Na avaliação de Carlos Constantini, responsável pela divisão wealth management do Itaú Unibanco (ITUB4), os produtos de investimentos no exterior estão caminhando para ter um papel estrutural nos portfólios dos investidores brasileiros. “Era exótico, passou a ser de nicho e está caminhando para ser um produto estrutural”, afirmou em evento da corretora Avenue, especializada em investimentos nos Estados Unidos e na qual o Itaú tem participação.
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Apesar desta evolução na forma que o segmento é visto, Constantini aponta para o desafio de educação do cliente para que a barreira do viés geográfico seja transposta. “Home bias, a tendência de investir mais perto de casa, é uma tendência evolutiva. É muito mais confortável investir em que você já conhece. Mas do ponto de vista de diversificação isso é um erro.”
O Itaú recomenda aos seus clientes de varejo alocação de 11% a 27% do portfólio em ativos internacionais. Para a aceitação desta orientação, Constantini enxerga que há uma jornada de educação dos clientes a ser percorrida. Segundo o executivo, o segmento private está com até três vezes mais do que esta fatia. “O cliente que já é mais familiarizado com os termos de investimento no exterior está mais à frente para cruzar a ponte de diversificação.”
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Roberto Lee, presidente-executivo da Avenue, diz que o perfil de clientes da corretora passou do jovem investidor para o mais velho e mais conservador, que busca aplicações nos EUA como forma de proteger patrimônio. Há dois anos quem adotava o mercado internacional era o investidor jovem. Agora o que vemos é o foco em ir para fora com objetivo de preservação de capital, e o crescimento maior é no perfil conservador”, disse.
Para encarar o investimento lá fora como estrutural, é fundamental o desprendimento da preocupação com o acerto no momento do câmbio, aponta Constantini.
A Avenue faz o prognóstico que o volume de patrimônio de investidores brasileiros no exterior pode chegar a US$ 200 bilhões nos próximos anos. Neste olhar à frente, Lee observa que a taxa de juros no Brasil em alta é um fator de desacelera o aumento desta fatia levada para além da fronteira. “O próximo ciclo de queda de juros aqui, se mantendo as condições atuais, deve levar a uma aceleração tremenda da migração de uma parte das carteiras para investimentos nos EUA.” Outra tendência que ele aponta é que a adoção internacional seja mais por ativos de renda fixa do que renda variável.