Os juros futuros fecharam a quinta-feira (8) em alta, numa sessão marcada por alta volatilidade na última hora de negócios. Na reta final, declarações consideradas “hawkish” do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, levaram as taxas a inverter o sinal de baixa acionado perto das 17 horas a partir de fatores técnicos relacionados ao mercado secundário de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B).
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Ao longo da sessão, o mercado operou com um olho nos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) e outro no câmbio, com taxas predominantemente em alta. O avanço perdeu força à tarde, na medida em que a moeda aprofundou as perdas ante o real, chegando a neutralizar sobre a curva doméstica o impacto da alta dos retornos dos Treasuries na ponta longa.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 estava em 11,64%, de 11,51% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,73% (de 11,66% ontem) e a do DI para janeiro de 2029 estava em 11,85%, de 11,81%.
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Em participação do 15º Congresso Brasileiro das Cooperativas de Crédito (Concred), em Belo Horizonte (MG), Galípolo, cotado para assumir a presidência do BC a partir de 2025, disse ouvir muitos economistas preocupados com a possibilidade de a nova diretoria do BC, indicada pelo presidente Lula, passar a ser mais leniente com a inflação e deixar de subir juro, se necessário. Para ele, são legítimas as dúvidas e cabe ao BC conquistar a credibilidade. “A ideia de ser indicado a BC sem possibilidade de aumentar juro não faz muito sentido. Está claro que todos os diretores estão dispostos a fazer o necessário para perseguir a meta”, disse.
A fala do diretor colocou as taxas novamente em trajetória de alta, revertendo a queda que prevalecia também após inversão brusca de sinal. Segundo profissionais da Warren Investimentos, o alívio veio do fluxo do rebalanceamento das carteiras IMA-B, nos vértices 2025 e 2028, diante do vencimento da NTN-B 2024 no próximo dia 15, que deve injetar cerca de R$ 260 bilhões no mercado. Muitos players já estariam se antecipando.
Também não se descarta ter havido uma certa antecipação dos players a uma possível surpresa positiva com o IPCA de julho que sai amanhã. A expectativa é de aceleração de 0,21% em junho para 0,35%, segundo a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast.
Ao longo do dia, o exterior esteve no foco. “Os juros dos Treasuries estão subindo, o que acaba limitando o efeito do câmbio. Isso dificulta o repasse para os juros locais”, resumiu o economista da MAG Investimentos Felipe Rodrigo de Oliveira.
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As máximas na curva foram alcançadas ainda pela manhã, acompanhando a reação dos títulos do Tesouro americano ao número semanal de pedidos de auxílio-desemprego, que caiu a 233 mil, ante expectativa de 240 mil. O indicador se contrapôs ao payroll “fraco” de julho da sexta feira, o que juntamente com a expansão (+0,2%) dos estoques do atacado menor do que a esperada (+0,3%), também divulgada hoje, sugere exagero nos receios de um pouso forçado da economia dos EUA que assolaram os mercados entre o fim da semana passada e o início desta.
A busca por ativos de risco deslocou fluxo dos Treasuries para as bolsas, enquanto o dólar perdeu terreno para divisas mais arriscadas, como o real. À tarde, o dólar furou os R$ 5,60, para fechar em R$ 5,5741. Vale lembrar que no cenário de referência do Copom, cuja projeção de IPCA em 2025 é de 3,6%, o câmbio parte de R$ 5,55.