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JBS (JBSS3) quer listar ações nos EUA; veja como acionistas serão impactados

A concretização da dupla listagem é um projeto antigo da gigante de proteínas

JBS (JBSS3) quer listar ações nos EUA; veja como acionistas serão impactados
(Fonte: Shutterstock/rafapress/Reprodução)

A JBS (JBSS3), uma das maiores empresas de alimentos do mundo, quer listar suas ações nos Estados Unidos, um mercado que dá mais visibilidade a investidores internacionais e onde os concorrentes da companhia são negociados a valores muito maiores. O plano é fazer uma dupla listagem, com ações na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) e na B3, e vai ser proposto  aos acionistas da empresa. A listagem em Nova York pode acontecer em dezembro, caso os próximos passos ocorram dentro do previsto.

“É um passo que tem condição de acelerar movimentos estratégicos da JBS”, disse ao Broadcast o presidente global da empresa, Gilberto Tomazoni. “Tem poder transformacional e estratégico como teve a abertura de capital.” Além de criar condições para a valorização da empresa, a dupla listagem deve ampliar a capacidade de financiamento da JBS a um menor custo, ressalta o executivo. Nas captações, a empresa ganha mais flexibilidade e pode, por exemplo, fazer no futuro uma oferta subsequente de ações (follow-on) no Brasil e nos EUA, potencialmente acessando muito mais investidores.

No Brasil, a JBS abriu o capital na B3 em 2007, é negociada em 5,9 vezes, considerando o múltiplo medido pela relação entre o valor da companhia (‘enterprise value’ ou EV) e o Ebitda projetado, número monitorado de perto pelos analistas. Nos Estados Unidos, onde a empresa tem hoje boa parte dos seus negócios, os valores dos concorrentes são bem mais altos, o que animou a JBS a dar esse novo passo. A Pilgrim’s Pride, empresa da qual a JBS detém 82% do capital, é negociada a um múltiplo de 9,3 vezes, segundo a controladora. Já a Tyson Foods, principal concorrente do grupo brasileiro nos EUA, mas sem ter a mesma diversificação geográfica, é negociada a 11,5 vezes, ressaltam os executivos da JBS. Outro exemplo é a Hornel, de alimentos preparados, negociada a 15,8 vezes.

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A concretização da dupla listagem é um projeto antigo da gigante de proteínas. A nova tentativa deve ser feita por uma estrutura de incorporação de ações. A proposta é quem tiver ação da JBS listada na B3 entrega o papel e recebe em troca o BDR (Brazilian Depositary Receipts) da JBS com sede na Holanda – JBS N.V., sociedade constituída dentro das leis do país. E é essa empresa holandesa que será listada na Nyse e na B3, via BDR. “Encontramos uma estrutura muito simples”, disse Tomazoni. “Todos os acionistas, seja controlador ou minoritário, terão tratamento igualitário. Vão ter os mesmos direitos”, afirma o CEO.

Nesta quarta-feira, 12, será feito o pedido de registro na SEC, o órgão federal que regula o mercado de capitais nos EUA. A assembleia dos acionistas minoritários pode acontecer em 60 dias.

A JBS tem um faturamento anual de R$ 375 bilhões, com operações industriais e escritórios comerciais em 24 países, mais de 330 mil clientes e exportação de produtos para mais de 190 países. No primeiro trimestre de 2023, teve prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão, ante um lucro líquido de R$ 5,142 bilhões em igual período de 2022. A receita líquida, de R$ 86,683 bilhões, foi 4,6% menor na comparação anual, enquanto o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) diminuiu 78,6%, para R$ 2,162 bilhões. A margem ficou em 2,5%. A dívida líquida em real aumentou 26% na mesma base de comparação, para R$ 83,746 bilhões.

Após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, analistas passaram a apontar a possibilidade de reação de margens nos próximos períodos. Os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do BTG Pactual, avaliaram que os resultados “provavelmente” tinham atingido um piso e que as margens deveriam começar a se recuperar, sustentadas por tendências mais favoráveis no ciclo de proteína animal.

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O Bradesco BBI elevou no fim de junho a classificação da companhia de neutro para outperform (equivalente a compra), com preço-alvo de R$ 30 (o que representa potencial de alta de 74% em relação ao valor da ação nesta terça-feira, 11) e pontuou que “o pior” já havia passado. O banco destacou que no primeiro trimestre a JBS entregou sua margem mais baixa em mais de uma década, ajudando a impulsionar uma venda acentuada (JBSS3 -25% vs. IBOV +7%), mas disse acreditar que a situação vai melhorar, pelo caráter cíclico do negócio.

“É sabido que o negócio da JBS é cíclico, mas o mercado ainda não está vendo a provável recuperação da margem se materializar até 2025, impulsionada por El Niño e chuvas melhorando pastagens/fornecimento de grãos, cortando custos; a oferta de carne dos EUA, que diminuiu 24% após anos de expansão, e mudanças de gerenciamento ajudando a fechar a lacuna de desempenho/margem ante os pares”, disse o BBI na ocasião.

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