Os juros futuros subiram em bloco nesta sexta-feira (24), com alta mais intensa no trecho intermediário da curva. Declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foram recebidas com preocupação e deflagraram uma recomposição dos prêmios na curva. Esse movimento foi amplificado pela alta do dólar e por um clima de cautela à véspera do feriado do Memorial Day, que manterá os mercados americanos fechados na segunda-feira.
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A taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 avançou de 10,390% no ajuste de ontem para 10,415%, enquanto o juro do DI para janeiro de 2027 passou de 11,080% para 11,150%. A taxa do contrato para janeiro de 2029 subiu de 11,533% para 11,565%. Com isso, os juros terminam a semana cerca de 6 pontos-base acima dos ajustes da última sexta-feira.
Em um evento organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio, Campos Neto disse que as expectativas de inflação do mercado estão “subindo bastante”. Ele atribuiu essa desancoragem à política fiscal e ao cenário externo, mas também a dúvidas sobre a “credibilidade do Banco Central.” Além disso, disse que os preços dos alimentos podem subir por causa das enchentes no Rio Grande do Sul, o que cria um risco para o IPCA.
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“Desde a última reunião do Copom, o mercado já está com muitas dúvidas sobre quem serão os novos membros do comitê”, explica o diretor da Wagner Investimentos, José Raymundo Faria Júnior. “O mercado não aceitou bem a decisão, não aceitou bem a comunicação, e isso tem piorado a nossa curva de juros.”
Na última decisão, o comitê diminuiu a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, de 10,75% para 10,5%, por cinco votos a quatro. A minoria – inteiramente composta por diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva – votou por um corte maior, de 0,5 ponto. Como os mandatos de Campos Neto e de outros dois diretores indicados no governo anterior terminam no fim deste ano, Lula nomeará mais três membros do Copom no início de 2025.
O cenário externo também contribuiu para o aumento das taxas aqui. Segundo a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, dados da economia americana divulgados hoje reforçaram a avaliação de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) manterá os juros altos por mais tempo.
“Embora o BC brasileiro fale explicitamente que não há relação mecânica entre o juro externo e o doméstico, não podemos desconsiderar que existe uma relação importante”, diz Argenta. No fim do dia, a curva futura dos EUA passou a indicar a manutenção dos juros como o cenário mais provável na reunião do Fed de setembro, segundo monitoramento do CME Group. Agora, o mercado espera que o primeiro corte dos juros americanos aconteça apenas em novembro.
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