As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) caminham para encerrar o pregão em alta, com avanços mais intensos na ponta longa da curva, diante da expectativa de que o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, reduzirá a Selic em 0,25 ponto porcentual, desviando do caminho telegrafado em março, que apontava corte de 0,50 ponto.
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A avaliação dos investidores é de que, desde a última reunião do colegiado, houve mudanças relevantes no cenário econômico.
Nos Estados Unidos, a resistência da inflação e do mercado de trabalho à pressão negativa dos juros levou o mercado a apostar num período maior sem cortes nos juros. No Brasil houve o afrouxamento da meta fiscal de 2025 e, mais recentemente, a perspectiva de aumento nos gastos públicos e efeito inflacionário das enchentes no Rio Grande do Sul. Além disso, a tensão entre Israel e Irã ganhou relevância, com ataques diretos, ainda que pontuais, entre os dois países, com impacto nos preços do petróleo.
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Todos estes fatores devem contribuir para aumentar o conservadorismo do Copom na condução da política monetária. Há, no entanto, expectativa de que a decisão do colegiado não seja unânime.
“A decisão dividida pode gerar um pouco de volatilidade nos próximos dias”, disse Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, que espera um corte de 0,25 ponto na reunião de hoje, com divergência entre os membros do Copom.
“Se a gente tem uma decisão unânime, fica melhor, porque está claro que existe uma coesão”, afirmou Bolzan, acrescentando que isso seria verdadeiro inclusive no caso de a decisão ser um corte de 0,50 ponto porcentual. “O mercado assimilaria melhor do que um de 0,25 ponto com comitê mais dividido.”
Carlos Lopes, economista do banco BV, está na ala minoritária do mercado, que espera uma redução de 0,50 ponto porcentual na Selic. Ele aponta que o quadro macroeconômico e geopolítico, de fato, passou a ter elementos que ensejariam uma redução menos intensa da taxa, mas que ao longo das últimas semanas o nível de incerteza trazido por estes elementos diminuiu bastante.
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Segundo Lopes, a maior dúvida do mercado no momento gira em torno de qual será o nível terminal da Selic ao fim do atual ciclo de corte, e a interpretação do mercado sobre qual será este patamar terá mais peso sobre a precificação da curva de juros do que outros fatores ligados à decisão de hoje do Copom.
“Hoje, o que está precificado nas curvas de juros é uma taxa final um pouco acima de 10%. É uma taxa elevada. Teria bastante espaço ainda para reduzir”, diz Lopes. O banco BV prevê que a Selic termine este ano em 9,00% e atinja um piso de 8,50% em 2025.
A taxa do contrato de DI para janeiro de 2025 subiu a 10,210%, de 10,209%, enquanto a taxa para janeiro de 2026 teve alta para 10,450%, de 10,418%. A taxa para janeiro de 2027 avançou a 10,785%, de 10,716%, enquanto a do contrato para janeiro de 2029 fechou a 11,275%, de 11,190%.