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Juros: taxas sobem com desconforto fiscal e alta do dólar

As taxas locais operaram com sinal contrário ao de baixa dos rendimentos dos Treasuries

Juros: taxas sobem com desconforto fiscal e alta do dólar
(Foto: Envato Elements)

Os juros futuros fecharam a segunda-feira em alta, em realização de lucros estimulada pela cautela com a agenda pesada de indicadores e eventos da semana, pela piora do câmbio e pelo desconforto com a área fiscal. A curva dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) havia devolvido prêmios na semana passada, o que deixou espaço para alguma recomposição num dia de noticiário sem destaques.

As taxas locais operaram com sinal contrário ao de baixa dos rendimentos dos Treasuries, que recuaram pela menor disposição dos investidores ao risco antes das reuniões dos bancos centrais e relatório do Tesouro americano indicando estimativa de menor necessidade de empréstimos no primeiro trimestre.

A taxa do DI para janeiro de 2025, contudo, conseguiu manter-se abaixo dos dois dígitos, encerrando em 9,75%, de 9,948% no ajuste de sexta-feira. A do DI para janeiro de 2026 subiu de 9,61% para 9,66%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 9,83% (de 9,78%) e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 10,28% (de 10,22%).

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Ainda que tenham vindo alinhados à mediana das estimativas, os números do Governo Central relativos ao fim do ano passado reforçaram a ideia de que a meta de primário zero para 2024 é pouco viável, num cenário de dificuldade para a obtenção de receitas.

O déficit de R$ 116,1 bilhões em dezembro veio em linha com o consenso (R$ 116,7 bilhões), mas foi o pior desempenho em termos reais para o mês na série histórica iniciada em 1997. O governo fechou 2023 com saldo negativo de R$ 230,5 bilhões, ou seja déficit de 2,1% do PIB, após superávit de R$ 54,1 bilhões (0,5% do PIB), em 2022.

O objetivo da Fazenda era um déficit de 1% do PIB em 2023. Segundo o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, o primário teria se aproximado deste alvo, ficando em 1,08%, descontados os fatores extraordinários, como o pagamento dos precatórios (R$ 92,4 bilhões) e transferência compensações aos estados relativas a perdas de ICMS (R$ 7,5 bilhões).

Mas a incidência de fatores não recorrentes não serve de alívio para as preocupações com o quadro à frente. “Olhando para o futuro, acreditamos que as medidas recém-aprovadas para aumentar as receitas devem ter um efeito positivo, mas não o suficiente para atingir a meta de déficit zero”, avalia Tiago Sbardelotto, economista da XP. “Além disso, ainda vemos pressão proveniente de gastos relacionados a previdência e assistência social, o que poderia exigir algum bloqueio nas despesas discricionárias”, complementa. A previsão da XP é de déficit primário de 0,6% em 2024.

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“Uma alteração da meta parece inevitável. A previsão de déficit zero dever dar lugar a estimativas mais factíveis em 2024”, afirma Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, para quem a mudança deverá ser anunciada em março, após a divulgação do relatório bimestral de despesas e receitas.

Ele atribui à preocupação fiscal apenas parte do movimento de hoje nos DIs, que refletiram ainda o câmbio e ajuste de posições antes dos eventos da semana. Na quarta-feira, haverá decisões de política monetária do Federal Reserve e do Copom e na quinta, do Banco da Inglaterra. O mercado não conta com mudanças nas taxas nesta semana nem por parte do Copom nem por parte do Fed.

No exterior, os juros dos Treasuries cederam, com ajustes de posição de risco antes do desfecho do encontro do Fed e dos dados da semana, como o payroll na sexta-feira. Os yields renovaram mínimas no fim da tarde. A taxa da T-Note de dez anos caiu à casa de 4,07%, após o Tesouro dos EUA divulgar relatório informando que espera tomar US$ 760 bilhões em dívidas no mercado no primeiro trimestre, em estimativa menor do que projetado anteriormente. O dólar à vista encerrou em R$ 4,9459 (+0,71%).

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