Os mais otimistas são os analistas do BTG Pactual e do UBS BB. As duas casas estimam que a companhia deve reportar um lucro líquido de R$ 33 milhões no ciclo de julho a setembro de 2024, o que é equivalente a uma reversão do prejuízo líquido de R$ 143 milhões do terceiro trimestre de 2023.
Vale lembrar que no mesmo período do ano passado a empresa teve um efeito não recorrente, uma reversão de créditos tributários, que impulsionaram o balanço da empresa. Sem o feito não recorrente, a companhia teve um prejuízo de R$ 143 milhões. Ao considerar esse efeito, a empresa teve um lucro de R$ 331,2 milhões. Para base de comparação, os analistas preferem usar o prejuízo de R$ 143 milhões, que desconsidera os efeitos não recorrentes no balanço do Magazine Luiza.
Na visão dos especialistas do UBS BB, o Magazine Luiza deve reportar margens de lucratividade saudáveis, impulsionados pelas lojas físicas e com um crescimento tímido do e-commerce. Eles dizem estimar que o Volume Geral de Vendas Total (GMV, na sigla em inglês) da varejista da família Trajano tende a ter um acréscimo de 4,8%, para R$ 15,5 bilhões, liderado por um crescimento de 13,5% das vendas das mesmas lojas.
O indicador de vendas das mesmas lojas mede quanto uma loja que já existia no mesmo período do ano passado vendeu a mais ou menos que no mesmo intervalo do ano anterior. Os analistas também calculam que o Magazine Luiza pode ter um Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 704 milhões no terceiro trimestre de 2024, alta de 44,4% na comparação com o terceiro trimestre de 2023.
“Impulsionado por vendas sólidas das lojas físicas, esperamos que a margem Ebitda ajustada fique em 7,8% (em linha com a impressão do segundo trimestre de 7,9%), enquanto a moderação sequencial em despesas financeiras deve gerar um modesto lucro líquido de R$ 33 milhões”, afirmam Vinicius Strano, Isabella Lamas, Lucca Biasi e Rodrigo Alcântara, que assinam o relatório do UBS BB.
O BTG Pactual vai na mesma linha e estima que o lucro do Magazine Luiza deve ficar em R$ 33 milhões no terceiro trimestre de 2024. Já a estimativa para o Ebitda está em R$ 688 milhões, um avanço de 41,12% na comparação com o mesmo período do ano passado. A expetativa do banco é que a companhia também reporte R$ 8,9 bilhões em receita líquida no terceiro trimestre de 2024, avanço de 4,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Qual será o maior destaque do balanço do Magazine Luiza?
Para os analistas da Genial Investimentos, a expectativa é de um trimestre positivo para a empresa. Esperam uma recuperação no canal 1P, para o qual os especialistas projetam um crescimento modesto de 2,5% na comparação anual após quatro trimestres consecutivos de quedas. O 1P é conhecido como comércio eletrônico de primeira parte. Nesse caso, o Magalu compra produtos, estoca, determina preços, vende em sua loja virtual e cuida de toda a logística de entrega.
“Esperamos que as lojas físicas se destaquem como o principal diferencial deste trimestre. O Magalu deve continuar surfando com um duplo dígito de crescimento na comparação entre o terceiro trimestre de 2024 e o terceiro trimestre de 2023 no canal físico. Projetamos um Volume Geral de Vendas (GMV, na sigla em inglês) de R$ 4,4 bilhões nas lojas físicas, crescimento de 12,0% na base anual”, explicam Iago Souza e Nina Mirazon, que assinam o relatório.
A Genial Investimentos estima que o lucro do Magazine Luiza deve ficar em R$ 28 milhões, uma melhora em relação ao prejuízo do ano passado. O Ebitda do Magazine Luiza deve ficar em R$ 713 milhões no terceiro trimestre de 2024, avanço de 46,3%. A receita líquida deve subir 5,7%, para R$ 9 bilhões no terceiro trimestre de 2024.
Já os analistas do Santander comentam que as empresas do varejo devem mostrar uma melhora nos lucros e crescimentos nas receitas e na margem de lucratividade. “Prevemos um crescimento médio do Ebitda de 23% no terceiro trimestre de 2024 (em linha com o crescimento no segundo trimestre de 2024)”, explicam Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, que assinam o relatório do Santander.
O trio calcula que o Magazine Luiza deve lucrar R$ 24 milhões no terceiro trimestre de 2024, uma reversão do prejuízo de R$ 143 milhões do mesmo período do ano passado. O Ebitda da companhia deve ficar em R$ 703 milhões no terceiro trimestre de 2024, um avanço de 44,3%. A margem Ebitda, uma das métricas de rentabilidade, deve ficar em 7,9%, ante 5,7% no mesmo período do ano passado. O número apresenta uma alta anual de 2,2 pontos porcentuais.
