

O Ibovespa hoje abriu em queda de 0,50%, aos 127.161 pontos nesta quinta-feira (10). As atenções do mercado estão em novos capítulos da guerra comercial, especialmente na queda de braço entre Estados Unidos e China sobre tarifação de produtos. No Brasil, saem dados de serviço — veja aqui a agenda econômica completa.
O avanço de 3,06% do minério de ferro na China e de mais de 5% das Bolsas europeias pode não ser suficiente para animar o principal índice da B3 hoje. Isso porque a queda do petróleo e dos índices futuros de ações em Nova York pode inibir uma valorização — veja detalhes da operação das Bolsas globais hoje nesta matéria.
Além disso, o crescimento de 0,8% no volume de serviços em fevereiro, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) — acima do teto das projeções — traz risco aos juros futuros e às ações mais sensíveis ao ciclo econômico na B3. Já o dólar hoje firmou alta ante o real, após abrir em estabilidade. Às 10h08 (de Brasília), a moeda americana subia 0,92%, a R$ 5,90 (veja detalhes aqui).
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Na quarta-feira (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma suspensão de 90 dias das chamadas tarifas recíprocas acima de 10%, exceto para a China. O gigante asiático, no entanto, teve suas tarifas elevadas para 125%. Em resposta, Pequim discute novos estímulos econômicos em um cenário de deflação e busca estreitar laços com a União Europeia.
Apesar de sinais de pausa nos conflitos comerciais, que podem reduzir os temores de uma recessão global, o impasse entre Estados Unidos e China ainda exige cautela, já que ambos continuam em atrito. Hoje, a União Europeia decidiu pausar as contramedidas tarifárias aos EUA.
Na avaliação de Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, há espaço para o Índice Bovespa hoje subir e buscar a faixa dos 130 mil pontos. “Mas a China segue preocupando com desinflação e baixo consumo das famílias”, menciona.
Já Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Dom Investimentos, acredita que a taxação sob a China abriu espaço para que ela se aliasse a outros países. “É o tiro saindo pela culatra”, brinca. “Ainda deve ter muita volatilidade nesses próximos dias e o investidor precisa ter calma e fôlego para lidar com essas altas e baixas”, completa.
- Confira aqui a agenda econômica das empresas nesta quinta-feira
Ibovespa hoje: assuntos para ter no radar nesta quinta
Como as Bolsas internacionais hoje reagem à pausa nas tarifas?
As Bolsas asiáticas fecharam em alta após os EUA suspenderem, por 90 dias, tarifas recíprocas acima de 10% para países que não retaliaram — beneficiando especialmente Japão (antes sobretaxado em 24%) e União Europeia (20%).
Sobre a China, o presidente americano, Donald Trump, indicou uma possível trégua na guerra comercial, dizendo esperar um telefonema de Xi Jinping e descartando novos aumentos tarifários.
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Na véspera, Trump sinalizou que “um acordo será feito com a China e com todos os países”. No entanto, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse que esses acordos não acontecerão imediatamente.
As Bolsas europeias exibem altas de até 6%, mas os índices futuros em Nova York recuam, assim como os retornos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) e o dólar hoje frente aos seus pares principais, em meio às incertezas econômicas e à inflação dos EUA — que reflete os primeiros efeitos das tarifas.
O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que as tarifas podem enfraquecer o mercado de trabalho e aumentar a inflação, mas que a barra para cortes de juros pelo Fed “continua alta”.
CPI: como está a inflação dos EUA sob medidas de Trump?
O mercado reage também ao índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA de março, mostrando a inflação do país. O CPI caiu 0,1% em março ante fevereiro, segundo dados com ajustes sazonais publicados pelo Departamento do Trabalho. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast esperavam para março altas de 0,1% e 2,6%, respectivamente.
Além disso, o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos subiu 4 mil na semana encerrada em 5 de abril, para 223 mil, segundo pesquisa divulgada pelo Departamento do Trabalho do país nesta quinta-feira. O resultado ficou um pouco abaixo da expectativa de analistas da FactSet, que previam 225 mil solicitações no período.
Dados de serviço crescem no Brasil
O volume de serviços prestados subiu 0,8% em fevereiro ante janeiro, na série com ajuste sazonal, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mês anterior, o resultado do indicador foi revisto de uma queda de 0,2% para um recuo de 0,6%.
O resultado de fevereiro ficou acima do teto das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que iam de queda de 0,5% a alta de 0,4%, com mediana de estabilidade (0,0%).
Na comparação com fevereiro do ano anterior, houve elevação de 4,2% em fevereiro de 2025, já descontado o efeito da inflação. Nessa comparação, as previsões eram de uma elevação de 2,1% a 4,4%, com mediana positiva de 3,3%.
Commodities: petróleo recua, minério sobe
O petróleo opera em queda, recuando 2,5% nas mínimas, depois de saltarem mais de 4% na véspera em reação à decisão dos EUA de suspender a maioria tarifas “recíprocas”. Às 9h45, o barril do petróleo WTI para maio caía 1,69%, enquanto o do Brent para junho recuava 1,70%.
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Como os EUA também elevaram as tarifas para a China, de 104% para 125%, o ambiente comercial segue dominado por incertezas. Por lá, o minério de ferro fechou em alta de 3,06%, cotado a 707 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 96,19.
Com o efeito das commodities hoje, os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) recuavam 1,02% no pré-mercado de Nova York, por volta das 9h45 (de Brasília). Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) cediam 0,16% no mesmo horário.
Como fica o Ibovespa hoje com a “trégua” nas tarifas?
Os sinais negativos em Nova York e a queda do petróleo devem pesar sobre o índice hoje. A queda dos retornos dos Treasuries pode afetar a curva de juros local, enquanto a alta do dólar frente a moedas emergentes tende a pressionar o real.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não há “medida prática” contra os EUA, pois o Brasil adotará a “reciprocidade” e pretende negociar com os americanos.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na Bolsa de Valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
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*Com informações de Sergio Caldas, Daniela Amorim, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast