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O impacto do euro nos investimentos brasileiros: entenda como a Selic influencia a cotação da moeda

A alta dos juros, além de controlar a inflação, atrai capital estrangeiro e fortalece o real, o que ajuda a conter os aumentos de custo dos insumos europeus

O impacto do euro nos investimentos brasileiros: entenda como a Selic influencia a cotação da moeda
Euro cai em dia de vitória de Donald Trump. (Foto: Envato Elements)

Na quarta-feira (6), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) anunciou o aumento da taxa Selic, de 10,75% para 11,25% ao ano, em resposta a um cenário econômico desafiador. Isso gera uma demanda por reais, valorizando a moeda brasileira frente ao euro. Esta reportagem do E-Investidor detalha o assunto.

O ambiente econômico internacional segue incerto, especialmente com a desaceleração econômica nos Estados Unidos e a postura restritiva do Federal Reserve (Fed), que continua buscando reduzir a inflação para níveis-alvo.

Com bancos centrais de grandes economias adotando políticas de alta cautela, cria-se uma pressão extra sobre mercados emergentes, que precisam ajustar suas políticas monetárias para manter atratividade de investimento e estabilidade cambial.

Qual a influência da taxa Selic no câmbio e no euro?

A taxa Selic tem um papel fundamental na cotação do real em relação ao euro. Quando está alta, como no atual patamar de 11,25% ao ano, títulos brasileiros tornam-se mais atraentes para investidores estrangeiros, que veem maior retorno nesses ativos.

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Em contrapartida, uma Selic mais baixa tende a tornar o real menos competitivo, reduzindo a entrada de capital estrangeiro e incentivando a saída de recursos, o que pressiona o real a se desvalorizar, como explicou o BC.

Em casos de moeda local desvalorizada, o impacto da alta do euro é intensificado, encarecendo produtos e insumos importados da Europa e afetando diretamente empresas e consumidores no Brasil que dependem desses produtos.

Diante dessas oscilações, o BC monitora o câmbio e ajusta a Selic para mitigar os impactos da valorização do euro. A alta da Selic, além de controlar a inflação, atrai capital estrangeiro e fortalece o real, o que ajuda a conter os aumentos de custo dos insumos europeus para o mercado brasileiro.

Essa política monetária visa a manter a estabilidade dos preços e proteger a competitividade das empresas brasileiras no cenário internacional.

A tabela abaixo, embasada nas informações do BC e de relatórios de inflação, explica o motivo da necessidade de ajustar a política monetária para projeções inflacionárias coerentes e controle de câmbio adequado. Veja:

Fatores Consequências da Alta da Selic Consequências da Diminuição do Euro
Atração de Investimentos Externos A Selic mais alta torna os ativos brasileiros mais atraentes, levando a uma valorização do real. A diminuição do euro torna as exportações brasileiras mais competitivas na zona do euro, impulsionando os negócios.
Custo de Crédito O aumento da Selic eleva o custo do crédito para empresas e consumidores, o que pode desacelerar o consumo e o investimento. Não afeta diretamente o custo do crédito, mas a melhoria nas exportações pode gerar mais fluxo de recursos no mercado.
Inflação e Custo de Importação A alta da Selic ajuda a controlar a inflação, tornando os produtos mais caros no mercado interno. A redução do euro em relação ao real torna os produtos importados mais baratos, ajudando a conter as pressões inflacionárias.
Impacto no Crescimento Econômico A alta pode desacelerar o crescimento, mas é necessária para controlar a inflação. A diminuição do euro pode melhorar a balança comercial e ajudar na manutenção da estabilidade econômica.

 

Consequências para consumidores e empresas

A combinação de uma taxa de juros mais alta no Brasil com uma diminuição do valor do euro pode gerar um cenário equilibrado para a economia brasileira, com efeitos tanto positivos quanto negativos: a alta do real atrai fluxos de capital e controla a inflação, aliviando os custos para consumidores e empresas; entretanto, a competitividade internacional pode aumentar o custo de crédito e desacelerar a economia interna.

Pressões inflacionárias?

Internamente, o mercado de trabalho e os indicadores de atividade econômica no Brasil permanecem dinâmicos, enquanto a inflação persiste acima da meta do BC. A última pesquisa Focus mostra expectativas inflacionárias de 4,6% para 2024 e 4,0% para 2025, com projeções de 3,6% para o segundo trimestre de 2026.

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A inflação resiliente em setores de serviços e os potenciais impactos de uma taxa de câmbio desvalorizada reforçam as expectativas de alta, o que exige medidas de contenção.

Balanço de riscos e impacto fiscal

O Copom aponta um cenário com riscos assimétricos para a inflação: o risco de uma “desancoragem” das expectativas inflacionárias é ampliado pela possibilidade de uma inflação de serviços acima do previsto e pela potencial depreciação do real frente ao dólar e ao euro.

Entretanto, um enfraquecimento da economia global e um aperto monetário mais forte podem conter as pressões inflacionárias. A política fiscal também tem papel importante, pois as percepções do mercado sobre a sustentabilidade da dívida pública afetam o prêmio de risco e a taxa de câmbio, reforçando a importância de uma política fiscal crível.

Projeções do Copom e estratégias para a estabilidade econômica

As projeções indicam uma inflação de 4,6% para 2024 e 3,9% para 2025, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caindo para 3,6% até o segundo trimestre de 2026. Os números também baseiam-se no relatório Focus, que sugere que o câmbio continue a se ajustar em linha com a paridade do poder de compra.

Para garantir a convergência da inflação e a estabilização da economia, o Banco Central reforça a importância de medidas fiscais estruturais para contribuir com a redução dos prêmios de risco e evitar pressões inflacionárias futuras.

O BC, ao alinhar o câmbio com a paridade do poder de compra, busca atenuar esses impactos, mantendo o real em um nível de valor que limite a volatilidade excessiva e o encarecimento das importações. Ainda assim, uma valorização do euro em um contexto global incerto e com bancos centrais europeus adotando políticas restritivas dificulta essa tarefa.