A equipe da Ágora Investimentos e do Bradesco BBI calculam que o Magazine Luiza deve lucrar R$ 11 milhões. Os especialistas são os menos otimistas entre os consultados pelo E-Investidor. Segundo eles, o Magazine Luiza está melhorando sequencialmente a dinâmica de crescimento de Volume de Vendas brutas na base anual.
“A empresa está crescendo em média um dígito por ano. Enquanto a melhora da lucratividade deve permanecer no caminho certo, esperamos que a margem Ebitda se expanda para 7,9% para o Magalu”, dizem Pedro Pinto do Bradesco BBI e Flávia Meireles da Ágora Investimentos em relatório conjunto.
A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI calculam que a companhia deve reportar uma receita líquida deve ficar em R$ 9 bilhões, avanço de 5,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda deve ficar em R$ 798 milhões, avanço de 45%. “Estamos ansiosos para ver o quão rápido o GMV e a receita do Magalu podem se recuperar enquanto a margem Ebitda melhora e as despesas financeiras diminuem”, argumentam Pedro Pinto e Flávia Meireles.
Investidor deve comprar as ações do Magazine Luiza?
Os analistas se dividem sobre o que o investidor deve fazer com as ações do Magalu. Três das cinco casas possuem recomendação neutra e dizem que esse não é o momento para comprar a ação. Outras duas estão mais otimistas e comentam que esse é um bom momento para o investidor comprar o papel.
Os analistas do UBS BB relatam que a ação MGLU3 está sendo negociada a 13 vezes o Preço/Lucro, o que mostra que o papel não está tão atrativo. Além disso, os especialistas entendem que o atual ciclo de alta de juros tende a ser prejudicial para a empresa, visto que ele pode impactar as vendas do e-commerce da categoria 3P. No 3P, um terceiro varejista é responsável por todo o processo de entrega e venda e o marketplace do Magazine Luiza é apenas um canal para mostrar o produto.
Desse modo, o UBS BB tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 14 para os próximos 12 meses, uma potencial alta de 43,88% na comparação com o fechamento de quarta-feira (6), quando a ação encerrou o pregão a R$ 9,73. O Santander segue a mesma linha e tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 23 para o fim de 2024, um crescimento de 136% em relação ao fechamento de quarta-feira.
Os analistas da Ágora Investimentos e do Bradesco BBI também possuem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 15 para o fim de 2025, um crescimento de 54,2% em relação ao fechamento de quarta-feira (6). Os analistas comentam que além de os juros elevados serem um fator preocupante para a empresa, o papel não é negociado a múltiplos atrativos.
Já o BTG Pactual e a Genial Investimentos recomendam compra para a ação. O BTG comenta que algumas coisas parecem estar contra a empresa, como o ciclo de alta de juros e outros pontos. No entanto, os analistas afirmam que o Magazine Luiza vem dando aula de resiliência. “Os últimos três trimestres mostraram sinais encorajadores sobre a saúde financeira da empresa. Além de melhora na lucratividade, o Fluxo de Caixa Livre (FCL) deve ser positivo nos próximos trimestres”, explicam Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, que assinam o relatório do BTG.
O BTG tem recomendação de compra para o Magazine Luiza com preço-alvo de R$ 25 para os próximos 12 meses, uma potencial alta de 156% na comparação com o fechamento de quarta-feira. A Genial também recomenda compra com preço-alvo de R$ 19,50, um crescimento de 100% em relação ao fechamento de ontem.
“Com uma forte redução na alavancagem financeira dos últimos trimestres, e sem obrigações de pagamento de dívida até final de 2025, acreditamos que Magazine Luiza tem maior liberdade para enfrentar o acirrado cenário competitivo no e-commerce brasileiro”, afirmam Iago Souza e Nina Mirazon, que assinam o relatório da Genial Investimentos.
Em linhas gerais cabe ao investidor decidir o que irá fazer com o papel. O ativo pode trazer retornos consideráveis como os de 100% do valor investido, número estimado pela Genial. Entretanto, a pessoa deve sempre se lembrar que o Magazine Luiza (MGLU3) é uma empresa do setor varejista, e, por isso, a ação enfrenta muita volatilidade no mercado. Ou seja, o potencial de alta é relevante, mas o investidor deve olhar para os riscos e o seu perfil antes de comprar o papel.