Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, está em prisão domiciliar após decreto de Alexandre de Moraes (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
O Ibovespa hoje abriu em estabilidade, mas logo firmou alta no pregão desta terça-feira (5). Por volta das 10h30 (de Brasília), o índice subia o,50%, aos 133.641 pontos. As atenções do mercado estão no ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e no decreto de prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
As bolsas internacionais operam no azul nesta manhã, o que pode apoiar uma nova alta do principal índice da B3 hoje. Mas há entraves no cenário doméstico. Profissionais do mercado avaliam um pregão sensível ao noticiário envolvendo as esferas jurídica, política e econômica, depois da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O principal temor é de que o último episódio envolvendo Bolsonaro dificulte as negociações do Brasil com os Estados Unidos em torno das tarifas sobre produtos da pauta de exportação que não foram incluídos na lista de exceções publicada na semana passada.
“Aqui, temos que buscar os 135 mil pontos para o Ibovespa ganhar maior tração, mas certamente os ruídos políticos são inibidores desse movimento”, afirma Alvaro Bandeira, coordenador de economia da Apimec.
Os preços do petróleo voltam a cair hoje, em reflexo à elevação da oferta da commodity, o que pode pesar mais uma vez sobre as ações da Petrobras (PETR3; PETR4). Já o minério de ferro subiu 1,2% na China, com influência positiva sobre Vale (VALE3) e outras empresas de commodities metálicas.
Ibovespa hoje: o que o investidor deve ficar atento nesta terça-feira (5)
Operação do dólar hoje
Veja como está a cotação do dólar hoje. (Foto: Adobe Stock)
O dólar exibe sinais dissonantes ante outras moedas fortes com investidores à espera de dados econômicos dos EUA. No câmbio local, a moeda americana abriu em alta de 0,49%, negociada a R$ 5,5331. Após a abertura, o dólar hoje reduziu avanço ante o real para 0,19%, a R$ 5,5164.
Agenda econômica do dia
O Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), apelidado de Conselhão, se reúne nesta terça-feira (5), podendo discutir a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, ainda dentro do tema que dá o tom do Ibovespa hoje, um dia após o decreto de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A reunião do Conselhão ocorre pela manhã, com 286 conselheiros, entre eles a empresária Luiza Trajano, o influenciador Felipe Neto e o sacerdote Júlio Lancellotti. O Conselho deve entregar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um portfólio de investimentos sustentáveis, com projetos que ultrapassam R$ 430 bilhões.
Além disso, o Congresso retoma as atividades após duas semanas de recesso. Já o Tesouro faz leilões de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, títulos públicos com rendimento atrelado à inflação) e Letra Financeira do Tesouro (LFT, título pós-fixado com rentabilidade atrelada à taxa de juros).
Nos EUA, o destaque é o índice de gerentes de compras (PMI) e a balança comercial, para avaliar as chances de o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) voltar a cortar juros.
O mercado acompanha os PMIs europeus: o de serviços da Alemanha subiu ao maior nível em quatro meses e voltou à linha de expansão. O PMI da zona do euro também mostra expansão, mas ficou abaixo do esperado. Já o do Reino Unido caiu, mas superou a prévia.
Nos EUA, a presidente do Federal Reserve de San Francisco, Mary Daly, afirmou que o mercado de trabalho americano está se enfraquecendo, e o momento para cortes na taxa de juros está se aproximando.
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Além disso, os EUA poderão exigir um caução de até US$ 15 mil para alguns vistos de turista e negócios, sob um programa piloto que será lançado em duas semanas, com o objetivo de reprimir visitantes que excedem o tempo de permanência autorizado.
Ata do Copom detalha manutenção da Selic em 15%
Ata do Copom, divulgada nesta terça-feira, reforçou o cenário de “elevada incerteza” e deve refletir no mercado financeiro hoje. (Foto: Adobe Stock)
O Comitê de Política Monetária (Copom) repetiu, na ata da sua última reunião, que antecipa uma “continuação na interrupção no ciclo de alta dos juros”. O objetivo é avaliar se a manutenção da taxa Selic no nível atual de 15% por período “bastante prolongado” é suficiente para fazer a inflação convergir à meta, de 3%.
Na última quarta-feira (30), o Copom decidiu colocar um ponto final no ciclo de aperto monetário depois de dez meses de alta e optou por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Trata-se do maior nível de juros em quase duas décadas.
O colegiado voltou a mencionar que a elevada incerteza no cenário externo. Os impactos agregados das tarifas para produtos importados do Brasil pelos Estados Unidos sobre a economia doméstica dependem de negociação e percepção de risco, de acordo com a ata do Copom.
“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz a ata, repetindo um trecho do comunicado.
Commodities em direções opostas: veja o impacto em Vale e Petrobras
O petróleo recua, estendendo robustas perdas das três sessões anteriores, à medida que a commodity segue pressionada após decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), no fim de semana, de ampliar sua produção em mais 547 mil barris por dia (bpd) em setembro. Nesta manhã, o barril do petróleo WTI para setembro caía 0,85%, a US$ 65,49, enquanto o do Brent para outubro recuava 0,80%, a US$ 68,07.
Entre ascommodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em alta de 1,2%, cotado a 798,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 111,22.
Segundo analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, a decisão pode acentuar temores de uma nova ofensiva tarifária por parte do presidente dos EUA, Donald Trump, que, de acordo com parte da imprensa, já teria sido informado do ocorrido. O senador Flávio Bolsonaro (PL) disse “ser difícil” os EUA não reagirem.
Embora já fosse aguardada, a notícia tende a ser recebida com desconforto pelos investidores, segundo o analista Artur Horta, da GTF Capital. “Tão indigesta como recebeu as primeiras medidas cautelares contra o ex-presidente”, avalia.
Já para o o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro tende a ser recebida com alguma neutralidade pelos investidores em ativos brasileiros. Veja todos os detalhes nesta reportagem.
O que mais esperar do Ibovespa hoje?
Os mercados domésticos começam o dia repercutindo a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por violação de medidas cautelares — o que aumenta os temores de uma nova ofensiva do presidente dos EUA, Donald Trump.
No radar também está a ata do Copom. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na segunda-feira que há espaço para repensar a trajetória do ciclo de cortes da Selic. Ele também mencionou a possibilidade de acordos com os EUA envolvendo minerais críticos e terras raras do Brasil.
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Haddad reforçou ainda que o governo não prevê medidas fora do arcabouço fiscal para reagir ao tarifaço e que o Brasil não pretende retaliar os EUA neste momento, buscando esgotar todas as vias de negociação.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast