O índice contou ainda com forte apoio do principal papel da carteira, Vale (VALE3), que avançou cerca de 2,73%, com Petrobras (PETR3 +0,27%, PETR4 +0,19%) e as ações dos maiores bancos também no campo positivo, à exceção de Banco do Brasil (BBAS3 -1,97%).
Ao mesmo tempo, o dólar hoje caiu ante o real, observa Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, em nota. Segundo ela, o movimento indica certa recuperação dos ativos, embora o cenário ainda seja bastante incerto no âmbito das tarifas americanas impostas ao Brasil. A moeda americana cedeu 0,4% a R$ 5,5650.
A alta de 2,08% do minério de ferro, na China, e das ações em Nova York estimulou o principal índice da B3 hoje. Além disso, novo alívio nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano e do seguinte no boletim Focus foi bem visto, atenuando as recentes quedas do Índice Bovespa.
Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em baixa de 1,61%, aos 133.381,58 pontos, no menor nível de encerramento em três meses, terminando a semana com recuo de 2,06%.
O economista-chefe do BV, Roberto Padovani, pontua que a semana passada foi mais um período complicado nos mercados, em função de temas globais. “As atenções continuaram voltadas a questões tarifárias norte-americanas, com imposição de novas tarifas a diversos países, com atenção especial a Brasil e México”, diz, acrescentando que o assunto deve continuar no foco, assim como a pressão sobre o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, para que reduza os juros dos EUA.
Há temores de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, endureça ainda mais as tarifas de 50% impostas ao Brasil após a ofensiva contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na sexta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou medidas restritivas a Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica, em meio ao tarifaço brasileiro.
Quanto ao Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, o destaque foi a desaceleração nas estimativas para o IPCA e para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). A mediana para o IPCA de 2026 passou de 4,50% para 4,45%, abaixo do teto da meta pela primeira vez desde o relatório publicado em 17 de março. Para 2025, a expectativa foi de 5,17% para 5,10%.
Ibovespa hoje: os destaques do mercado nesta segunda-feira (21)
A agenda econômica da semana trouxe o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas de junho e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de julho. Nesta segunda-feira (21), uma entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Rádio CBN, e o encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Chile, com os presidentes Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Yamandú Orsi (Uruguai) e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, foram os destaques no Ibovespa hoje.
Também na agenda econômica desta segunda-feira, destaque foi para o boletim Focus. Na terça-feira (22), será publicado o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias de junho e o Banco Central (BC) realizará um leilão de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) de até US$ 600 milhões para rolagem do vencimento de 4 de agosto de 2025.
O IPCA-15 de julho, também chamado de prévia da inflação, e os dados de transações correntes e Investimentos Diretos no País (IDP) de junho também estão previstos na sexta-feira (25).
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, participa de evento na terça; e o Banco Central Europeu (BCE) divulga decisão de juros na quinta-feira (24), seguida de entrevista da presidente da instituição, Christine Lagarde. As prévias de julho dos Índices de Gerentes de Compras (PMIs) europeus e dos EUA saem também na quinta; e as encomendas de bens duráveis americanos, na sexta.
Na agenda de balanços corporativos do segundo trimestre de 2025, Verizon publicou nesta segunda-feira no pré-mercado em Nova York; GM, Coca-Cola divulgam na terça; Alphabet (GOGL34) e Tesla (TSLA34) na quarta-feira (23); Deutsche Bank e Intel, na quinta.
Bolsas de Nova York fecham sem sinal único
As bolsas de Nova York fecharam mistas hoje, com investidores de olho em novos balanços corporativos – Alphabet, controladora do Google, Tesla e Intel divulgam números nesta semana – e nos desdobramentos de negociações tarifárias dos Estados Unidos com parceiros comerciais. Dow Jones cedeu 0,04%, enquanto S&P 500 e Nasdaq subiram 0,14% e 0,38%, respectivamente.
Na Europa, as bolsas de valores fecharam sem sinal único, influenciadas por resultados corporativos mistos e pela expectativa em torno de avanços nas negociações tarifárias entre EUA e União Europeia, em dia de agenda fraca de indicadores. O secretário do Comércio americano, Howard Lutnick, afirmou que 1º de agosto é o prazo final para imposição das tarifas, mas que isso não impede negociações posteriores.
Na Ásia, as bolsas fecharam majoritariamente em alta após o banco central da China manter suas principais taxas de juros estáveis. Os mercados também monitoraram o cenário político no Japão, onde o governo sofreu derrota nas eleições legislativas, o que pode enfraquecer sua posição nas negociações comerciais com os EUA.
Boletim Focus traz novo recuo da inflação
As apostas do relatório do BC para a inflação brasileira em 2025 tiveram novo recuo, passando de 5,17% para 5,10%, mas ainda acima do teto da meta, de 4,50%. Enquanto isso, as previsões do boletim Focus para os juros brasileiros se mantiveram em 15% no final de 2025 – veja as previsões para os anos seguintes nesta reportagem.
Commodities operam em direções distintas
Os contratos futuros do petróleo fecharam em baixa, ampliando perdas da semana passada, enquanto investidores avaliam o impacto de novas sanções da União Europeia (UE) ao petróleo da Rússia e acompanham desdobramentos da ofensiva tarifária do governo Trump, que podem comprometer a demanda pela commodity. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro recuou de 0,15%, a US$ 65,95 o barril. Já o Brent para mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), cedeu 0,10%, a US$ 69,21 o barril.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em alta de 2,08%, cotado a 809 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 112,7.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores, impactando as negociações no Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast