Além disso, a desvalorização das bolsas americanas pesa, enquanto investidores esperam o anúncio no início da tarde de acordos tarifários feitos pelos EUA com diversos países. Ao mesmo tempo, monitoram a ameaça tarifária dos EUA aos Brics (sigla que representa o bloco de países formados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “É cautela total com tarifas”, afirma o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
A desvalorização devolve parte dos lucros recentes do principal índice da B3 hoje. Na sexta-feira (4), o índice encerrou aos 141.263,56 pontos, com alta de 0,24%, em nova máxima histórica. Na semana, acumulou valorização de 3,21%.
“Olhando mais para o longo prazo e não recuando, podemos falar num horizonte na faixa de 150 mil pontos para o Ibovespa”, afirma Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil.
Na volta dos mercados em Wall Street, depois do feriado da Independência na sexta-feira, investidores focam nos anúncios de acordos tarifários dos Estados Unidos, às vésperas do fim da pausa de tarifas estipulada pelo presidente Donald Trump.
“O mercado quer ver o que Trump vai falar sobre as negociações que não estão andando como com Japão e a União Europeia”, diz Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital, lembrando ainda da tarifa adicional de 10% prometida pelo republicano ao Brics. “Acho que essa ideia de implementar mais 10% vai continuar”, estima.
A saída encontrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para o impasse do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ao marcar uma audiência de conciliação entre Executivo e Legislativo para o próximo dia 15, foi bem recebida pelo mercado de ações.
No câmbio doméstico, o dólar hoje abriu em alta de 0,33%, negociado a R$ 5,4428. A moeda americana deve acompanhar a valorização do dólar no exterior em meio a expectativas dos anúncio tarifários nos Estados Unidos – acompanhe todos os detalhes sobre o dólar nesta reportagem. Às 12h08 (de Brasília), o dólar subia 0,40%, a R$ 5,4693.
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta segunda-feira (7)
Agenda econômica do dia
Os mercados abrem a segunda-feira (7) focados nos anúncios de acordos tarifários dos EUA e na divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que deve detalhar a visão sobre a atividade, inflação e emprego americanos em meio às incertezas comerciais. No Brasil, os resultados do varejo, serviços e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho devem ganhar as atenções no Ibovespa hoje em busca de pistas sobre quando o Banco Central (BC) poderá iniciar o corte da Selic.
Na agenda econômica hoje, a reunião de Cúpula dos países do Brics (sigla que representa o bloco de países formados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) prossegue no Rio de Janeiro nesta segunda-feira e também serão acompanhados o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de junho e o resultado do boletim Focus. Confira aqui o calendário econômico da semana.
As vendas no varejo restrito e ampliado em maio saem na terça-feira (8); o IPCA de junho, na quinta-feira (10); e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), na sexta-feira (11). A B3 funcionará normalmente na quarta-feira, apesar do feriado de 9 de julho em São Paulo – veja o que funciona neste dia.
Nesta semana, os destaques internacionais incluem a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) e o fim da pausa nas tarifas recíprocas do governo do presidente americano, Donald Trump, na quarta-feira. Nos EUA, saem dados de crédito ao consumidor na terça e estoques no atacado na quarta.
Dirigentes do Fed, Banco da Inglaterra (BoE) e Banco Central Europeu (BCE) discursam ao longo da semana. Decisões de juros serão divulgadas na terça pelo banco central da Austrália e na quarta pelo da Coreia do Sul. Na China, saem os dados de inflação de junho na terça, e da balança comercial no sábado (12).
Bolsas globais adotam cautela à espera de tarifas de Trump
A volta do feriado nos EUA tem agenda esvaziada, e os investidores adotam cautela diante das incertezas comerciais. O presidente Donald Trump anunciou que os acordos tarifários com diversos países serão divulgados a partir das 13h (horário de Brasília) desta segunda-feira e que começará a enviar cartas a parceiros que ainda não tenham firmado pactos com seu governo.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que Trump irá notificar os parceiros comerciais sem acordo estabelecido até 1º de agosto sobre o retorno às tarifas implementadas em 2 de abril.
Além disso, o presidente dos Estados Unidos ameaçou os países ligados ao Brics com uma tarifa adicional de importação de 10%. “Qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics será submetido a uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política”, escreveu o republicano na rede Truth Social na noite do domingo (6).
A ameaça de Trump ocorreu durante a Cúpula do Brics no Rio de Janeiro, que termina nesta segunda-feira. No encontro, os países integrantes do bloco sinalizaram “sérias preocupações” com as medidas protecionistas e unilaterais de comércio, em referência à guerra tarifária deflagrada pelo presidente americano, sem citá-lo nominalmente.
Os índices futuros de Nova York caem, enquanto as ações da Tesla (TSLA34) recuam no pré-mercado após Elon Musk anunciar a criação de um novo partido político, que Trump chamou de “ridículo”.
Na Europa, o fôlego é curto em meio ao aumento da produção industrial na Alemanha acima das previsões e as incertezas sobre as negociações dos EUA com a União Europeia.
Commodities: petróleo sobe, enquanto minério recua
Os preços do petróleo sobem após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anunciar no fim de semana um aumento de oferta superior ao esperado para agosto, de 548 mil barris por dia. O movimento também reflete o ambiente de cautela nos mercados com a aproximação do prazo para os EUA fecharem acordos tarifários. Nesta manhã, o barril do WTI subia 0,09%, a US$ 67,06, e o do Brent subia 0,63%, a US$ 68,73.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em queda de 0,68%, cotado a 731 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 102,01.
Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) recuavam 0,98% no pré-mercado de Nova York nesta manhã. Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) cediam 1,23%.
Focus mostra nova queda para projeção de inflação
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (7), as previsões para os principais indicadores econômicos, incluindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic.
A mediana das projeções do relatório do BC para a inflação brasileira em 2025 caiu de 5,20% a 5,18%, acima do teto da meta (4,50%). Para os juros brasileiros, o boletim Focus espera que a Selic continue em 15% ao final de 2025, mesmo patamar da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Veja o que esperar para os próximos anos nesta matéria.
O que esperar do Ibovespa hoje?
A ameaça de Trump aos países do Brics e a queda do minério de ferro podem pressionar o Índice Bovespa hoje, após o índice renovar sua máxima histórica na sexta-feira (4), aos 141.263,56 pontos, acumulando ganho de 3,21% na semana passada. Uma leve alta do petróleo pode amenizar o cenário, se persistir ao longo do dia, e a Petrobras segue no radar.
A valorização do dólar hoje e dos rendimentos longos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) também devem pesar nos mercados de câmbio e juros, que subiram na sexta, reagindo à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender os decretos do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e marcar uma audiência de conciliação entre governo e Congresso para o dia 15 de julho.
Após a sinalização da Corte, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu o corte em emendas parlamentares, sinalizou que a medida provisória (MP) para compensar o IOF deve caminhar bem no Legislativo e prometeu pautar ainda este ano o projeto que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil — defendendo a taxação dos mais ricos para viabilizar a medida.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na Bolsa de Valores brasileira, influenciando o Ibovespa hoje.
* Com informações de Maria Regina Silva, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast