A aprovação da listagem da JBS (JBSS3) nos Estados Unidos por acionistas minoritários, em assembleia realizada na última sexta-feira (23), representa um marco relevante para a companhia e pode destravar valor adicional, segundo avaliação do Itaú BBA. Em relatório, a equipe de análise afirma que o desfecho positivo “marca um novo capítulo na tese de investimento” da empresa e representa um movimento de “redução de riscos” para o papel.
O relatório, assinado pelos analistas Gustavo Troyano, Bruno Tomazetto e Ryu Matsuyama, lembra que, desde o anúncio do acordo entre a J&F e o BNDES em março, as ações da companhia subiram 30%, indicando que o mercado já precificava a alta probabilidade de aprovação.
Com a operação nos EUA, o Itaú BBA acredita que a companhia deve ganhar visibilidade no exterior, ampliar o acesso a uma base de investidores maior e abrir caminho para comparações mais favoráveis com pares globais como Pilgrim’s Pride e Tyson Foods. O banco destaca ainda que a listagem pode reduzir o custo de capital, fortalecer a governança corporativa sob o escrutínio da SEC (órgão regulador do mercado de capitais nos EUA) e aumentar a flexibilidade para captação via emissões de ações.
Mesmo após a valorização recente, o banco vê espaço para valorização adicional. “Vemos a JBS sendo negociada a 5,9x EV/Ebitda para 2025 – uma expansão de cerca de 0,8x desde que o tema começou a ganhar força entre os investidores”, diz o documento. A título de comparação, a Pilgrim’s costuma ser negociada a múltiplos de 7x e a Tyson, a 8x. Embora um certo desconto de múltiplo seja esperado pela maior exposição ao Brasil e menor participação de alimentos processados, o Itaú BBA acredita que ainda há espaço relevante para valorização conforme a JBS se alinha a padrões globais.
O Itaú BBA manteve a recomendação de compra (outperform) para as ações da JBS, com preço-alvo de R$ 51 por ação para o fim de 2025. O banco destaca a plataforma diversificada da companhia, que permite atravessar ciclos de proteínas e regiões geográficas com menor volatilidade, e vê uma mudança na percepção do mercado: “O sentimento do investidor passou de um foco no rendimento do fluxo de caixa livre para uma narrativa centrada na reavaliação do múltiplo”, escreveram os analistas.