Itaú BBA mantém visão cautelosa com BB, mesmo com valuation baixo do papel. Foto: Adobe Stock
O Itaú BBA cortou o preço-alvo para o Banco do Brasil (BBAS3) em relatório divulgado nesta quarta-feira (19). Apesar do valuation baixo do papel, o banco mantém visão cautelosa para o ativo, com recomendação neutra, devido à visibilidade limitada de lucros e revisões negativas contínuas.
“Problemas de qualidade de crédito estão se estendendo do setor agrícola para varejo e pequenas e médias empresas, resultando em um período prolongado de alto custo de risco e crescimento contido da carteira”, destaca o BBA.
Segundo o banco, esse cenário, junto à compressão das margens financeiras, deve trazer obstáculos para o crescimento da receita do Banco do Brasil. O Itaú BBA reduziu o preço-alvo ao final de 2026 para R$ 22 por ação, contra R$ 23 anteriormente.
Quanto às preferências setoriais, o BBA segue otimista com o setor bancário, de forma mais seletiva. A instituição rebaixou a recomendação de Santander (SANB11) e Inter (INTR) para neutra, em função de estimativas menores e assimetrias de valuation. Entre suas principais indicações, estão Nubank (NU), como opção de crescimento, e Bradesco (BBDC4), pela escolha de valor.
No caso do Santander, o Itaú BBA classifica o banco como bem gerido, com Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês) sólido. O rebaixamento reflete o valuation considerado justo, com múltiplo de 1,3 vezes o P/BV (preço sobre valor do patrimônio líquido), diante de um momento de crescimento mais fraco. O preço-alvo ao final de 2026 permanece em R$ 32 por ação.
Em relação ao Inter, o BBA vê um aumento de despesas administrativas e custo de crédito. “O valuation de 2 vezes o P/BV avançou à frente do ROE, tornando-se menos assimétrico diante dos riscos naturais de execução no segmento de cartões. Gostamos da tese de longo prazo, mas o rebaixamento da nossa recomendação para neutra baseia-se na redução das estimativas frente ao valuation atual”, afirma o banco, que também cortou o preço-alvo para INTR de US$ 11 para US$ 10.
Entre as ações “queridinhas” do Itaú BBA, o Nubank pode se beneficiar do aumento dos limites de cartão de crédito e de uma proposta de valor mais atrativa para clientes de renda média e alta. Fatores macroeconômicos favoráveis, a exemplo da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), e parcerias estratégicas, como a realizada com a Amazon, devem impulsionar o crescimento dos empréstimos pessoais.
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“Com múltiplo de 20 vezes o preço em relação ao lucro (P/L) estimado em 2026, sustentado pela qualidade e pelas fortes perspectivas de crescimento no curto e longo prazo, reiteramos nossa recomendação de compra e elevamos o preço-alvo para o final de 2026 de US$ 19 para US$ 20”, afirma o BBA.
Ao analisar o Bradesco, o banco enxerga que o ROE tem se recuperado por meio de medidas micro, como melhorias na concessão de crédito, redução do custo de captação e eficiência em despesas administrativas, estando no caminho certo para 2026. A recomendação de compra para BBDC4, com preço-alvo de R$ 22, baseia-se no múltiplo considerado atrativo da ação, de 1,1 vez o P/B ou 7 vezes o P/L em 2026.
BBA tem visão positiva para setor de crédito em 2026
Apesar de desafios como juros elevados e alto endividamento das famílias, o banco tem uma perspectiva favorável para o segmento de crédito em 2026. Entre os fatores positivos, estão a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, maior liquidez para financiamento habitacional, popularidade dos novos consignados privados e recuperação do consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O Itaú BBA espera que o crédito para pessoas físicas cresça em dígitos altos, enquanto o crédito corporativo deve ser mais fraco, especialmente para pequenas e médias empresas. “A inadimplência tende a cair no varejo e subir no segmento corporativo, mantendo um ambiente de crédito positivo para os bancos”, acrescenta.