Empresas varejistas como Renner (LREN3) e C&A (CEAB3) estão encontrando oportunidades no cenário inflacionário para aumentar suas margens através do reajuste de preços. Segundo análise do BTG Pactual, as marcas conseguem ajustar valores sem prejudicar o volume de vendas, aproveitando a demanda resiliente e a diminuição do diferencial de preços em relação a concorrentes internacionais, como a Shein.
Os reajustes são possíveis em grande parte pela redução da pressão dos preços de itens de primeira necessidade, permitindo que o consumidor absorva melhor os aumentos em categorias discricionárias.
O analista do banco, Luiz Guanais, ainda acrescenta que a diferença de preço da Shein em relação aos varejistas locais caiu significativamente, de 40% para apenas 10%, após a introdução de novos impostos sobre importações de até US$ 50.
Segundo ele, outras empresas varejistas, como Vivara (VIVA3), Track&Field e Azzas (AZZA3), estão adotando estratégias semelhantes para expandir suas margens e volumes de vendas, aproveitando a capacidade de reajustar preços. “A tendência é sustentada por um realinhamento dos preços ao consumidor, que agora são mais aceitáveis devido à moderação na inflação dos itens básicos”, afirmou Guanais.
No entanto, ele pondera que o processo de reajuste de preços requer um equilíbrio “cuidadoso”, especialmente diante de potenciais riscos externos. Para o analista, as tarifas sobre exportações brasileiras para os EUA poderá reintroduzir pressões inflacionárias através das commodities, impactando o poder de precificação dos varejistas.