativa foi reduzida de 3,4% para 3,1%%. No longo prazo a mediana permaneceu inalterada em 3%. O patamar projetado para 2028 foi calculado em 3,1%.
De acordo com Zogbi, as projeções indicam mais dois cortes de juros ainda em 2025 e uma redução adicional em 2026, sinalizando que os membros do comitê não veem um grande espaço para um afrouxamento mais significativo. “Isso pode gerar algum ruído em um mercado que vem se apoiando fortemente na expectativa de um ambiente de política monetária mais estimulativa”, afirma.
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Na avaliação de William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, o Fed adotou um tom dovish (mais flexível) em seu comunicado. “O BC americano adicionou em sua comunicação 3 frases que denotam essa maior preocupação: ‘os riscos negativos para o emprego aumentaram’, ‘os ganhos de empregos desaceleraram’ e ‘a taxa de desemprego aumentou ligeiramente’. Isso é importante, uma vez que denota uma postura de continuidade de novos cortes olhando à frente”, diz.
Após o comunicado, o dólar hoje chegou a atingir mínima a R$ 5,2762, mas depois voltou a subir e fechou em alta de 0,06% a R$ 5,3012 – acompanhe o noticiário sobre a moeda americana.
Mauricio Garret, chefe da mesa de operações internacionais do Inter, avalia que o início do ciclo de corte de juros pelo Fed é positivo para os ativos de risco, como as ações. “Dito isso, a tendência de dólar fraco deve continuar com os juros mais baixos à frente, o que é extremamente positivo para os mercados emergentes”, acrescenta.
Ibovespa hoje: os assuntos que nortearam o mercado nesta Superquarta (17)
Copom: o que esperar da decisão de juros?
Mercado projeta manutenção da Selic em 15% ao ano. (Foto: Adobe Stock)
No mercado brasileiro, a expectativa é unânime: o Copom deve manter a Selic em 15% ao ano na reunião de hoje, segundo o Projeções Broadcast. O mercado leva em conta as sinalizações da autoridade monetária de que a taxa básica de juros deverá permanecer elevada por “período prolongado”. Mas o quão prolongado será esse período é objeto de discussão entre analistas.
No áudio a seguir, Fabricio Tonegutti, especialista em direito tributário pela Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia a manutenção prevista da Selic nesta quarta-feira.
Bolsas globais mostram cautela
Os índices de Nova York terminaram mistos, com Dow Jones em alta de 0,57%, enquanto S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,10% e 0,33%, respectivamente. Já o dólar hoje subiu frente a moedas fortes, com o índice DXY, que compara a divisa americana com seis pares, avançando 0,39% aos 97,014 pontos.
Na Europa, a expectativa está na decisão do Banco da Inglaterra, na quinta-feira (18). Por lá, a inflação ao consumidor se manteve em alta de 3,8% em agosto — em linha com o esperado, mas acima da meta de 2% do BOE.
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Já o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) da zona do euro ficou em 2% no mês passado, exatamente na meta do Banco Central Europeu (BCE).
Em Londres, o FTSE 100 subiu 0,14%, aos 9.208,37 pontos. Em Frankfurt, o DAX ganhou 0,08%, a 23.346,95 pontos. Em Paris, o CAC 40 registrou queda de 0,40%, a 7.786,98 pontos. Em Milão, o FTSE MIB recuou 0,40%, aos 41.954,98 pontos. O IBEX35, em Madrid, apontou baixa de 0,18%, aos 15.136,20 pontos, enquanto em Lisboa, o PSI20 cedeu 0,10%, aos 7.729,87 pontos.
Popularidade do governo Lula ainda enfrenta desaprovação
A aprovação sobre o governo Lula ficou estável em setembro, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira. O levantamento aponta que 51% dos entrevistados desaprovam a gestão, enquanto 46% aprovam e 3% não souberam ou não responderam, patamares iguais aos registrados pela pesquisa em agosto.
A pesquisa também aponta que 50% dizem que o governo do presidente Lula está pior do que esperava em setembro, ante 45% em maio. Para 21%, está melhor, ante 16% no levantamento de maio. Não sabem ou não responderam 2%, ante 3%.
Ainda, a amostra aponta que a maioria dos brasileiros apoia a postura do presidente Lula em temas de política internacional. De acordo com a pesquisa, 64% afirmam que o governo acerta ao defender a soberania nacional diante de Trump, em meio ao tarifaço imposto contra o Brasil. Para 26%, Lula erra, enquanto 10% não souberam ou não responderam.
Agenda econômica do dia
Naagenda econômica desta quarta-feira (17), saíram os dados do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), que subiu 0,21% em setembro, após alta de 0,16% em agosto. O indicador acumula queda de 1,06% no ano e alta de 2,88% em 12 meses. O resultado veio menor que a mediana das estimativas colhidas pelos Projeções Broadcast, de alta de 0,33%, com intervalo entre +0,10% e +0,39%.
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O foco segue ainda na política, após a Câmara aprovar a Proposta de Emenda a Constituição (PEC) que blinda parlamentar de processo judicial, e no debate sobre a anistia aos condenados por tentativa de Golpe de Estado.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na Bolsa de Valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva e Paula Dias, do Broadcast