Os juros futuros fecharam perto da estabilidade nesta terça-feira (23). O impacto do recuo do dólar acabou neutralizando o efeito do avanço do rendimento dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano), mas a questão fiscal em aberto e expectativa pelos dados da semana, com destaque para os de inflação no Brasil e nos Estados Unidos na próxima sexta-feira (26), limitaram o ímpeto do mercado.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro 2025 encerrou em 10,085%, de 10,079% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 9,81% para 9,79%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 9,97% (9,98% ontem no ajuste) e a do DI para janeiro de 2029, em 10,39%, de 10,41%.
A terça-feira foi, de maneira geral, fraca para o mercado de juros. As taxas curtas seguiram coladas aos ajustes da última segunda-feira (22), dado que as apostas para o Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana parecem bem precificadas para um novo corte de 0,50 ponto porcentual da Selic, hoje em 11,75%.
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A ponta longa cedeu poucos pontos-base, com o mercado à espera de uma definição da questão da reoneração da folha e ainda digerindo mal o programa da nova indústria anunciado ontem pelo governo. Serão R$ 300 bilhões até 2026 para fomentar o setor, sendo R$ 250 bilhões bancados pelo BNDES. “Essa maior atuação do banco de fomento é mais um elemento que recomenda prudência no corte da Selic, dificultando quedas adicionais das taxas futuras”, afirma Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.
O resultado da arrecadação em dezembro, de R$ 231,2 bilhões, superou a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast (R$ 224,7 bilhões), mas não chegou a empolgar. “O cenário para 2024 permanece desafiador, visto que o cumprimento da meta fiscal depende de expansão das receitas em patamar muito acima da média histórica”, afirma o economista João Leme, também da Tendências.
A entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ontem à noite, ao programa Roda Viva, não teve grande repercussão nos negócios, mas a defesa enfática do debate em torno da política para a folha de pagamentos é vista com bons olhos. O chefe da equipe econômica disse que não vai se “deixar levar” por pressões, ressaltou que o diálogo sobre o tema está aberto com o Legislativo e afirmou ver chance de o impasse ser resolvido na próxima semana.
O estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, disse que Haddad está buscando uma saída na medida em que o governo precisa encontrar receitas para neutralizar o crescimento dos gastos e garantir a meta de primário zero este ano. “O Brasil não pode ter déficit”, alertou Mathias, que por outro lado lembra que a economia em 2024 deve crescer com base no consumo e na expansão da indústria, o que ajuda a arrecadação.
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Ele destaca que os ativos vêm passando nas últimas semanas por um processo de correção de exageros na precificação das apostas de corte de juros nos Estados Unidos, que devolveu a taxa da T-Note de dez anos a níveis acima de 4,10%, após ter caído abaixo de 4% em dezembro, mas que parece estar se esgotando. “A dinâmica da realização nos mercados globais provocou ajustes aqui também, mas no geral nada mudou e o cenário para a política monetária nos EUA segue positivo, com a curva americana bem ajustada agora para cortes em torno de 130 pontos-base em 2024”, comentou.