Os juros futuros recuaram nesta terça-feira, 29, beneficiados pela retirada de prêmios de risco da curva após dados dos Estados Unidos diminuírem as apostas em novas rodadas de aperto monetário no país. Aqui, a formalização de medidas do governo para elevar a arrecadação e declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reduziram o temor fiscal e ajudaram o movimento.
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A combinação de vetores positivos externos e domésticos levou as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) a cederem em bloco, com destaque para os vencimentos mais longos. O contrato para janeiro de 2025, mais negociado da sessão, caiu de 10,518% no ajuste anterior para 10,460% no fechamento desta sessão, enquanto o DI para janeiro de 2029 recuou de 10,676% para 10,570%.
As taxas chegaram a operar com viés de alta na etapa matutina, mas se consolidaram em terreno negativo após o relatório Jolts, do Departamento do Trabalho americano, ter mostrado queda no número de vagas abertas no país, de 9,165 milhões em junho para 8,827 milhões em julho – abaixo da expectativa de analistas ouvidos pela FactSet, que previam criação de 9,478 milhões de postos de trabalho.
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“Em linhas gerais, esses dados sugerem que o Fed pode ser bem sucedido em conseguir um pouso suave da economia americana, que não precisaria apertar mais a política monetária. Com isso, o mercado acaba reduzindo as apostas em mais uma alta dos juros por parte do Fed, o que também acaba favorecendo a curva aqui”, afirma o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno.
Além da mudança na perspectiva sobre o Fed, a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, também cita a formalização das medidas de taxação de fundos exclusivos e empresas offshore como um fator que ajudou na descompressão da curva de juros na sessão. Ambos os textos já haviam sido anunciados pelo Planalto, mas só passaram a tramitar no Congresso nesta terça-feira.
Segundo a analista, a apresentação dessas medidas foi recebida pelo mercado como um sinal de compromisso do governo com a meta de zeragem do déficit primário em 2024, inclusive porque o Executivo precisará enviar o Orçamento do ano que vem ao Congresso até esta quinta-feira, 31. “Essa pauta de ajuste fiscal acaba contribuindo para a retirada dos prêmios na curva”, explica Abdelmalack.
Os juros chegaram inclusive a moderar o ritmo de queda no início da tarde, quando o Estadão revelou que os ministros Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão) e Simone Tebet (Planejamento) levariam ainda nesta terça-feira a uma reunião da Junta Orçamentária a proposta de perseguir um déficit primário maior, entre 0,75% e 0,5% do PIB, no ano que vem. Mas retomaram a tendência anterior após Haddad ter garantido que o governo apresentará uma proposta de “resultado equilibrado” – com déficit zero – para 2024.
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