O mercado brasileiro de ações aponta para um pregão de oscilações contidas, mas com viés de baixa, com a alta de 0,12% do dólar (negociado a R$ 5,44) e dos juros longos. Por outro lado, a recuperação de preços do minério de ferro e do petróleo pode limitar o movimento vendedor na Bolsa.
Embora o Ibovespa tenha terminado a sexta-feira (8) em queda — muito por conta das baixas de Petrobras (PETR3; PETR4) no pós-balanço do segundo trimestre —, o saldo da última semana foi positivo, com ganho de 2,62% para o índice.
Preocupa, no entanto, a postura cautelosa do investidor estrangeiro na Bolsa brasileira. Depois da saída de R$ 6,6 bilhões em recursos externos em julho, o saldo líquido dos não residentes estava negativo em R$ 1,67 bilhão nos sete primeiros dias de agosto, de acordo com dados da B3.
A semana que se inicia leva investidores e analistas a manterem o foco na crise comercial com os Estados Unidos, que não mostra sinais concretos de evolução. Enquanto isso, o governo prepara para terça-feira (12) a divulgação das linhas gerais do plano de contingência para apoio aos setores mais afetados pela sobretarifa.
Na semana passada, boa parte da alta do Ibovespa foi atribuída à repercussão de balanços trimestrais, como o do Itaú (ITUB4), que impulsionou os papéis do setor financeiro. Esta, porém, é a última semana da temporada de resultados do segundo trimestre: ao menos 52 empresas divulgam seus números de hoje até sexta-feira – veja aqui o calendário.
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Ibovespa hoje: o que você deve acompanhar nesta segunda-feira (11)
Agenda econômica da semana
A semana começa com a expectativa de que o plano de contingência do governo Lula para mitigar os efeitos da tarifa comercial de 50% imposta pelos Estados Unidos ao Brasil possa ser anunciado na terça-feira (12). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, nesta segunda-feira para discutir o assunto, e pode repercutir no Ibovespa hoje.
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, participa nesta segunda-feira de uma palestra na Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Será conhecido também o Boletim Focus.
Os índices de inflação no Brasil (IPCA) e nos EUA (CPI e PPI) de junho serão destaques na agenda econômica da semana, com investidores à espera de mais informações para ajustar suas apostas sobre o início de cortes de juros nos dois países.
Na terça-feira (12), a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) divulga relatório mensal. Quarta-feira (13) é dia de vendas do varejo e CPI de julho da Alemanha.
Na quinta-feira (14) serão conhecidos a pesquisa de serviços no Brasil, Produto Interno Bruto (PIB) preliminar do Reino Unido do segundo trimestre, além do PIB do segundo trimestre e a produção industrial de junho da zona do euro. A China informa a produção industrial, as vendas no varejo e o investimento em ativos fixos, todos referentes a julho.
Na sexta-feira (15), é a vez de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua trimestral do segundo trimestre no Brasil. Nos EUA, serão divulgadas as vendas no varejo de julho, a produção industrial de julho e o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan para agosto.
Bolsas globais operam de lado
As bolsas internacionais têm direções opostas nesta manhã, com os futuros das bolsas de Nova York em alta, enquanto as bolsas europeias seguem sem direção única em um dia de agenda esvaziada.
Os preços do ouro recuam mais de 2% nesta manhã, enquanto investidores aguardam esclarecimentos da Casa Branca sobre possíveis tarifas específicas por país sobre barras de ouro.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que as negociações em andamento com países que ainda não fecharam acordo comercial devem ser concluídas até outubro. Bessent lidera negociações com o Japão e a China para reequilibrar o déficit comercial dos EUA, que atingiu US$ 1,18 trilhão em 2024.
A vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed), Michelle Bowman, apontou que, a partir da reunião de julho, começou a defender a redução pelas condições do mercado de trabalho. Segundo ela, a inflação retornará aos 2% após a dissipação dos efeitos altistas das tarifas comerciais de Trump.
Focus reduz projeção do IPCA pela 11ª semana: e os juros?
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (11), as previsões para os principais indicadores econômicos, incluindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic.
A mediana do relatório Focus para a inflação brasileira de 2025 caiu de 5,07% para 5,05%, a 11ª baixa seguida. A taxa está 0,55 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%. Considerando apenas as 60 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a medida passou de 5,03% para 5,05%.
Enquanto isso, a mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15% pela sétima semana consecutiva, após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido os juros neste nível na mais recente reunião, em 30 de julho – leia todos os detalhes do Boletim Focus nesta reportagem.
Commodities em alta: veja o impacto nos ADRs de Vale e Petrobras
Os contratos futuros do petróleo sobem, após perdas de até mais de 5% da semana passada, enquanto investidores aguardam reunião entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, no Alasca, para discutir um acordo de cessar-fogo na Ucrânia. Nesta manhã, o barril do petróleo WTI para setembro subia 0,14%, a US$ 63,97, enquanto o do Brent para outubro ganhava 0,24%, a US$ 66,75.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em alta de 0,82%, cotado a 796,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 110,86.
Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) subiam 0,59% no pré-mercado de Nova York nesta manhã. Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) avançavam 0,41%
Plano de contingência sob tarifas: o que mais esperar do Ibovespa hoje?
O Índice Bovespa hoje pode ter um fôlego limitado, refletindo o humor externo e a fraqueza na agenda local. O EWZ, principal fundo de índice (ETF, fundo de investimento negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma ação) brasileiro negociado em Nova York operava em alta de 0,14% no pré-mercado nesta manhã.
As atenções estão voltadas para o plano de contingência, com foco nas empresas que mais exportam para os EUA. Alckmin destacou que a prioridade é não retaliar os EUA, mas ampliar os setores isentos das tarifas.
O economista Marcos Lisboa alerta que o impacto do tarifaço pode ser mais grave do que o imaginado, desorganizando cadeias produtivas, e sugere que o governo evite pacotes de socorro aos setores privados afetados.
Na sexta-feira (8), Guilherme Mello, do Ministério da Fazenda, afirmou, no entanto, que o impacto será “bastante contido”.
A Petrobras (PETR3; PETR4) está no centro das atenções do mercado brasileiro. O segundo semestre da estatal deve ser marcado por soluções para pendências, como a decisão sobre a licença para explorar a Margem Equatorial brasileira, com potencial para influenciar suas ações.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast